Na sociedade em que vivemos, muitas vezes a comunicação não é apenas sobre o que falamos, mas sobre como falamos e, especialmente, sobre o poder implícito que nossas palavras podem carregar. Em muitas interações, um tom de “poder sobre” pode surgir sem que percebamos, criando distâncias, mal-entendidos e, eventualmente, desconexões emocionais entre as pessoas.
A comunicação, quando carregada de “poder sobre”, reflete a ideia de tentar controlar, manipular ou exercer autoridade sobre o outro, desconsiderando suas necessidades e sentimentos. Esse estilo de interação não só diminui a confiança nas relações, mas também pode gerar um ambiente tóxico, onde as vozes dos outros são silenciadas ou desvalorizadas.
Neste artigo, vamos explorar como o “poder sobre” se manifesta nas nossas interações diárias e como podemos transformá-lo para criar relacionamentos mais saudáveis, baseados na colaboração e no respeito mútuo, por meio da Comunicação Não Violenta (CNV).
O que é o “poder sobre”?
Antes de mais nada, trata-se de um modelo de comunicação que nasce de uma mentalidade de controle. Quando adotamos esse estilo, inconscientemente procuramos exercer uma posição de superioridade sobre outra pessoa, seja em nossas relações pessoais ou profissionais. Sendo assim, esse comportamento pode se manifestar de várias formas sutis, como em um comentário aparentemente inofensivo ou numa decisão unilateral em um grupo.
Exemplos de “poder sobre” em nosso dia a dia:
. Interromper constantemente: ao não deixar que a outra pessoa conclua o que está dizendo, estamos, sem querer, impondo nossa voz sobre a dela, desvalorizando sua opinião.
. Impor uma solução sem diálogo: “Porque eu sei o que é melhor para você”. Ao tomar decisões por outra pessoa, sem consultar suas necessidades ou pensamentos, nós anulamos sua autonomia.
. Minimizar sentimentos: “Não é tão grave assim” ou “Você está exagerando”. Ao invalidar o que o outro sente, estamos dizendo que seus sentimentos não têm valor.
. Falta de espaço para a voz do outro: tomar decisões em grupo sem abrir para sugestões ou críticas pode criar um ambiente de controle, em vez de colaboração.
Essas atitudes, mesmo que pequenas, têm um grande impacto. Em outras palavras, elas criam um desequilíbrio no relacionamento, gerando um ambiente onde uma pessoa se sente superior ou mais importante que a outra. Quando esse padrão se repete, a confiança se quebra, e o relacionamento se enfraquece.
Transformando o “poder sobre” em “poder com”
A boa notícia é que podemos mudar essa dinâmica. A Comunicação Não Violenta (CNV), criada por Marshall Rosenberg, propõe, assim, uma abordagem mais empática e colaborativa, onde a comunicação se baseia no entendimento e no respeito. Além disso, a CNV ensina a transformar o “poder sobre” em “poder com”, um conceito onde as interações são feitas em busca de uma solução conjunta, respeitando as necessidades de ambas as partes.
No modelo de “poder com”, a colaboração e a escuta ativa são as bases. Em vez de impor ou controlar, buscamos entender e respeitar o outro, reconhecendo suas emoções e criando um espaço de diálogo e co-criação.
Como a Comunicação Não Violenta pode ajudar a transformar suas interações?
A CNV, acima de tudo, nos oferece ferramentas poderosas para mudar a forma como nos comunicamos, tornando nossas interações mais saudáveis e equilibradas. Veja como podemos aplicar os quatro componentes da CNV para transformar o “poder sobre” em “poder com”:
1. Observação sem julgamento:
O primeiro passo é observar o que está acontecendo na situação sem fazer julgamentos. Ou seja, em vez de dizer “você está errado”, diga “notei que você fez X”, separando fatos das interpretações. Isso cria um ambiente mais seguro para o outro expressar-se sem sentir que está sendo criticado ou controlado.
2. Expressar sentimentos:
Em vez de dizer “você me deixou irritado”, podemos dizer “eu me sinto frustrado porque…”, falando sobre como nos sentimos sem culpar o outro. Isso permite que a outra pessoa entenda como suas ações impactaram você sem se sentir atacada.
3. Identificar necessidades:
Quando nos comunicamos de maneira não violenta, devemos focar nas necessidades que estão por trás dos nossos sentimentos. Por exemplo, se você está frustrado porque alguém não está ouvindo, sua necessidade pode ser de ser ouvido ou respeitado. Identificar e comunicar essas necessidades facilita o entendimento mútuo e cria espaço para soluções colaborativas.
4. Fazer pedidos claros:
Ao invés de exigir ou impor algo, a CNV nos ensina a pedir de maneira clara e específica. Por exemplo, em vez de dizer “faça isso agora”, você pode dizer “você poderia me ajudar com isso até o final do dia, por favor?” A clareza no pedido é essencial para criar uma conversa aberta e respeitosa.
Benefícios de adotar a Comunicação Não Violenta
Quando adotamos a Comunicação Não Violenta, não apenas evitamos o “poder sobre”, mas também começamos a cultivar relacionamentos mais autênticos e profundos. Vejamos alguns dos benefícios dessa abordagem:
. Maior confiança: quando as pessoas se sentem ouvidas e compreendidas, certamente a confiança no relacionamento cresce.
. Conexões mais saudáveis: em vez de disputas de poder, surge, em contrapartida, um espaço de colaboração, onde as necessidades de todos são respeitadas.
. Menos mal-entendidos: sem dúvida, a clareza na comunicação reduz as chances de interpretações erradas e cria um ambiente mais harmonioso.
. Maior satisfação nas relações: finalmente, com menos tensão e mais respeito, as interações se tornam mais gratificantes.
O poder da comunicação consciente
Sem dúvida, nossa comunicação é uma ferramenta poderosa. Quando escolhemos usar essa ferramenta para construir pontes, em vez de erguê-las, transformamos nossas interações e criamos um mundo mais empático e colaborativo. Te convido a ler mais sobre esse tema intrigante, clicando aqui.
Adotar a Comunicação Não Violenta é um passo significativo na construção de uma vida com mais equilíbrio, compreensão e respeito. Ao passar do “poder sobre” para o “poder com”, nossas relações se tornam mais saudáveis e nossas vidas, mais leves.
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Olá! Eu sou Beatriz Setto Godoy, mais conhecida como Bia.
Uma ítalo-brasileira, apaixonada pelo mundo: por conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes.
Tenho formação em Administração, Psicanálise, em Comunicação Não-Violenta e em Programação Neurolinguistica.
Sou uma arquiteta de pessoas especialista em comunicação assertiva.
Facilito treinamentos na área de comunicação, atendimento, liderança com o foco em criar conexões e melhorar o clima organizacional adquirido nos meus 20 anos de CLT.
Com minha experiência de vida ajudo pessoas do mundo todo a se conhecerem para viverem com leveza e sentido.
Realizo atendimentos psicoterapêuticos em português e inglês.
Criei o Podcast Conecte-se com a sua Jornada, escrevo como colunista de um Blog para expatriadas e para uma revista Espanhola sobre bem estar, a Therapies Magazine e também, sou escritora de livros.
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