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18 anos vivendo na Alemanha – o que posso dizer

Última atualização do post:

vivendo na Alemanha diário de uma expatriada
Observando as montanhas - Imagem: Arquivo Pessoal

Já são 18 anos vivendo na Alemanha, muitas vezes nem acredito que já estou há tanto tempo aqui. Em breve, a maior parte da minha vida, estarei vivendo mais na Alemanha do que no Brasil. Ainda me lembro muito bem do dia, a data e o horário que cheguei. Acredito que nem todos se lembram do horário e da data que chegaram, mas para mim isso era e ainda é algo muito importante na minha vida. Meu marido até hoje sempre me abraça nesse dia.

Tudo que eu tinha

Me lembro desse dia chegando, simplesmente com uma mala bem grande e uma caixa com tudo que eu achava que era importante ter e deveria trazer. E com toda sinceridade era tudo que eu realmente tinha, coisas pessoais como roupas, sapatos ou melhor dizer havaianas e foi isso que trouxe e mais umas coisinhas que todo mundo traz para comer no meu caso doces e balas de cupuaçu. Como manauara sentiria muito falta disso e sabia que era algo que não encontraria aqui.

Me lembro também até que tive que esperar horas no aeroporto de Munique para sair, porque a minha mala não tinha vindo. E acredite estava bem nervosa, pois tive que ir ao balcão dar queixa da minha mala extraviada, e isso em um outro idioma. Mesmo falando o inglês, eu tinha vergonha de falar por medo de não falar direito. Mas aprendi que temos que tentar falar em qualquer idioma.

vivendo na Alemanha
Campo de canola – Alemanha – Imagem: Arquivo Pessoal

Adaptação vivendo na Alemanha

Sair do seu país, deixar sua família e cultura seja por amor ou simplesmente para ter melhores oportunidades não é fácil. Principalmente chegar em uma cultura completamente diferente da sua. Nós brasileiros somos bem acolhedores com qualquer pessoa e bem alegres, e isso é conhecido no mundo todo. Por isso não ter esse mesmo acolhimento no novo país é as vezes bem triste e surpreendente.

A minha adaptação eu diria não foi de um dia para o outro, e não acredito quando alguém diz que foi fácil. Na verdade, muitos não querem realmente dizer o que sentiram ou ainda sentem. Eu diria que só depois de cinco anos realmente comecei a me sentir mais adaptada. Porque já estava trabalhando e falando bem mais o alemão.

Mas graças a Deus hoje em dia eu posso dizer que estou muito bem adaptada na Alemanha. Não diria 100%, porque nesse caso eu teria que esquecer o Brasil, mas adaptada o suficiente para não pensar em voltar.

Mas um ponto forte dessa adaptação foi algumas coisas, que eu mesma ao longo do tempo fui fazendo, que era aceitar que essa era a minha nova vida no país e a minha nova casa.

Por que digo aceitar

Eu aceitei que não seria fácil fazer amizades, mas que não seria impossível. Eu conheço alemães não vou dizer que são amigos, mas são conhecidos e que são pessoas super legais.

Aceitei que eu estava no país dos outros, não no meu. Era eu que tinha que me acostumar com a cultura e costumes deles e não eles com o meu. Mesmo sendo muitas vezes difícil. Mas claro nunca esquecendo da minha cultura, pois tenho orgulho de ser amazonense e brasileira. Caso alguém falasse mal eu já estava defendendo o Brasil.

Também sabia que para eu me sentir integrada, teria que aprender o idioma. Muitas vezes ficava muito triste quando ninguém me entendia, e acabava nem querendo falar, mas com o tempo entendi que eu teria que falar, é aquele ditado “quem tem boca vai a Roma”. Então assim fui perdendo a vergonha e falava mesmo com erros e sotaque.

Sotaque brasileiro mesmo vivendo 18 anos na Alemanha

E por falar em sotaque, eu não tenho vergonha do meu sotaque. No começo até ficava sem graça quando alguém falava alguma coisa tipo “você tem sotaque”, mas com o passar do tempo não me importei mais e nem quero perder. Meu sotaque, faz parte de mim, faz ser quem eu sou. Não vejo motivo para perder, pois não tenho vergonha de onde venho. Nunca fui criticada pelos alemães por ter sotaque, quem faz isso são os estrangeiros, que na verdade nem deveriam criticar por ser um estrangeiro também, não é?

