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Festival de arte que ilumina a capital Saudita

Última atualização do post:

projecao de tapete arabe
Foto tirada em obra de projeção mapeada sob areia do deserto em Riade

Uma nova Arábia Saudita

Atualmente, Arábia Saudita vive um momento de renascença de desenvolvimento social que tem fomentado diversas iniciativas pelo país. Em 2016, o governo anunciou a criação da Visão 2030 para estimular a economia criativa, empreendedorismo, investimentos em entretenimento e melhorias gerais na qualidade de vida.

Esse projeto coincidiu com a minha mais recente mudança para o exterior. Nesse meio tempo, virei expatriada em Riade em Novembro de 2020. Aproveitei minha chegada para, em seguida, visitar o Noor Festival Riyadh, um festival de arte que ilumina a capital Saudita.

Festival cultural do reino saudita

Com essa reinvenção acelerada, inaugurou-se em 2019 o Noor Festival Riyadh. O nome Noor significa ‘luz’ em árabe. Ou seja, um festival de arte que ilumina a capital Saudita. O festival trouxe um projeto de arte popular para Riade. Pois artistas internacionais uniram-se a aspirantes da cena regional para transformar a cidade em um museu a céu aberto.

Atualmente, na edição de 2021, 33 instalações artísticas foram montadas em Riade. As obras incluem interpretações que usam técnicas de arte digital, projeções mapeadas, jogos de luz, interações musicais, leituras de poesia e outras técnicas que incrementam o diálogo cultural.

Mas entre as obras mais impressionantes da temporada, me chamou atenção a instalação ‘Palace of Light’ do artista americano Robert Wilson. Wilson venceu o Leão de Ouro da Biennale de Veneza e outros prêmios internacionais. A instalação inclui uma projeção mapeada do mar nas paredes do Palácio de Salwa, que sediou o primeiro estado Saudita no século XVIII.

Mas as ruínas do Palácio ficam no distrito histórico de Al Turaif, que tombado pela UNESCO como patrimônio da humanidade. Aliás o local hospedou mais recente encontro dos líderes do G20.

Festival de arte
Foto tirada em frente ao Museu ao Palácio de Salwa em Diriyah com projeções mapeadas. Arquivo Pessoal

Em contraste com a projeção, o clima da área é árido e a civilização de antigos residentes utilizava a água do sistema freático de um oásis nas proximidades para sobreviver. Na projeção, as ondas consumiram o palácio e simulou um encontro com um piso de alumínio. Colocado em oposição a um jogo de luzes dramático, a obra transformou a frente do centro histórico em um cenário surrealista. Ao mesmo tempo, um aparelho de som em forma de satélite soava música clássica com um fundo ecoando as ondas do mar.

Descobrindo a cultura local do passado e do futuro

Observei de perto as pessoas ao meu redor. Muitos estavam em um estado de transe e admiração naquele momento único para a história da arte Saudita. Segui andando com o meu grupo de visitação da exposição e assim conheci com exclusividade o novo museu de Diriyah. Pois nesse local são expostos os artefatos dos antepassados que ocuparam a região antes da formação atual do Reino Saudita. A contraposição de artefatos antigos e obras modernas é um subtema que se observa em todo o festival, com obras exibidas nos principais monumentos da cidade.

Na minha visita ao centro histórico do rei Abdulaziz, interagi com a obra do artístico local Saeed Gamhawi. Nesse caso, projeções eram emitidas em um canvas de areia formando tapetes musicais. Além disso o artista convidava os espectadores a pensarem em suas trajetórias de saída da sua casa natal aos grandes centros urbanos, o que ressoou muito comigo sendo expatriada no país.

projecao de tapete arabe
Foto tirada em obra de projeção mapeada sob areia do deserto em Riade – arquivo pesssoal

Outra obra emblemática, uma instalação de luz do artista Belga Koert Vermeulen, ilumina o céu de Riade ao topo do Kingdom Tower, a torre mais alta da Arábia Saudita. Essa obra traduz com sentido literal o signifcado de um festival de arte que ilumina a capital Saudita. Vejo a forma em que a população reage com as obras criadas sob o tema do festival ‘Under One Sky’, ou em português, debaixo do mesmo céu.

O sentimento de estarmos todos debaixo de um único céu, em uma conexão internacional a favor da difusão artística, me fez perceber o privilégio de estar expatriada em um país que vive sua maior renovação cultural dos últimos 50 anos.

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Mariana de Carli

Sou natural de Brasília e me defino como uma expatriada crônica: que vive uma vida de nômade moderna. Tenho 32 anos e já me mudei onze vezes de cidade e morei em três continentes diferentes. Um ano normal para mim envolve mais de cinquenta vôos, tanto para trabalho quanto para lazer. Desde 2020, moro em Riad (Arábia Saudita), onde trabalho como Gerente Comercial e de Comércio Exterior em uma entidade governamental. Sou formada em Linguística pelo Kings College London e tenho muito interesse em intercâmbios culturais, o que me levou a visitar 61 países até hoje.

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