Desde criança que escuto da minha mãe: “Parece que tem bicho carpinteiro no corpo!!”. Não que eu fosse uma criança bagunceira ou hiperativa, pelo contrário! Eu era uma criança tranquila, obediente mas estava sempre querendo fazer algo, falando, perguntando. E minha mãe volta e meia dizia: “Sossega, menina! Parece que tem bicho carpinteiro!” Nem sei se tal bicho existe em algum lugar além da imaginação de minha mãe!
Mas sabe que acho que ela tem toda a razão?! Afinal, quem é que mal chega em um país e já quer comprar uma casa? Imagina: Você acabou de mudar de país, esta começando uma nova fase de vida profissional, nem sabe se vai se adaptar, não sabe nem mesmo como autenticar uma simples assinatura! Mas quer porque quer comprar uma casa!!!
Diferentemente das pessoas que já chegam a Portugal a procura de um imóvel para obter o Golden Visa – para assim ter direito a morar na Europa e, alguns anos depois, iniciar o processo de aquisição de cidadania portuguesa, eu queria um apartamento normal, básico para os padrões portugueses.
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Chris, por que você queria tanto comprar uma casa?
Definitivamente, chegar à Portugal com um bom (arrendado, aqui), sem precisar pular de Airbnb em Airbnb até encontrar um lugar definitivo fez toda a diferença na nova vida. Como era um bom apartamento, em uma boa área muito rapidamente me despertou a curiosidade de pesquisar quanto aquele imóvel valia. Bingo! Então naquele momento meu bicho carpinteiro acordou! Eu descobri que o valor era muito atrativo e possível, principalmente ao analisar os valores de financiamento. Eu descobri que o valor que eu pagaria na prestação de financiamento era menor do que o que pagava no aluguel (arrendamento, aqui).
E assim começou a minha jornada de compra da casa. Mergulhei fundo. Comecei a pesquisar preços, regiões e opções de financiamento. Fiz reuniões em diferentes bancos. Visitei inúmeros apartamentos. Qual era o “x” da questão? A condição híbrida: eu morava e trabalhava em Portugal há pouquíssimo tempo, logo não tinha ainda histórico e credibilidade como portuguesa. A opção era ser analisada pelos rendimentos e patrimônio do Brasil, o que me colocaria na posição de estrangeira, com piores condições de financiamento.
Resumo da Ópera
Depois de muita procura, muitas visitas, muitas reuniões e conversas com muitas pessoas consegui montar o meu grande quebra-cabeças e comprar o meu apartamento. Mas foi uma jornada de mais de um ano entre o primeiro anúncio e a assinatura da escritura.
Se valeu à pena? Sim, sem dúvida. Todas as pessoas devem comprar uma casa ou invés de alugar? Não necessariamente.
Pra mim, comprar a casa era algo que fazia total sentido. Primeiramente do ponto de vista pessoal, pois eu amo ter a minha casa do meu jeito, pôr algumas paredes abaixo e pintar as que ficaram de pé – do meu jeito, ao meu gosto. E do ponto de vista financeiro também fazia muito sentido, uma vez que eu pagaria menos ao banco do que eu pagava ao senhorio.
Mas cada pessoa, cada família tem uma motivação própria e uma auto-avaliação profunda deve ser o ponto de partida para começar a procura pela casa nova: Por que? Por que quero comprar? Qual o sentido que isto faz? Que lacunas emocionais e racionais esta compra preenche? Só depois é que localização, exposição solar, escolas, comércio, transporte público e preço devem entrar nesta equação.
Então, tem algum bicho carpinteiro por aí?
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Otimista por natureza, moro em Portugal há 3 anos e sou fundadora da HOMERRY, uma plataforma de serviços imobiliários.
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