Meu estilo de vida: como mudou! Deixa ver se consigo explicar. Já estou fora do Brasil há 29 anos. Como o tempo passa rápido!!! Não dá pra acreditar que já faz tanto tempo.
Uma vez meu tio, que era português e imigrou para o Brasil quando tinha 18 anos, me disse:
“Morar em outro país nos dá a sensação de que somos parte dos dois, mas ao mesmo tempo as pessoas ao seu redor sentem isso diferente.” E é verdade. Aqui nos Estados Unidos, sou Claudia, “a brasileira”. Mas lá no Brasil, me chamam de Claudia “a americana”.
Estou super adaptada a morar fora do Brasil, e infelizmente o mesmo motivo que me fez abandonar meu país (a violência e falta de segurança) ainda me mantém fora dele. Mas tudo bem. A vida dá voltas … e como gira!!! Minha vida hoje é completamente diferente do que jamais pensei que seria um dia.
Chegada nos Estados Unidos
Vim para os Estados Unidos no mês de janeiro de 1991, fugindo da violência e querendo melhorar meu inglês, pra mudar o ramo de trabalho. Fazia faculdade de odontologia, mas abri mão do meu sonho de ser dentista, pra “tocar” o negócio da família; uma loja/confecção de roupas feminina e masculina.
Mas a paranóia era grande! Porta da loja trancada, segurança na frente, alarme, câmeras, etc. E tantas vezes tivemos que ir lá de madrugada porque a loja tinha sido saqueada.
Meu marido era sócio de uma agência de viagens que trazia grupos pra Disney. Então pensei: “Vou ser guia de excursão” . Mas que nada! Acabei me divorciando e ficando na terra do Tio Sam.
Aqui me sentia sem medo, tranquila. Saudades batia muito, e tinha que me contentar com cartas e telefonemas rápidos só pra ouvir um pouco a voz da minha mãe e dos meus irmãos.
Depois a coisa foi melhorando porque surgiram os cartões telefônicos pra chamadas internacionais e ficava bem mais em conta ligar pro Brasil. Naquela época, não existia internet, WhatsApp, FaceTime, Skype. Era complicado.
Logo que cheguei na Flórida, eu me matriculei num curso de inglês pra estrangeiros. Era de graça! De segunda à sexta, das 8 até às 2 da tarde.
Casamento no exterior
Comprei uma bicicleta e aluguei um apartamentinho de um cômodo. Na época, eu não precisava trabalhar. Vim com uma economia boa pra me sustentar. Até que fiquei sabendo que poderia aplicar pra um pedido de exílio.
Sabia que não iria ser aprovado, mas o processo normalmente levava uns 2 anos, e durante o andamento do processo, eu poderia ter permissão de trabalho. Então entrei com o pedido. Dois anos seria o suficiente para eu reorganizar minhas idéias, e decidir qual seria meu próximo passo.
Nesse meio tempo, conheci um americano. Namoramos e depois de quase dois anos juntos, nos casamos. E com isso consegui minha autorização de residência (GreenCard). Os 4 primeiros anos juntos foram de muito amor.
Éramos loucos um pelo outro, mas infelizmente ele se envolveu com drogas e depois de tentar por alguns anos dar-lhe suporte pra sair dessa vida louca, não aguentei mais e pedi o divórcio. No começo morávamos na Flórida mas depois mudamos para Nova York pra ficar perto da família dele, numa tentativa de ter mais gente pra ajudá-lo a sair das drogas.
Foi estressante e muito humilhante para mim. Nunca tinha vivido nada parecido. Me senti sendo atolada na lama… lama que eu não criei, nem merecia.
Problemas surgem e você longe de casa
Minha vontade era de sumir! Ia deixar tudo prá trás e ir embora, mas não podia ir sem me divorciar e pagar as dívidas que ele tinha acumulado no meu nome. Estupidamente eu tinha dado para ele um cartão de crédito adicional.
Nos últimos 5 meses do nosso casamento, fui para o Brasil ficar com minha família e dei um ultimato a ele de “ou sai das drogas ou não volto”. O que ele fez foi me deixar cheia de dívidas e vendeu tudo que era nosso (filmadora, computador, tv e até as mobílias da casa).
Voltei para a Flórida porque aqui tem o “divórcio descomplicado”. Não precisa de advogados. Comprei os formulários no Fórum, preenchi tudo sozinha e dei entrada. Três meses depois aconteceu a audiência e o divórcio foi homologado.
“E bola pra frente que atrás vem gente!”
Bola pra frente
Nunca deixei essas situações me derrubarem. Apesar de tudo, fui construindo minha vida. Enquanto rolava o processo do divórcio, arrumei emprego, trabalhei muito, paguei todas as dívidas que estavam em meu nome e me reergui.
E não é que nessa confusão conheci o Bo?!?! Ele é dinamarquês e estava aqui na Flórida para tirar a licença de piloto de avião.
Gente!!!! 2 meses depois que começamos a namorar, fui morar com ele… e hoje, quase 22 anos depois, ainda estamos juntos, com um casal de filhos lindos e cheios de grande estórias pra contar….
Nesses anos todos, oito vivemos em Dubai. Que experiência incrível foram aqueles anos!
Agora já de volta à Flórida (voltamos em 2016), as crianças no High School, um já dirigindo…. como o tempo passa rápido!!!!
Misturada que valeu a pena!
Enfim, fui casada com um brasileiro, um americano e agora (e fico por aqui:) um dinamarquês.
Meu estilo de vida? Multi-cultural.
Carrego comigo minhas raízes brasileirsa, mas ao mesmo tempo uma misturada de costumes e tradições.
Confusão que no fim das coisas, valeu à pena!
Sou carioca… carioquíssima! Meu sotaque não nega. Saí do Brasil em Janeiro de 1991. Morei e moro novamente na Florida, mas neste tempo todo, também morei 2 anos em Long Island, NY e Dubai por 8 anos.
Casada com um dinamarquês há 22 anos (Bo) e temos dois filhos. Mik 16 e Kimi 15. Sou festeira, adoro casa cheia, viajar e curtir minha família e amigos… E como a Bell, sou louca por chocolate e pela cor vermelha!