Estava tudo pronto para eu nomear esse texto como: “A retomada do novo normal nas Filipinas “, pois nos últimos dois meses, vínhamos tendo mudanças positivas e, aos poucos nossa liberdade sendo devolvida. Mas, no dia 4 de agosto, voltamos para o estágio dois de lockdown, devido aos altos números de casos na nossa região. Sendo assim, nos próximos parágrafos, compartilho com vocês como está sendo a pandemia nas Filipinas.
O COVID-19
O vírus já era um assunto frequente, no início do ano, principalmente entre os pais dos colegas dos meus filhos. Soubemos então, do primeiro caso nas Filipinas: uma estrangeira que havia chegado de viagem no final de janeiro. Poucas semanas depois, no dia 7 de Março, foi confirmado o primeiro caso de transmissão local. E foi aí que a minha ficha começou a cair.
O Lockdown
Após a confirmação desse caso, o presidente Rodrigo Duterte mandou fechar as escolas por uma semana. Confesso que fui extremamente otimista e achava que isso seria questão de semanas, no máximo um mês. Mas,no dia 16 de Março iniciou o lockdown na ilha de Luzon e abaixo explico os estágios propostos pelo governo federal.
ECQ – o mais restrito
Estágio 1 – Enhanced Community Quarantine – Somente uma pessoa pode sair de casa, portando um documento, emitido pela autoridade local, chamado “Passe de Quarentena”. Crianças, idosos, pessoas com comorbidades são proibidos de sair de casa, sob qualquer circustância. É proibido também, se exercitar na rua, apenas sair para compras essenciais: portanto apenas comida e remédios. Além disso, nenhum tipo de transporte público esta autorizado. Toque de recolher às 20h.
Meus filhos são muito ativos, como qualquer criança saudável. Ficamos dois meses nesse estágio e foi extremamente difícil mantê-los em casa nesse período. Entre as aulas no Zoom, fazíamos ginástica na sala, montávamos lego no quarto, fazíamos pão, bolo, íamos na sacada para pegar sol, fazer bolinha de sabão, lavar os vidros, etc. Acima de tudo, o mais importante era inventar algo todos os dias.
M-ECQ – Restrito, porém economicamente melhor
Estágio 2 – Modified Enhanced Community Quarantine – Ainda somente uma pessoa poderia sair de casa, para compras essenciais. Os shoppings reabriram, assim como os salões de beleza, esse último apenas para cortes de cabelo. Os meus filhos poderiam sair para se exercitar em determinados horários mas ainda não eram aceitos em locais fechados. Enquanto isso, o toque de recolher era às 20h. Ficamos 15 dias em M-ECQ e retornamos por mais 15 dias agora em agosto.
GCQ e M-GCQ – o novo normal
Estágio 3 – General Community Quarantine – Liberada a saída de mais membros da família, crianças, idosos, grupos de risco, podem ir no shopping, cortar cabelo, comer em restaurantes e se exercitar em qualquer horário. A piscina do condomínio reabre para utilização, mediante reserva. Alguns meios de transporte públicos, voltam a funcionar. Toque de recolher às 22h. Ficamos dois meses e meio em GCQ e aproveitamos muito. Todos os dias íamos na piscina e saíamos para andar de bicicleta.
Estágio 4 – Modified General Community Quarantine – Academias e escolas podem funcionar,mas com número reduzido de pessoas. Restaurantes podem funcionar com mais clientes, salões de beleza podem oferecer outros serviços da mesma forma que mais esportes são liberados. Por outro lado, o Metro Manila ainda não entrou em M-GCQ.
As informações acima estão resumidas. Caso tenha interesse em consultar no detalhe veja neste link.
Parece organizado
Lendo todas essas informações você pode pensar: Nossa, que organizado! Mas nem sempre é. As autoridades locais não se comunicam com o exército, um manda ir pra casa e o outro diz que pode sair, enfim, encontramos alguns impasses.
No dia 01 de Junho, quando entramos na GCQ e eu enfim poderia levar os guris para a rua de acordo com as novas regras, fui “expulsa” de um dos parques por um carro de som do Exército. Inclusive dei uma entrevista para a ABS-CBS, falando sobre o acontecimento. Hoje é motivo de risada, mas aconteceram abusos de autoridade mais sérios no nosso bairro.
Sendo uma expatriada durante a pandemia
Considerando, que mudamos para a Manila, na última semana de dezembro, virei uma expatriada no meio da pandemia. Não existem momentos fáceis. Existe um esforço grande para manter a vida o mais normal possível e, existe a culpa, culpa de deixar a TV ligada mais tempo, videogame, de jantar sanduíches, e não me cuidar como queria e, de perder a paciência, etc. A lista é extensa.
O lado bom, é que temos um grande suporte da escola dos guris. As professoras, conseguem dar atenção quase que exclusiva para cada um deles e temos o feedback das aulas por whatsapp sempre que algo vai muito bem ou muito mal.
Outro ponto positivo é que nossa família ficou mais unida. Conseguimos fazer todas as refeições juntos e, algo tão simples, se tornou especial. Eu acho que lembraremos desses momentos por muitos anos ainda.
Aprendendo a conviver com o inimigo
Como falei no início do texto, o M-ECQ irá até o dia 18 de agosto em Metro Manila. Porém, quando os números de leitos nos hospitais, começarem a ficar cheios, a tendência é dar esse “passo para trás”. Então teremos muitos altos e baixos ainda.
Seguindo o meu mantra de viver um dia de cada vez, sigo valorizando o simples e amenizando o ruim. O importante agora, é nos mantermos seguros, tanto livre do vírus, quanto mentalmente saudáveis.
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Sou a Carol, tenho 36 anos, sou mãe de dois guris maravilhosos: o Pedro Henrique e o Lucas Anakin. Tenho formação acadêmica em Secretariado Executivo e atuo na minha área como servidora pública do Estado do RS, ou melhor, atuava, até dezembro de 2019, quando eu e minha família nos mudamos para Manila, nas Filipinas.