Pensei muito antes de escrever sobre o meu diagnóstico de câncer de mama. Mas sinto que é uma obrigação alertar as mulheres sobre a necessidade de fazer exames para a prevenção ao câncer de mama. Muitas vezes, como expatriadas, postergamos esses exames por diversos motivos, como: a pandemia, as dificuldades com o idioma, a cultura em um novo país, etc.
Há exatamente um ano, eu estava em Singapura, em uma sala de consulta recebendo um dos diagnósticos mais temidos de qualquer mulher: câncer de mama em estágio inicial. A palavra carcinoma é impossível de ser esquecida. Faltavam dez dias para iniciar minhas sonhadas férias de verão no Brasil, quando pedi ao meu médico para fazer uma mamografia de rotina. Faço mamografias anuais desde os 40 anos. Para minha surpresa, em dois dias, me solicitaram uma biópsia, que fiz imediatamente, e em mais dois dias, recebi o temido diagnóstico.
O difícil diagnóstico
Lembro claramente o médico dizendo o diagnóstico de câncer de mama! Mas depois, foi só um zumbido no ouvido e não consegui ouvir mais nada. A famosa frase que diz que “o chão abre” quando recebemos uma notícia dessas, é perfeita para a situação. No meu caso, parecia que eu estava caindo no precipício. Apenas o meu marido fazia as perguntas, em estado de choque.
Sempre pensei que em uma situação dessas o melhor seria optar pela retirada total dos nódulos. E foi o que disse ao médico enquanto ele tentava explicar as opções de tratamento e cirurgias. Imaginem, tudo isso em inglês?! Apenas respondi: “Dr. o senhor conhece a história da Angelina Jolie? Irei seguir nessa linha de tratamento e vou fazer a cirurgia no Brasil”.
Consegui decidir tudo isso em apenas cinco minutos. A minha vida parecia que estava em câmera lenta e tinha a sensação de que estava participando de um filme o qual, infelizmente, eu não conhecia o final.
É hora de falar sobre o diagnóstico
Assim que cheguei em casa contei para as crianças. Espertos como são já tinham percebido que alguma coisa estava errada. E, achei que eles tinham idade suficiente para uma conversa franca. Fui clara, sem muitos detalhes, mas disse que tudo ia ficar bem com tanta segurança (mesmo sem ter), que eles acreditaram. Chorei muito nesse dia, muito mesmo, porém nunca pensei: por quê eu? Mas sim, ainda bem que é comigo e que descobri o câncer em estágio inicial e tenho toda a estrutura necessária para fazer a cirurgia e enfrentar a situação. Não sou Poliana, mas sou muito prática e encontrar soluções nesse momento me acalmou bastante.
Também liguei para uma das minhas melhores amigas, que não apenas me indicou seus médicos maravilhosos no Brasil, como agendou as consultas para a semana seguinte e me acompanhou com a minha irmã. Faz uma enorme diferença ter uma rede de apoio nessas horas. Resumo da história: em Singapura fiz todos os exames pré-operatórios em dois dias (inclusive Pet Scan), e na sexta quando, estava na França (a caminho do Brasil), recebi todos os resultados para apresentar aos médicos no Brasil. Na minha cabeça, meu único desejo era operar o mais rápido possível, e nem sabia se a reconstrução da mama poderia ser feita na mesma cirurgia.
Tratamento do câncer no Brasil
Quando cheguei ao Brasil, contei sobre o diagnóstico de câncer de mama para amigos próximos e para a família, foi um caos… todos querendo ajudar, mas ao mesmo tempo sem saber o que dizer. Vou dar uma dica, quando você tiver alguém em uma situação semelhante apenas diga: estou aqui para você! Sem muito drama e, principalmente, sem muitos conselhos e histórias similares com finais tristes, por favor.
As consultas médicas com o mastologista e com a cirurgiã plástica foram longas e eles explicaram os mínimos detalhes, além disso, todos ficaram impressionados como eu consegui descobrir em um estágio tão inicial. Um dos médicos disse que era um ‘pequeno milagre’. Em paralelo, eu tentava conseguir a aprovação do plano de saúde para que a cirurgia acontecesse o mais rápido possível.
Quinze dias depois do diagnóstico , estava entrando no hospital para uma cirurgia de oito horas. Os médicos, com meu consentimento, decidiram pela mastectomia total radical – a palavra “radical” ainda ecoa na minha mente. Mas estava decidida a não ter que fazer acompanhamentos semestrais e viver com a sensação de que o câncer poderia voltar a qualquer momento. Minha chance de cura era acima de 90%. Rezei bastante e recebi uma onda de amor enorme: muitas orações, mensagens de carinho, água benta, e uma torcida organizada linda dos meus amigos e da minha família.
Fiz a cirurgia, tive uma recuperação difícil e longa! Contudo, consegui fazer a reconstrução da mama no mesmo dia, e tenho certeza que isso me fez ter uma recuperação emocional melhor do que eu esperava. Pelo tamanho do tumor e por ter optado pela mastectomia total, não precisei de nenhum tratamento adicional e apenas faço exames de sangue e ultrassom a cada seis meses para acompanhamento.
Diagnóstico precoce, coragem e apoio familiar
Fui abençoada por ter minha família e meu marido que seguraram minha mão durante todo o processo! Tenho gratidão pelos médicos competentes que encontrei, pelos amigos que estiveram presentes o tempo inteiro e por ter acesso a um sistema de saúde rápido e eficaz. O mínimo que posso fazer hoje é contar minha história para que sirva de exemplo.
Um alerta para todas as mulheres: Você que tem mais de 40 anos e tem acesso a médicos e hospitais, já fez sua mamografia? É um exame simples e que muda a sua vida de forma definitiva.
Ola! Meu nome é Isabella Martins e trabalho como Orientadora parental e como professora de educação infantil em Londres.
Tenho três filhos adolescentes e moro fora do Brasil há dez anos.
Já morei em Londres, Arábia Saudita, Singapura e agora retornei para Londres.
Tenho a oportunidade de conhecer diversas culturas e o
impacto delas na educação dos meus filhos e alunos.
Sou apaixonada por educação e adoro explicar as etapas do desenvolvimento infantil. Faço atendimentos online em Português e Inglês.
Acredito que criar relações de afeto melhoram as dinâmicas familiares e permite que tenhamos um lar onde a base seja o amor entre pais e filhos.
Siga meu Instagram para mais informações: @isabellagmartins03
Vamos juntas?