A decisão mais importante ao mudar de país com a sua família, na minha opinião, é a decisão de mudar. Mas não de mudar de país!!! Não, não! A decisão de sair de sua pátria na verdade é até bem tranquila, pode chamar de caminho, sina, voltar pra casa – algumas pessoas se sentem assim, voltando para um lugar que ainda não conheceu.
Eu chamo de destino. Sempre soube, dentro de mim, que um dia iria mudar de país. Desde adolescente. Sei lá porque, mas eu sabia! Sempre falava para o meu marido, tentando plantar a sementinha da vontade de mudar na alma dele. Não foi fácil e nem rápido. No entanto, como eu quis e o destino assim desejou, ele também aceitou.
Não podemos deixar o medo nos travar
Claro que fiquei com medo! Quando compramos a passagem só de ida, morri um pouquinho por dentro, um misto de pavor e excitação. Quando vendi o primeiro item da minha casa, quase desabei. Ninguém nunca disse que seria fácil e eu nem esperava que fosse. Mas estava determinada e sabia, dentro de mim, que seria bom para nós, para meus filhos.
Porém, essa também não foi a parte mais difícil. O que é difícil mesmo é mudar a nossa cabeça, mudar nossa mentalidade para poder usufruir o melhor que a mudança tem a nos oferecer.
São vários os motivos que nos fazem mudar de país
Quantas vezes ouvi, aqui nos EUA, pessoas me contando que saíram do Brasil por quererem uma vida melhor, dar uma vida melhor para os filhos, por quererem morar em um lugar onde as pessoas têm mais noção de comunidade, onde as pessoas são mais educadas. Vi também essas mesmas pessoas fazendo, no seu novo lar, exatamente a mesma coisa que criticava nos seus compatriotas.
Claro, que é válido ir atrás de uma vida melhor! Eu mesma, vim para a América para ter um pouco mais de cada um desses itens que citei. Mas, veja bem! Não adianta você mudar de lugar e trazer a sua bagagem junto. Todos nós temos na bagagem vícios, nossos vícios brasileiros. Aquele jeitinho maroto, de quem faz tudo o que precisa fazer, custe o que custar.
Aquela buzinadinha pro carro da frente, quando não estamos de bom humor, aquele papel de bala jogado no chão pra não melecar a bolsa, aquela estufada na pancinha na fila preferencial da Renner, pois a fila normal está enorme e estamos atrasados. Sim temos, e não é síndrome de vira-lata não, é a realidade. Eu também tenho muitos vícios e não é fácil admitir.
Decidi mudar para melhor
Por isso, quando mudei de país, decidi também ser uma pessoa melhor. Sair da zona de conforto. Já que eu ia mudar, caramba, porque não fazê-lo de verdade. De que adianta eu sair da minha pátria em busca de uma vida diferente se eu mesma não mudar?
Troquei de país, redefini minha vida, redirecionei minha carreira. Tudo o que eu não tive coragem de fazer no conforto da minha pátria, eu fiz aqui. Me tornei uma pessoa mais forte, mais segura, menos tímida, até mesmo mais educada. No Brasil eu já estava tentando, o processo estava indo aos poucos, devagarinho. Aqui foi chute no balde. Mentalidade novinha em folha. Como se a minha vida tivesse saído do Off para o On. Reset total.
Confesso, que foi mais fácil estando longe. Não tinha a minha amiga me chamando no Home Office pra tomar café no meio da tarde. Não ia ter que encontrar o colega de escola na fila do pão dizendo que viu meus stories, ou a namorada do amigo do tio da minha vizinha fazendo piadinha porque divulguei meu trabalho em vídeo.
Reconstruir e se reinventar
Você deve estar pensando: ah Fernanda! Ninguém tem nada a ver com a sua vida? Mas quem disse que é a lógica que guia as nossas ações? São as emoções que jogam duro dentro da gente. E quando você deixa tudo para trás, você também deixa as suas emoções em frangalhos e é na recuperação que você consegue enxergar com clareza, colocar peça por peça e deixar sua vida em ordem. Redescobrir o propósito de ter feito tudo o que fez e se transformar por completo.
Mas isso, só acontece quando queremos. Quando decidimos sermos melhores. Sem essa vontade de evoluir, ficamos no mesmo lugar, mesmo do outro lado do oceano
Mude por completo e valerá a pena
Se você sonha e pensa em mudar de país. Planeje mudar a si mesmo também. Pense e deixe para trás, tudo que você não gosta em você mesmo, procrastinação, preguiça, vergonha, e tantos outros costumes que nos impedem de ser aquilo que queremos ser, nossa melhor versão.
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Casada, mãe do Luca e do Noah, empresária, moro em Miami e amo viajar.
Trabalho em home office e minha agência ajuda pessoas a transformarem suas paixões em infoprodutos.