Do Brasil para Paris, passando por Abu Dhabi
Ser expatriado não é fácil, muito menos quando a pessoa começa esta vida “lá fora” sem nunca ter saído da casa da mãe até os 31 anos de idade, logo após casar, sem emprego, depois de passar a vida construindo uma carreira, e o principal: sem saber “falar”!
Esta foi minha realidade ao começar a vida fora do Brasil há quase seis anos. Mudei para Abu Dhabi (capital dos Emirados Árabes) e por lá vivi de 2014 à 2017.
Eu havia acabado de me casar e meu marido foi transferido para a base de sua empresa naquele país. Confesso que até então nunca tinha ouvido falar de Abu Dhabi.
Eu era (e ainda sou) muito apegada à minha familia e, cogitar viver a milhares de km deles, não estava nos meus planos e, muito menos largar meu emprego que eu tanto gostava e me dedicava.
Eu havia conseguido chegar no “degrau” que eu tinha buscado na empresa em que era funcionária e já estava planejando meus próximos saltos, quando simplesmente tive que optar por “pular fora”.
A parte mais difícil, largar sua vida certa para o incerto.
Acho que esta é uma das partes mais difíceis quando se vira expatriado acompanhando alguém. Abrir mão do que você já tem por algo desconhecido, e sem ter a mínima idéia se um dia voltará a ter o que um dia te fez feliz.
É uma decisão arriscada e muito difícil! Mas sabem o que descobri logo de cara? Várias (várias mesmo!) mulheres como eu tomam esta decisão.
Conheci advogadas, nutricionistas, engenheiras, dentistas, professoras, arquitetas, milhares de profissionais que apostaram no desconhecido e principalmente em suas famílias.
E, como eu, cada uma delas sabe a dor e a alegria desta aventura fora de terras brasileiras, sem arroz e feijão todo dia na mesa, mas com muito aprendizado e amadurecimento. Porque a gente cresce muito vivendo “aqui fora”. Você vive um mês e amadurece como se estivesse vivendo 10.
Primeiro que você descobre logo de cara que terá que aprender a fazer amigos de novo. O que parece simples a princípio, mas não é!
Fazer amigos (eu escrevi AMIGOS) na fase adulta, inserido em outra cultura, muitas vezes em outra língua, é bem complexo, pode acreditar!
E você irá precisar de amigos, pode acreditar também! Porque viver longe de tudo que você conhecia até então, sem nenhuma rede de apoio emocional é extremamente doloroso. Então o primeiro desafio é se abrir para o outro, o desconhecido.
Além disso, tem a comunicação. Eu acredito muito no ditado “quem tem boca vai a Roma” (eu sei que o ditado correto não é bem assim, mas tá valendo, rs.). Então para mim foi extremamente difícil me ver sem o poder da comunicação ao chegar na minha nova casa.
Apesar de passar bons anos sofrendo com aulas de inglês, eu sempre fui péssima e muito travada. Pronto! Prato cheio para um rio de lágrimas.
O importante é se comunicar
Se posso te dar um conselho para iniciar sua vida “aqui fora” é NÃO TENHA VERGONHA! Essa história de falar fluente, bonito, certinho é balela! O importante é se fazer entender e entender o outro. PONTO!
Outro conselho que dou para qualquer um que comece esta vida de expatriado é: se dê o tempo necessário para acalmar seu coração, aquecer sua alma e organizar sua mente na sua nova realidade.
Para uns este tempo será de três meses, para outros três anos. O tempo será diferente para cada um, mas é necessário para todos!
De Abu Dhabi para Paris
Bem… no inicio do texto eu contei que morei em Abu Dhabi até 2017, mas não contei que desde então moro na França (nos arredores de Paris).
E como minha aventura em um novo país sempre vem com emoção extra, aqui cheguei e logo me descobri grávida do meu primeiro filho e sem falar nada de francês, sem nenhum amigo (além do maridão) e no friozinho do inverno europeu!
É leitor, eu tive que (re)começar de novo. Mas isto é história para um novo texto… 😉
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Alvane, sou uma baiana criada a vida toda no Rio de Janeiro, mas que não resiste a um acarajé. Casei aos 31 anos com meu melhor amigo desde os 14 anos de idade e com ele me aventurei a descobrir novos mundos, novas pessoas, novas dores e novas alegrias! Estamos há 6 anos nesta aventura e a agora temos um novo companheiro de estrada: meu Oliver! Um bebezinho brasileiro concebido nos Emirados Árabes, nascido na França e que desde cedo aprenderá que o bom do mundo é que, além de redondo, ele é gigante!
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