Mudar de país não é uma tarefa fácil! Milhões de coisas para resolver, muitos desafios pela frente, preocupações, superações e saudades… Mas e as amizades? Também entram nessa difícil tarefa de se adaptar num outro país? Qual o papel da amizade nessa nova jornada? E como ela afeta a nossa vida de uma maneira geral?
O ser humano não foi feito para estar só! Momentos de solidão são até importantes, mas estar inserido num grupo e saber que podemos interagir é parte fundamental para qualquer pessoa se sentir mais segura e confortável no caminhar da vida. Partindo desse princípio, então ter amigos é fundamental? Sim! Ter um círculo de amigos que te de suporte e que faça você se sentir parte de algo nos fortalece e ajuda a descobrirmos nosso lugar no mundo.
Como tudo começa
Você está no aeroporto no Brasil, na fila para entrar na checagem de passaporte e seus amigos e familiares estão ali te dando o “último” tchau. Agora é você com você mesmo, independente de começar sua vida nova com um companheiro (a) ou tendo familiares a sua espera. Ao ir morar fora, você vai ver que precisa começar a construir uma vida todinha de novo e ninguém pode fazer isso por você. As amizades também estão incluídas nessa construção.
Por mais que, no início, tenhamos entusiasmo diante de tantas novidades podemos nos sentirmos sós também. É uma solidão diferente da que já possamos ter sentido no Brasil. Pois no Brasil sabíamos que podíamos ligar para alguém e dar uma volta. Também sabíamos como e onde ir para arejar a cabeça. Então não ter essas coisas faz a gente se sentir só! Não sabemos nada direito e ainda estamos tentando entender como será dali para frente. Enquanto os maridos ou familiares já possuem suas rotinas, você ainda não tem e tudo parece meio vazio. É aí que ter amigos faz uma diferença enorme.
Amizades não são só para dar risada. Como diz o dicionário, amizade é uma afeição recíproca entre duas pessoas e tem uma função muito importante para nossa saúde e bem estar. Uma pesquisa de Harvard revelou que o que mais influencia a nossa saúde não é ter bens materiais ou alimentar-se bem, mas a amizade! Ter amigos reduz estresse e aumenta a imunidade, além de evitarmos depressão, que é possível de acontecer na tentativa de adaptação em novas culturas. Você pode ler sobre a relação entre depressão e morar fora neste meu outro artigo: Expatriados e depressão
Fazendo amizade na terra deles
Nós, brasileiros, somos muito fáceis de fazer amizade, sejam colegas ou amigos mais íntimos. Nosso povo é falante, aberto e emocional. O problema é que quando viramos expatriados! Imediatamente entramos em culturas diferentes da nossa e, geralmente, está longe de ser o que estamos acostumados. Em Londres, por exemplo, como diz a nossa colaboradora do blog Isabel Bambrila, “é muito fácil fazer amizades… com brasileiros, já com os ingleses é uma tarefa quase impossível”. “Eles são educados, mas muito fechados” ela sinaliza.
Aqui na Croácia, eles são mais abertos, porém também não é fácil. Requer tempo e paciência, como também comentou a Erinice Eversvik, moradora da Noruega. Colaboradora do blog, Erinice bem colocou que os noruegueses tem amigos desde a infância e não dão muito espaço para novas interações. O mesmo me disse a colaboradora Kalina Barsante sobre fazer amizades com os franceses. Porém, caso você consiga entrar num grupo de franceses e criar laços, você pode contar com eles para tudo.
Ao meu ver, é mais fácil fazer colegas. Aqueles que você até bate um papo no café em frente de casa, ou com um vizinho no elevador, mas nada que aprofunde vínculos para podermos chamar de amigos. A Khênnia, colaboradora da Alemanha, enxerga da mesma forma. “Eu conheço alguns alemães, sempre converso, mas ainda não são meus amigos, mas são pessoas bem legais”. Da para ver que é mesmo questão cultural. Não se abrem muito, não falam de suas vidas, mas são pessoas legais, que se você tiver a chance de conhecer melhor, podem virar bons amigos.
Amigos brasileiros então?
Encontramos brasileiros em todas as partes do mundo e é super natural tentarmos uma aproximação com nossos conterrâneos. Porém, não será com todo brasileiro que você conseguirá ter afinidade. Uns serão seus colegas, outros não e, as vezes, até amizades que você vai levar para toda a vida. De qualquer forma, são um ponto de acolhimento no novo país. Além disso, passamos pelos mesmos desafios de uma vida no exterior e ajudamos uns aos outros. Encontrar brasileiros, seja em grupos nas mídias sociais, eventos das embaixadas brasileiras ou outro evento qualquer, faz com que você comece seu círculo de relacionamentos e se sinta, inclusive, mais confiante para novas amizades sejam da nacionalidade que for.
Não se limitar apenas com amizades brasileiras
Portanto a vida aqui fora fica muito mais leve quando começamos a ter pessoas ao nosso redor. Pois fazer amigos trás mais equilíbrio e nos sentimos mais fortes. Porém, não se limitar apenas com amizades brasileiras é, também, importante. Por mais difícil que seja, é bom estarmos abertos, afinal moramos no país deles, dentro da cultura deles e aprender com eles é experimentar uma nova forma de ver a vida. Se abrir para frequentar cursos, academia, atividades em grupo é a porta de entrada para conhecer gente e ser mais feliz na vida nova. Para dar um empurrãozinho, leia esta matéria da revista Super Interessante 6 truques científicos para fazer amigos da dicas científicas de como agir para fazer novos amigos.
Apesar de não conhecer todas as colaboradores do blog, são mulheres admiráveis e que, também, tornaram minha vida no exterior mais alegre e produtiva. Este tipo de amizade também é válido demais pois te trás sentimento de pertencimento e uma troca incrível que só gera coisas boas. Das escritas dos artigos às nossas reuniões virtuais, a sensação de ter apoio e simpatia nos conforta e incentiva.
Espero que tenham gostado do artigo e espero ver vocês no meu Instagram e Facebook @vivabemcompsicologia. Até a próxima.
Psicóloga clínica, especializada em Terapia Cognitiva Comportamental, carioca, mãe de 2 amores de 4 patas.
Deixei meu consultório no Rio de Janeiro e vim morar na Capital da Croácia, Zagreb.
Hoje atuo com atendimentos online.
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