Quando vim morar na Croácia, em 2011, não sabia falar um “oi” na língua local. Não tinha ideia se a língua era fácil ou difícil, se eles falavam alguma coisa de inglês, italiano ou outro idioma qualquer.
Sempre tive aptidão pra línguas, já que sou professora de inglês há mais de 20 anos. E, aprender um novo idioma não seria um grande dilema, a meu ver. Mesmo eu nunca tendo escutado croata na minha vida, entendi que precisava me empenhar pra aprender a língua e dialeto falados aqui em Split, cidade onde vivo.
Os primeiros meses, confesso que me comportava como turista. Falava mesmo inglês com as pessoas, não me preocupava em aprender ou praticar. Porque, pra ser sincera, a mudança em si já estava sendo uma novidade e eu priorizei a minha daptação ao ambiente antes de qualquer coisa.
Quando surge a necessidade
Com o meu marido em casa, eu sempre estive á vontade para falar inglês, estava na minha zona de conforto e quando precisava falar croata, ele falava por mim. No entanto, ele viajou pela primeira vez desde que havia chegado a Croacia, e eu ficaria sozinha numa casa enorme, cercada de oliveiras e pinheiros por todos os lados.
E, ainda por cima, num vilarejo onde NINGUÉM falava ou entendia algo que não fosse a língua croata. O que fazer entao? Meter as caras nos estudos e aprender de vez essa lingua, porque até pra gritar HELP eu ia precisar saber como se diz isso em croata!
Foi então que me matriculei num curso oferecido pela Faculdade de Filosofia da cidade e percebi que não só eu, mas muitos outros estrangeiros, tinham a necessidade de aprender croata. Dessa forma, me empolguei e comecei a estudar pra valer, aproveitando que estava exposta a lingua a todo momento.
Usando a língua no dia a dia
Por eu saber inglês fluente e, trabalhar como professora da língua, eu sempre me apoiei nesse fato. No entanto, quando percebi que falar croata a maior parte do dia, seria ideal pra eu avançar, e me comunicar, além de me sentir inserida culturalmente e socialmente, tive resultados incríveis.
Por ficar sozinha a maior parte do tempo (por seis meses, digamos assim), eu precisava começar a me virar no básico, como andar de ônibus, ir a mercado, comprar comida, ler o que estava escrito nos mercados e prateleiras, ir a médico, e, principalmente, à polícia.
E por que a policia? Quem chega do Brasil dá de cara com a famosa e chata burocracia croata. E mesmo no setor destinado aos estrangeiros ( o que imaginamos que seremos atendidos em inglês) é um estresse total. E, além do estresse da língua, o pessoal que trabalha lá nunca está pra bons amigos, salvo algumas exceções raríssimas.
Entáo, botei na cabeça que eu precisava aprender o raio da língua pra saber onde estava me metendo, ou senão seria uma passada de perna atrás da outra. Eu sou uma pessoa extremamente paciente, gosto de ajudar e entendo quando as coisas sáo difíceis de serem resolvidas, porém a sensação que se tem de impotência quando você não consegue lutar por seus direitos acaba sendo grande.
Dicas práticas
Bem, eu busco fazer, até hoje, depois de nove anos, anotações sobre coisas que aprendo. Procuro também, assistir aos canais locais, principalmente as notícias pra saber o que esta acontecendo ao meu redor. Isso me ajuda bastante.
Uma outra dica, que acredito nao ser nenhuma novidade, é estar inserida mesmo no contexto social. Desde que comecei a levar meu filho pra brincar no parquinho, fiz vários amigos, conheci pessoas pra falar um simples Oi! ou trocar alguma conversa ligeira. Essa é a melhor forma de perder o medo e vergonha de se comunicar.
Espero ter ajudado com minhas dicas!
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Sou Debora, carioca de Niterói e moro na Croácia. Trabalho como produtora de conteúdo e redatora em redes sociais, sites e blogs. Sou também professora de línguas (inglês e português para estrangeiros) e tradutora EN-PT).
Antes dessa mudança total em minha vida de expatriada, trabalhei como professora de inglês em diversas escolas de línguas no Brasil e também em empresas com a Petrobras e Vale do Rio Doce. Fui recepcionista bilíngue em eventos voltados a plataformas de petróleo e gás. Viajei o mundo e conheci os 5 continentes e mais de 60 países, a bordo de navios de cruzeiro da empresa Royal Caribbean, onde era recreadora infantil.