Meu irmão e eu somos os primeiros netos a requerer a cidadania italiana, 159 anos depois do nosso tetravô Giovanne Folador ter saído da cidade de Borso Del Grappa na Itália, rumo ao Brasil. Honramos aos nossos ancestrais pela nossa origem, por todos os desafios e lutas que eles viveram e enfrentaram, e que originaram nossa família. Ter estado no lugar onde eles nasceram e resgatado toda a história foi uma imensa honra.
Como dizia Carlos Santini a todos os descendentes: “SOMOS ITALIANOS DESDE QUE NASCEMOS”. A cidadania italiana não é uma concessão e nem um presente, é um direito que nasce com cada um de nós (obviamente cumprindo os requisitos legais).
Essa mudança de mentalidade é essencial para nossa italianidade. A cidadania não deve ser um fim e sim um meio de resgate da nossa historia familiar.
A minha saga pelo reconhecimento da cidadania italiana
A minha saga começou em maio de 2016 com a procura dos documentos dos meu avós paternos até chegar ao antepassado italiano, que no meu caso, foi o tetravô por parte da minha avó mãe do meu pai.
Busquei em exatos 38 cartórios! Depois de muitos e-mails e telefonemas trocados, taxas pagas a busca foi feita. Foi preciso o raciocínio de uma suposta data, pois a maioria dos cartórios só faz busca de 10 em 10 anos e você tem que fornecer a data, mês , o ano e o nome completo do antepassado para que a busca seja realizada.
Ninguém da família sabia alguma coisa com exatidão para me ajudar ou me guiar nessa busca. Meus avós, que poderiam me ajudar, faleceram ambos em 2010, minha avó em novembro e meu avô 60 dias depois.
Como organizei essa busca sozinha
Todas as certidões precisam ser em inteiro teor, além de ser necessário a certidão de: nascimento, casamento e óbito de cada um que liga a árvore até o italiano que deu à origem.
Comecei pela minha certidão, a do meu pai e da minha avó que eu já sabia onde estavam. Como na certidão de inteiro teor constam todos os detalhes, desde o nascimento até o óbito, a partir de cada uma que chegava eu buscava pela próxima, sempre seguindo as informação da certidão que tinha em mãos.
Assim fui montando a árvore. Anotando cada cartório que eu já havia feito a busca e passando para o próximo. Importante ressaltar que naquela época haviam muitos cartório que faziam parte de uma cidade e que hoje não fazem mais. Os documentos foram transferidos e algumas dessas ramificações dos antigos cartórios e podem chegar a possíveis outros oito, então é preciso buscar em um por um.
A última certidão, a do tetravô italiano, foi outro desafio. Fomos pessoalmente a cidade onde ele nasceu, Borso del Grappa – Itália. Só falávamos o básico da língua italiana, porém a força que nos guiava, era poderosa e conduziu nossos corações, nos levando exatamente ao lugar onde deveríamos ir.
Recordação e agradecimento
À minha avó Anair, à bisavó Amália e ao tataravô Pietro Folador, gratidão pela herança que me deixaram! Através deles se abriram as portas à oportunidade de vida na Europa e que dará um futuro brilhante aos meus filhos.
Ao meu paizão, sou grata pelo apoio e força que me deu, respeitando minhas escolhas. Obrigada por nunca me pedir que desistisse, nunca diminuir meu sonho e aceitar minhas escolhas com muita alegria como se fossem suas.
À minha mãezinha, gratidão por sempre me apoiar e me acolher, vibrando e comemorando com cada conquista. Com jeito amável de boa ouvinte que sempre me diz: -não se preocupe, vai passar! Faz parte, seja forte e vamos orar que vai dar tudo certo!
À minha sogra pelas orações e promessas que fez, o que fortaleceu nossas pernas e, cedeu o ombro amigo durante essa caminhada. Ao meu marido, que foi o idealizador de tudo, e que, como sempre, oportunizando o melhor da vida!
Uma recordação da história da nossa família. A última foto é uma placa da cidade na Itália onde eles nasceram, com os nomes dos antepassados da nossa família que serviram e morreram na guerra.
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Casada há 21 anos, 39 anos, Mãe da Zoe (5 anos) e do Hiram (9 anos). Ex bancária, formada em Contabilidade, ex-sócia e proprietária da empresa Brazil Country Boots, fui por 3 anos Travell Planer na agência de viagem hm miles and tour e atualmente estou em transição de carreira em Dublin na Irlanda.
Com experiência e memórias de 5 países onde morei e tenho na bagagem: Itália, Inglaterra, Austrália, Portugal e atualmente Irlanda. Venho compartilhar com vocês experiências de mãe para mãe e a vida de uma expatriada pelo mundo.
Respostas de 2
Uau! Parabéns pela determinação! Eu já pensei em fazer o mesmo! Pois sei que meus tataravós vieram de Italia também! Meus bisavós falavam bem enrolado! Já minha avó falava um pouco arrastado! Enfim, as informações eram bem picadas! E provavelmente se eu quisesse ir atrás seria a mesma saga! Parabéns pela conquista!