Quantas mulheres brasileiras expatriadas existem nesse mundo afora! E pensando nisso, resolvemos criar uma seção no site a fim de conhecer e conversar com brasileiras que moram fora do país, seja por decisão própria ou por estarem acompanhando seus companheiros que se deslocam por conta do trabalho.
Brasileira expatriada
E a primeira entrevistada para a nossa seção Entrevistas vive na Turquia, tendo antes morado também em outros países. Espero que vocês gostem do nosso bate-papo informal com Regiane Legras, de São Paulo. (Entrevista feita com a editora e colaboradora Débora Pedroni).
DP: Conte um pouco sobre você.
Sou a Regiane Valadares Legras, minha família é nordestina e paulista, tenho 42 anos, casada, mãe de duas adolescentes (Marina e Mariane) e formada em saúde e educação, com mais de 20 anos de experiência e reconhecimento. Sendo enfermeira e professora, tinha minha realização profissional.
DP: Como foi parar aí na Turquia?
Meu marido estava em uma oportunidade de trabalho há cinco anos no Brasil , e assim nos conhecemos. Após esse período, ele teve a possibilidade de voltar ao seu país (França). Mas foi após uma perda familiar, e depois de muito diálogo, que resolvemos ir morar na França: um país incrível, lugar onde tive oportunidade de crescer, amadurecer pessoalmente e onde iniciei as minhas mudanças. Não foi fácil, mas preciso. Posteriormente, fomos para a Polônia. Um país incrível e repleto de desafios, onde tive que estudar a língua e desapegar dos vínculos familiares. À época, já escrevia para um blog de brasileiras pelo mundo.
Neste momento estamos na Turquia, mais precisamente em Istambul, e cada lugar tem um grande significado e um desafio para mim. Mas eu e meu marido seguimos juntos nos apoiando e com cumplicidade e com oportunidades a descobrir. Algumas pessoas falam da dificuldade de ser co-expat, mas confesso que é uma fase ímpar para as descobertas e principalmente de conhecimentos de aprendizados pessoais e, por que não falar, profissionais.
DP: Seus maiores desafios e barreiras a serem quebradas com todo esse processo de mudança de vida e país. Precisou se reinventar muito?
O maior desafio, eu continuo acreditando, que seja a ausência da família. Independente de onde estamos eles são nossas raízes. O Brasil e o acalento familiar fazem falta! Fiz do meu maior desafio (morar longe da família) um instrumento para me fortalecer. Comecei escrevendo (minha paixão de infância), posteriormente iniciei a administrar conta do Instagram do Mães mundo afora – além de rede de apoio, plataforma colaborativa de mães e educadoras pelo mundo, onde a preocupação e criação dos nossos pequenos brasileirinhos é valorizada e o português é a nossa língua de herança. E hoje posso usufruir da realização de tantas mulheres iluminadas e grandiosas, fazendo parte da curadoria e divulgação da Coletânea Reedificações.
DP: Como se deu ou está sendo a adaptação dos membros da família?
A mudança com filhos na fase da adolescência é muito complicada, pois é uma fase intensa e nenhum país vê a humanização e o apoio como no Brasil. Mesmo em colégios internacionais, a dificuldade foi imensa.
DP: De que forma você se preparou para essa mudança? Pesquisou antes sobre o lugar, contatou brasileiros que vivem no país, buscou informação nas embaixadas?
A parte burocrática foi toda realizada pela empresa. Fomos a uma viagem de descoberta para conhecer o país, cultura, pontos turísticos e informações sobre o que nos era de suma importância. Quando voltamos para morar, somente procuramos a moradia. A empresa do meu marido faz um bom trabalho de apoio aos expatriados juntamente com o recursos humanos.
DP: O que você faz hoje na Turquia?
Hoje eu estudo muito, me dedico a trabalhar com redes sociais para divulgação e elaboração de conteúdo. Participo da plataforma colaborativa Mães mundo afora como coordenadora de mídias sociais e relações públicas do site, e curadoria da coletânea Reedificações.
DP: E prá concluir, que dicas ou mensagem deixaria pra quem pretende começar uma nova etapa da vida como expatriada?
Antes de mudar, faça uma limpeza interna, o ” desapego” não é fácil mas se faz necessário para iniciar um novo desafio. Não tem como viver em corpo físico em um lugar e a mente em outro. Faça sua lista de prioridades; você é a pessoa em questão, então saiba o que você almeja. Não crie expectativas, pois assim tudo que acontecer vai te surpreender. Pesquise sobre o local mas ouça sempre várias opiniões, até porque cada rede de apoio irá descrever de uma determinada maneira (ninguém é dono da verdade).
Sempre vá de coração aberto: se der certo, ótimo; se por alguma circunstância não for assim, o seu lugar estará sempre de braços abertos: o Brasil é sua raiz. Tenha em mente que quando saímos da zona de conforto, já estamos na desvantagem, então ocupe seu tempo e acredite em você! Não será fácil, mas irá valer a pena. No mundo irá encontrar obstáculos, mas para cada um terá um mundo de oportunidades para se descobrir.
O Diário de uma Expatriada agradece imensamente a entrevista concedida a Debora Pedroni, e desejamos muito sucesso na sua caminhada, Regiane Legras!
Sou Debora, carioca de Niterói e moro na Croácia. Trabalho como produtora de conteúdo e redatora em redes sociais, sites e blogs. Sou também professora de línguas (inglês e português para estrangeiros) e tradutora EN-PT).
Antes dessa mudança total em minha vida de expatriada, trabalhei como professora de inglês em diversas escolas de línguas no Brasil e também em empresas com a Petrobras e Vale do Rio Doce. Fui recepcionista bilíngue em eventos voltados a plataformas de petróleo e gás. Viajei o mundo e conheci os 5 continentes e mais de 60 países, a bordo de navios de cruzeiro da empresa Royal Caribbean, onde era recreadora infantil.