Mas posso dizer que mesmo hoje em dia falando muito bem o alemão e sendo naturalizada alemã, vou continuar sendo uma estrangeira aqui. Mas está tudo bem, não me sinto mal por isso e muito menos inferior a eles. E nunca fui discriminada aqui por ser uma estrangeira/imigrante, ao contrário sempre fui bem tratada tanto pela família do meu marido que me recebeu de braços abertos como por colegas de trabalho, pessoas que conheci nas academias e em outros lugares.

vivendo na Alemanha
Um dia de neve na Baviera – Imagem: Arquivo Pessoal

O inverno é deprimente

Também tive que me acostumar que os dias são mais frios que quente. E o inverno é muitas vezes deprimente. Deixa a gente bem pra baixo mesmo.

Até mesmo os alemães acostumados com o frio sofrem nessa época com depressões. Mas graças a Deus meu marido (que é alemão) sempre esteve do meu lado para me colocar para cima, quando muitas vezes batia a saudade do Brasil e da família. Sem esse apoio teria sido bem difícil se adaptar aqui.

Mas mesmo depois de tanto tempo, as vezes bate a saudade sim. Principalmente quando chega as épocas de natal, aniversário ou quando você ouve alguém dizer que está indo para um aniversário, casamento e etc.

Sobre o inverno o que posso falar é que aprendi a usufruir dessa época. Amo os dias com neve e de ver a neve cair do lado de fora. Também gosto muito de passear com a minha família pela floresta toda branca. E claro de andar de trenó, até ganhei um de presente do meu marido, pois ele sabe o quanto eu queria ter um.

Cresci muito nesses 18 anos vivendo na Alemanha

Por exatamente aceitar e aprender com tudo isso, por não idealizar muito a vida no exterior e nem na Alemanha hoje em dia posso dizer que a Alemanha é a minha casa, é meu lar. Quando eu penso em voltar para casa, penso na Alemanha.

Nesses 18 anos vivendo na Alemanha cresci, aprendi e continuo aprendendo muitas coisas. Aprendi a valorizar mais ainda o meu país, a minha cultura, aprendi a lidar com as saudades, conheci muitas pessoas, e isso tudo em uma outra cultura e idioma que não falava antes. Continuo aprendendo o alemão, pois acredito que vou aprender para vida a toda, rsrs.

Nunca me arrependi de vir para a Alemanha, e não acho que deixei tudo para trás, eu vim porque eu quis, porque essa era a minha vida e a minha escolha. Então não renunciei nada.

Brasil minhas raízes – Alemanha meu lar

Me sinto feliz aqui ao lado do meu marido e do nosso cachorrinho (nossa pequena família). Costumo dizer minha casa é onde está a minha família. Já estou bem “alemanizada”, até meu marido diz que eu sou mais alemã que ele, será? As vezes me acho e me pego sempre com algumas atitudes alemães, rsrs.

Portanto o Brasil sempre será minha casa, é onde estão as minhas raízes, minha família, é meu país, mas a Alemanha é o meu lar. Se ficaremos aqui para sempre não sei, mas bem que gostaria de conhecer uma nova cultura, seria bem interessante, dessa vez não só eu seria nova no país mas o meu marido também, seriamos dois estrangeiros aprendendo uma nova cultura. Estaria até mais preparada.

Que tal me seguir nas redes socias para ver mais sobre a Alemanha? Nos meus perfis do Instagram abaixo, sempre estou postando sobre os lugares e dicas da vida na Alemanha. Será uma prazer ter vocês lá.

Leiam aqui outros textos da autora

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Khennia

Sou a Khênnia, moro na Alemanha há mais de 20 anos. Trabalhei em diversas áreas de moda, turismo e administração. Por viver há tanto tempo na Alemanha que já considero minha casa e saber dos desafios de imigrar para um novo país, ofereço Consultoria de Realocação para quem está vindo morar na Alemanha ou simplesmente esta buscando mais informações sobre o país. Compartilho aqui tudo sobre a vida na Alemanha. Caso precise de um auxílio, entre em contato comigo. https://linktr.ee/guiamunich.consultoria

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