Filhos gringos, aquela mistura

Tudo começou quando eu era criança

Eu sou de família de filhos gringos! Sou filha de mãe italiana e pai português e índio. Sou bem diferente dos meus pais e irmãos. Quando eu era criança, por ter olhinhos puxados, meus amigos e os seus pais me perguntavam se meus pais eram japoneses, e quando eu respondia que não, automaticamente vinha a tão temida pergunta “Ah, então você é filha adotiva”?

Passei alguns anos da minha infância pensando se realmente eu poderia ter sido adotada.

Hora de desvendar um mistério que me torturava

Até que um dia eu tive coragem e resolvi perguntar à minha mãe se eu era adotada e pedi a ela para ser muita sincera comigo. “Mãe, pode me falar bem a verdade, eu prometo que não ficarei brava contigo”. Respirei fundo e… “Eu sou adotiva”?

Minha mãe ficou chocada com a minha pergunta e logo respondeu “Mas como pode você me perguntar um negócio desses? Eu te carreguei nove meses na minha barriga e só eu sei o quanto sofri pra te ter”. Ela me abraçou e nós duas começamos a chorar!

Bem, então tento certeza que não era adotiva, eu já tinha certeza de como responder quando meus amigos viriam com esse tipo de perguntas.

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Viva o presente e esqueça do passado

O tempo passou, eu cresci, amadureci e tinha a certeza de que esse trauma de ser diferente já tinha passado.

Os anos se passaram, eu me mudei para Londres, conheci meu gringo francês que também é filho gringo, pois a mãe era francesa e o pai é italiano. Nos casamos em 2007 e, após cinco anos de casados, decidimos que era hora de aumentar a família. Porém, não tinha me dado conta que eu teria filhos gringos, aquela mistura!

Será mesmo que esqueci o passado?

Quando tive minha filha foi um choque! O meu trauma de infância parecia que tinha vindo como um “dejavu”. Eu sou branca/morena, cabelos escuros e olhos negros e puxados. Minha filha? Totalmente gringa! Ela é bem loura, bem branca, ela tem olhos grandes e azuis às vezes verde.

Ela é toda parecida com o pai, não é nada parecida comigo!

Minha pequena Elsa

Quando minha filha completou 1 ano de idade, nós decidimos nos mudar para o Brasil, em Curitiba. Na escola, ela era a mais clara e mais loura da escola inteira.

Ela mesmo se achava diferente e até falava que era a Elsa do Frozen e todos os amiguinhos da escola concordavam porque ela realmente era a Elsa em miniatura.

Então, a primeira coisa que pensei foi que ela iria passar a mesma situação que eu passei quando eu era criança.

E realmente, se eu não tivesse visto que ela saiu da minha barriga, nem eu acreditaria que ela era minha!

Como lidar com essa situação agora no papel de mãe

E então me veio a pergunta: como vou lidar com isso mas no papel de mãe agora e não mais de filha? Não queria que minha filha sofresse qualquer tipo de bullying ou trauma por não ser parecida com a mãe, no caso comigo.

Bem, resolvi antecipar as dúvidas e perguntas dela, tentando poupá-la das dúvidas que eu tive e sofri por tanto tempo na minha infância.

Desde que ela começou a entender mais as coisas, eu comecei a contar as histórias de quando eu estava esperando a chegada dela neste mundo, mostrei as minhas fotos de quando estava grávida dela, e outras fotos dela quando bebezinha.

Hora de encarar a verdade

De vagarinho fomos nos comparar no espelho, olhando nossos olhos, nossos cabelos, nossa pele. Explicando a ela que mesmo que somos diferentes, eu sou a mãe verdadeira dela, ela é britânica de nascença, mas tem sangue francês, brasileiro, italiano e que ela era a mistura mais linda que eu poderia ter criado.

Não importa que nós não somos parecidas fisicamente, ela é uma gringuinha linda e amada.

Cada um de nos é um ser único e diferente. E mesmo na Inglaterra, na França, na Itália, no Brasil e em todo lugar do mundo tem gente de todo jeito, toda cor e de toda característica. Portanto, não precisamos ter uma determinada aparência para fazermos parte de uma família querida.

Simone Stroili

Meu nome é Simone Stroili, nascida no Paraná, crescida no Mato Grosso do Sul. Me mudei para Londres em 2005. De 2013 a 2017 morei em Curitiba-Paraná-Brasil, voltando para a Inglaterra em 2017.
Sou casada há 13 anos com Carlo Stroili, Francês /Italiano. Sou mãe da Nicole, minha princesa que fala 4 idiomas. Tenho meu negócio on-line em saúde e bem estar. Minha paixão é ajudar mulheres a terem uma vida mais saudável e autoestima. Trabalho com Desenvolvimento Pessoal. Amo conhecer lugares, pessoas, culturas diversas e fazer amizades verdadeiras.