Eu estava fazendo uma reflexão sobre minha trajetória de vida e me ocorreu de fazer isso focando na área profissional também, incluindo todos esses 27 anos como psicóloga. Mesmo nos anos iniciais da profissão, onde eu trabalhava no Recursos Humanos de empresas, eu sempre lidei muito com gente e fiz uma linha do tempo das mudanças que percebi no comportamento e emoções do ser humano. Esse exercício, “linha da vida”, ajuda muito a enxergarmos nossas ações, mudanças, valorizarmos pontos fortes, coisas boas e aprendizados e, ao finalizarmos, é como se tudo ficasse mais claro na nossa percepção das coisas. E assim foi, pude ver claramente que o “novo normal” não é normal.
Se pensarmos na evolução humana, melhoramos muito na qualidade de vida, na ampliação de oportunidades e escolhas, nos estudos, na ciência, tecnologia, nosso dia a dia hoje é repleto de facilidades. Tudo vem de forma mais fácil e rápida não é? Não podemos negar que é maravilhoso poder ter acesso a informação na palma das mãos, a ciência avançando tanto que prolonga nossa vida em bem-estar, inovações em todo canto! Passamos a ter um prognóstico bastante positivo para usufruirmos desse nosso tempo aqui no planeta terra. Mas por que então esse novo normal também pode nos trazer um grande pacote prejudicial?
O lado humano da coisa

Além de sermos a espécie mais inteligente, também somos a que se aprofunda nas emoções, pensamentos e comportamentos. Nossas vivências desde a infância vão formatando como enxergamos o mundo e como nos comportamos e nos sentimos. A influência externa tem enorme relevância em nossas vidas e, muitas vezes, somos levados por caminhos não tão bons na busca de prazer ou fuga de sofrimento. É aí que a coisa pode degringolar se não usarmos nosso lado inteligente, racional, para frearmos impulsos e voltarmos aos trilhos. É aí que podemos nos perder de nós mesmos!
Redes sociais, mil e uma informações instantâneas, jogos online, aplicativos de relacionamento acabam afetando a maneira como nos sentimos e nos comportamos. O novo normal é estar o tempo todo se comparando ou idealizando uma vida igual a do outro. É também estar ansioso se não está a par de todos os assuntos. Da mesma forma, é preferir se isolar e não fortalecer vínculos sociais por receio de não se sentir pertencente ou inferior. Ou até mesmo não expor nossas vulnerabilidades falando de nossas emoções, porque temos medo da rejeição ou precisamos parecer perfeitos. Por fim é viver sob pressão, mesmo que não nos demos conta disso.
As consequências do tal novo normal

O cérebro é o orgão mais importante do nosso corpo e é ele quem mais sofre com tudo isso. É o cérebro que nos diferencia dos outros seres vivos, porém, fazemos vista grossa aos possíveis danos que causamos a ele e continuamos a jornada incessante das redes sociais e afins. Dia a dia viciamos nosso cérebro com rápidas doses de prazer mas que também geram ansiedade, depressão, sentimentos negativos sobre si mesmo ou até a validação do narcisismo patológico, onde existe uma super exposição e valorização de si mesmo! O novo normal não é normal e trás prejuizo significativo para a saúde mental.
O novo normal precisa apenas se ajustar e equilibrar o uso de toda essa funcionalidade que os novos tempos nos trouxeram. Não é banirmos tudo de nosso cotidiano, mas sim estabelecermos limites saudáveis, principalmente com nossas crianças! Leia sobre os prejuizos de uso de celulares nas escolas em https://jornal.usp.br/radio-usp/uso-de-celulares-nas-escolas-traz-mais-prejuizos-do-que-beneficios-aos-estudantes/. Mas se não fazemos os ajustes necessários em nós, adultos, como iremos regular tudo isso em nossos filhos? É preciso que você comece primeiro e mostre o quanto pode ser positivo ter outras atividades além dos jogos, redes sociais, aplicativos, etc.
Estimulando o cérebro com outras opções
A boa notícia é que o cérebro tem ajustes! A plasticidade cerebral é justamente essa capacidade do cérebro em se adaptar e se modificar de acordo com as mudança no nosso ambiente externo. Estimulando mudanças em nosso comportamento, também conseguimos promover novos neurônios, reorganizar o cérebro e estimular positivamente nosso estado mental e emocional! Sendo assim, cabe a nós, seres humanos, querer alterar padrões, comportamentos e, consequentemente, a forma como nos sentimos. Pode não ser uma tarefa das mais fáceis, mas tudo depende de nós e da nossa força de vontade. Sozinhos ou com apoio profissional tudo é possível.
São inúmeras as possibilidade de criarmos um ambiente mais saudável para nosso cérebro, porém isso pode variar de pessoa para pessoa, mas existem coisas mais simples que cabe para todo mundo! O melhor começo é o começo do simples e prático e, mesmo assim, ainda pode ser desafiador se você não tiver feito um acordo consigo mesmo para se melhorar. Sair da zona de conforto fará muito bem como já vimos nesse meu outro artigo https://diariodeumaexpatriada.com.br/a-zona-de-conforto-nao-te-leva-a-lugar-algum/
O que podemos fazer para enfrentarmos o novo normal
Procure exercitar a leitura. Ler aumenta nossa capacidade de aprendizado. Eu sugiro o velho e bom livro físico, mas também vale um livro digital. Só não vale leitura de notícias e redes sociais. Também exercite seu corpo! Todo mundo já sabe o ganho de qualidade de vida quando começamos a nos exercitar, seja o exercício que escolher. Treine sua respiração! Tente identificar como está respirando e implemente respirações mais profundas por uns 2 minutos diários e verá a diferença que isso faz. Se quiser treinar meditar é melhor ainda! Tudo isso oxigena seu cérebro e trás clareza e equilíbrio emocional. Por fim, meio que óbvio mas não fazemos como deveríamos, se alimente melhor e durma melhor. Altere aos poucos esse hábitos e ganhará na loteria da saúde!
Espero que tenham gostado do que escrevi para vocês e sou todo ouvidos lá no meu instagram @renatacastropsicologia. Mas lembrem, com equilíbrio! Até breve
About The Author
Renata Castro
Psicóloga clínica, especializada em Terapia Cognitiva Comportamental, carioca, mãe de 2 amores de 4 patas.
Deixei meu consultório no Rio de Janeiro e vim morar na Capital da Croácia, Zagreb.
Hoje atuo com atendimentos online.