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Depoimentos de expatriadas sobre o coronavírus em seus países

Última atualização do post:

Expatriadas e o coronavírus
Ilhas artificiais do Qatar. Créditos: Pixabay

São tempos estranhos esses que estamos vivendo. Cada uma de nós passa por uma situação específica, já que estamos espalhadas mundo afora e longe de nossos familiares no Brasil.

Cada uma reage de uma maneira a tudo o que está acontecendo em seu país, mas uma coisa temos em comum: a preocupação com os que estão em nosso Brasil e como eles estão lidando com isso por lá também.

Desse modo, pensei em fazer um artigo (acho que serão dois, na verdade) com depoimentos de nossas colaboradoras e colunistas expatriadas sobre as medidas tomadas por seus respectivos países e como elas também estão se sentindo a respeito de tudo o que vem ocorrendo. Muito obrigada, meninas, e que tenhamos força e sabedoria para seguir adiantes. Um beijo a todas!

Debora Pedroni, colunista e editora que vive na Croácia

Paula Satink, do Qatar

“Por aqui, tudo fechado e parado no Qatar. Somente hotéis, restaurantes que entregam e o pessoal que faz as obras para a Copa de 2022 continuam trabalhando. Parques e praias proibidos ao público. O governo determinou que quem tenta entrar em parques e aeroportos é convidado a se retirar. O aeroporto continua aberto apenas para trânsito ou para Qataris voltarem para casa.”

Qatar. Créditos: Pixabay

“Pessoas de outras nacionalidades, porém com visto de residência têm a entrada negada (me parece que já estão sendo informadas no aeroporto de partida). Bairros inteiros com grande concentração de trabalhadores da construção (em sua maioria indianos e paquistaneses e também muitos nepaleses e do Sri Lanka) estão fechados: ninguém entra ou sai. Mas como disse antes, os trabalhadores das obras de construção das novas avenidas, pontes e túneis para a Copa do Mundo estão trabalhando normalmente. Isso é um paradoxo.”

“Entramos em lockdown agora. Proibido sair de casa. Somente pra comprar comida e uma pessoa por carro.”

Luciana Moraes Barletta, de Delaware, EUA

“A situação aqui nos Estados Unidos está complicada, com quase 20 mil casos no país todo. Está quase tudo fechado, não têm nada nos supermercados para comprar. Em alguns estados, como New Jersey, tem toque de recolher. Aqui, em New Castle, Delaware, onde eu moro, tem 40 casos, as poucas lojas que estão abertas, funcionam das 10 às 18.”

“Aulas estão suspensas. Estou trabalhando de casa, por tempo indeterminado. Algumas empresas estão cortando a jornada de trabalho devido à paralisação dos serviços. Por enquanto, a minha não fez. Cinemas, bares, restaurantes, shopping centers, tudo fechado. Take out e delivery ainda estão funcionando.”

“Minha família está lidando até que bem com a situação. Meu marido está na Arábia Saudita, o país fechou totalmente, ninguém entra, ninguém sai. O trabalho dele não parou, ainda. Diz ele que não falta comida nos supermercados, mas falta produtos de higiene e limpeza.”


“Meu filho mais novo está no Rio de Janeiro, com sintomas. Lá falta tudo, ele ligou para o hospital e disseram que só atenderiam casos graves, que não têm kit para fazer o teste em todos. Ele foi dispensado temporariamente do trabalho, sem rendimentos, até a situação normalizar. As aulas no Rio estão suspensas.”


“Minha mãe, avó, irmã, filho mais velho e netos estão em Paranaguá, PR, e o prefeito adotou toque de recolher. Carros da polícia e bombeiros, passam pelas ruas da cidade, à noite, pedindo para o povo ficar em casa. Eles estão preocupados e tensos. Meu filho está de férias até 4 de abril, as aulas suspensas, restaurantes e bares fechados, comércio funcionando até 18h.
Eu daqui monitoro a família espalhada pelo mundo.”

Cristina DS, da China

“Estou em Shanghai, na China. Tudo começa a voltar ao normal com exceção das restrições aos que vem de fora. Essas se tornaram mais duras, na última semana. A China teme uma nova onda do vírus, dessa vez, de casos importados (já há alguns). Relatos de pessoas que retornam dão conta de esperas dentro do avião de até 10 horas depois que pousam.”

“Checam um a um. Minha família está toda no Brasil e todos confinados, seguindo a correta orientação do confinamento. Meu marido, que é piloto aqui na China, continua voando (voa só cargueiro), mas a cada volta tem que fazer quarentena. E eu, junto com ele. Uma sucessão de quarentenas que aqui, são monitoradas, e portas de entrada seladas. Voluntários trazem comida ou o que for preciso.”

depoimentos
Arranha-céus de Shanghai, China. Créditos: Pixabay

Tania Nery, da Flórida, EUA

“Por conta do governo federalista nos EUA, cada estado tem autonomia e poder para decidir independentemente sobre questões de educação, segurança, comércio, etc. Numa situação de crise de saúde global como estamos vivendo agora, isso pode ser bastante positivo mas também negativo.”

Illinois, Nova York, e Califórnia já decretaram lockdown total pelas próximas semanas como forma de conter a propagação. No entanto, vemos cenas na TV de milhares de jovens em viagens de spring break na Flórida que causam desespero. O governador se recusou a decretar fechamento das praias da FL, mesmo mediante severas críticas do resto dos EUA.”

“A Constituição dos EUA prevê que o governo federal pode anular a decisão dos Estados mas, por enquanto, o governo Trump não tomou nenhuma decisão contrária a determinações estaduais. No caso da FL, a indecisão do governador em fechar as praias provavelmente vai afetar o resto do país, quando esses jovens retornarem para seus estados de origem possivelmente contaminados”.

Obrigada a todas que compartilham suas histórias! A segunda parte será em breve publicada. Lembrando que esses depoimentos das nossoas colaboradoras expatriadas foram recebidos entre os dias 18 e 22 de março, o que significa que muitos detalhes ditos aqui podem ter sido alterados por conta da ação dos seus governos.

Para mais textos sobre o assunto, clique aqui.

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Debora

Sou Debora, carioca de Niterói e moro na Croácia. Trabalho como produtora de conteúdo e redatora em redes sociais, sites e blogs. Sou também professora de línguas (inglês e português para estrangeiros) e tradutora EN-PT). Antes dessa mudança total em minha vida de expatriada, trabalhei como professora de inglês em diversas escolas de línguas no Brasil e também em empresas com a Petrobras e Vale do Rio Doce. Fui recepcionista bilíngue em eventos voltados a plataformas de petróleo e gás. Viajei o mundo e conheci os 5 continentes e mais de 60 países, a bordo de navios de cruzeiro da empresa Royal Caribbean, onde era recreadora infantil.

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