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Maternidade na Irlanda

Última atualização do post:

maternidade na Irlanda
eu com uma roupinha do meu bebe - arquivo pessoal

Eu morava na Irlanda, mais precisamente em Dublin, há 5 meses e estava casada há 2 quando descobri a minha gravidez.

Apesar de ser uma gravidez muito desejada, não foi planejada. Então, quando aconteceu, eu não estava preparada. Não sabia como a banda tocava por aqui, o tipo de assistência que teria, a quem deveria procurar. Não sabia absolutamente nada sobre a maternidade na Irlanda.

A única informação que eu tinha, e essa me agradava, era que, via de regra, eu teria um parto normal (mais um, pois tenho dois filhos adolescentes e eles nasceram de parto normal). Ufa, graças a Deus!

Grávida e o lockdown

Bom, de posse dos meus dois testes de gravidez da farmácia positivos (sim, eu fiz dois para ter certeza), lá fui eu recorrer ao maior guia da atualidade, o Mr. Google, que me ensinou o caminho que eu deveria percorrer. Mas um detalhe na minha história, no dia 12 de março de 2020 foi decretado o primeiro lockdown na Irlanda e tive o meu teste positivo no dia 17 de março de 2020.

Ou seja, eu não só estava grávida em um país em que tudo que se relacionava à gestação era totalmente desconhecido para mim, mas também estava grávida em meio a um lockdown. No início de uma grande epidemia mundial e não podia sequer imaginar o que viria pela frente.

E o que de ruim e de triste eu vivi na minha gestação foi que o meu marido não pôde estar presente em quase nenhum acompanhamento pré-natal, por causa das regras de distanciamento social. Confesso que tive momentos de enorme tristeza por causa disso durante o processo, chorei, reclamei, mas hoje, já sem a loucura de hormônios gestacionais tomando conta de mim, sei que foi o mínimo.

No entanto, graças a Deus, as coisas correram bem, pelo menos do meu ponto de vista.

Leiam também: 5 dicas de autocuidado na maternidade

É claro que eu tive que me adaptar a um tipo de acompanhamento gestacional totalmente easy going, zero invasivo, às vezes até um pouco carente, do nosso ponto de vista brasileiro. Aqui, o menos é mais. A falta de notícia significa boa notícia e somos obrigadas a aprender a deixar a natureza trabalhar.

maternidade na irlanda
Foto do hospital – Maternidade na Irlanda – arquivo pessoal

Como foram as consultas

Eu tive a minha primeira consulta, com 5 semanas, com uma General Practiotener (tipo um clínico geral no Brasil), que fez exames (bem) básicos em mim e me encaminhou para a maternidade que eu havia escolhido para ganhar neném.

Depois disso, até a 29 semana, eu tive apenas 3 consultas, alternadas entre a maternidade e a GP, e fiz duas ultrassonografias, com 13 e com 22 semanas. De 29 semanas até o parto as minhas consultas passaram a ser quinzenais. Mas isso por conta da diabetes gestacional que eu tive e foi descoberta quanto eu estava com 13 semanas.

Aqui não tem ultrassonografia antes das 12 semanas, não tem BetaHcg para confirmar gravidez, não tem medicação prescrita para nada que não seja absurdamente necessário. Com exceção do ácido fólico, é claro, e também não tem consulta mensal. Qualquer intercorrência, procure a emergência da maternidade e está tudo certo.

Como foi o acompanhamento

O que dizer do acompanhamento gestacional na Irlanda? No início, eu me senti um pouco insegura, especialmente por conta da minha idade e porque tive duas gestações no Brasil. Onde eu sempre tive plano de saúde, com um acompanhamento muito mais próximo (e muito mais invasivo também).

Aqui optei por fazer o acompanhamento 100% público. Pois sabia que não teria grande diferença do privado ou do semi-privado. Então aprendi a confiar no meu corpo, a confiar em Deus e deixar a natureza agir.

As consultas são espaçadas porque eles entendem que o nosso corpo sabe como deve funcionar para manter a gravidez, nascemos preparadas para isso. Ou seja, o médico só aparece se for estritamente necessário. Porque gestar é um processo natural, em que as midwives (enfermeiras obstétricas) são extremamente capazes de nos orientar e de agir.

Não são necessárias dezenas de ultrassonografias ou de exames. Porque o que precisa ser visto para que tenhamos uma gestação tranquila e um bebê saudável pode ser testado com exames mínimos e pontuais.

O parto pode ser conduzido de forma não invasiva, acolhedora, com respeito à mãe e ao bebê, pelas midwives que vivenciam esse momento rotineiramente e são preparadas para isso. Médico apenas se houver complicações, intervenções ou cesarianas necessárias.

O sistema funciona, a gestação flui e o parto acontece de uma maneira linda, tranquila, enebriante, encantadora e segura. E, no final, o nosso coração se enche de amor e de gratidão!”

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Renata Luz

Mãe, esposa, filha, amiga, advogada, doutora em constante busca de auto conhecimento, que largou o conforto da sua vida no Brasil para recomeçar do zero na Irlanda, ao lado do seu parceiro de vida e dos 3 filhos. Ama atividades físicas, música, leitura, boa comida, bom vinho, viajar, aprender coisas novas e celebrar a vida.

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