Apesar de muitas pessoas acharem que a depressão pós-férias é frescura, ela realmente existe e atinge cerca de 23% dos brasileiros – segundo estudos da International Stress Management Association (Isma).
Cada pessoa passa por essa experiência de uma maneira, e não existe um padrão e muito menos uma solução única. Neste artigo quero compartilhar com vocês o conceito da depressão pós-férias, como vivi essa experiência e o que podemos fazer para sofrer menos.
Afinal, o que é depressão pós-férias?
É uma série de reações do nosso organismo que provocam desconforto físico e sentimentos confusos. Vocês devem pensar que depressão pós-férias só acontece com pessoas que odeiam seus trabalhos ou que fazem algo de que não gostam. Afirmo que não somente elas podem sofrer com esse mal, mas uma parcela muito maior de profissionais.
Os neurônios que regulam todas as nossas funções físicas e emocionais durante as férias entram em ritmo de descanso também. É normal que durante esse período nossos horários de dormir e de acordar se alterem, assim como as refeições. Ou seja, podem haver mudanças de horário, de qualidade e quantidade. Quando estamos de férias, inclusive a prática de exercícios físicos pode ficar prejudicada. Afinal, quem vai querer ir à academia neste período, não é mesmo?
Sendo assim, quando voltamos ao trabalho, nosso corpo está totalmente relaxado e em outro ritmo, fora da nossa antiga rotina. Por isso a depressão acontece nesse período de readaptação do organismo.
Isso acontece com nosso emocional, principalmente se você viajar durante as férias. Nesse caso então, você passa a vivenciar toda aquela sensação de liberdade, de conhecer lugares novos, experimentar coisas novas, livre de compromissos, horários e obrigações.
É muito rápida a nossa adaptação a essa situação que é tão agradável e, sendo assim, quando retomamos a rotina, vem em geral aquela tristeza! Inconscientemente, acreditamos que estamos presos novamente à rotina e às responsabilidades. Perdemos aquela sensação de liberdade que nos fez tão bem.
Com o tempo, voltamos a entender que é justamente a nossa rotina e a responsabilidade que nos proporcionam esses momentos de lazer.
O que pode agravar a depressão pós-férias
Muitas vezes trabalhamos em um ambiente que não é agradável, com pessoas de quem não gostamos e até fazemos atividades com as quais não temos sintonia. Às vezes estamos em um emprego apenas para ganhar o salário, para sobreviver, não existindo ali um senso de propósito. E se for assim, onde fica a vontade real de trabalhar e se dedicar? Imagina voltar de férias e ter que encarar esse lugar? Será torturante pensar nisso.
Deixo aqui um episódio do meu Podcast onde falo mais sobre o impacto do ambiente de trabalho na nossa vida. Escute agora!
Como foi para mim a depressão pós-férias?
Desde o inicio da minha carreira eu busquei empresas multinacionais. A principio, era um grande sonho e um desejo meus trabalhar em grandes empresas. Isso porque eu tinha a ilusão de que, nesse tipo de trabalho, eu teria a oportunidade de viajar para conhecer o mundo. Com o passar do tempo, percebi que isso não fazia mais sentido para mim. E fui vendo que não contribuiria com as pessoas, como tenho condições de fazer hoje em dia.
Sempre dizia uma frase naquela época, quase como se fosse um mantra para mim: “Eu trabalho para viajar”. À primeira vista, pode parecer uma frase inocente, mas por trás dela existe um significado pesado, pelo menos no meu ponto de vista.
As férias e a viagem significavam na verdade uma fuga, um momento onde eu realmente poderia ser livre, feliz e ser quem eu realmente sou. Por esse motivo, o retorno das férias sempre foi muito difícil, pesado e realmente sofrido para mim. Parecia até um castigo, ter que deixar para trás toda aquela liberdade, todo aquele mundo grande que estava conhecendo, para retornar ao trabalho.
A virada de chave
Aconteceu quando decidi seguir meu coração e trabalhar com o que realmente fazia sentido para mim. Abandonei a vida corporativa e foquei somente na clínica e, assim, essa depressão pós-férias foi reduzindo drasticamente.
Hoje, não sinto desânimo de voltar para o trabalho, porque faço o que eu amo – que é ajudar as pessoas a encontrarem leveza em suas vidas. Mas isso não quer dizer que não sofra dos sintomas físicos da preguiça de retomar a rotina (principalmente os exercícios físicos). A alimentação já é algo mais fácil, porque sempre ficamos com saudades de comer a nossa comidinha, aquela com o nosso tempero!
Sou expatriada, o que muda pra mim?
Muitas pessoas que moram fora do Brasil acabam tendo facilidade para fazer viagens mais curtas a lugares próximos, e talvez isso não dê a elas um real sentimento de “férias”. Porém, observo também que muitas pessoas esquecem de que, quando vão para o Brasil, para visitar parentes e amigos, estão indo de férias sim, embora não percebam que seja esse o caso.
Por mais que você pense: “Sou brasileira, estou somente voltando para casa, isso não é férias”. Na verdade, a conclusão é a seguinte: sim, você é brasileira, porém você não está voltando para casa! Agora você construiu sua vida, sua rotina, seu trabalho em outro país. Você tem casa, afazeres e tudo mais em outro lugar que não é o seu país.
Quando você volta para o Brasil, você não tem casa, não tem obrigação, você está realmente passeando e matando a saudade de pessoas, lugares e comidas. Por mais difícil que seja encarar isso, é um fato real. Portanto, sim, você está de férias no Brasil.
E por esse motivo, a depressão pós-férias pode ser mais desafiadora. Pois além dos sentimentos e sintomas normais, a expatriada tem o agravante do famoso homesick, que é a nostalgia, a saudade da sua terra natal.
Por isso repito sempre: A depressão pós-férias é um assunto muito importante.
O que fazer com tudo isso, então?
Aqui estão algumas dicas que podem te ajudar a lidar com a depressão pós-férias:
- Dê tempo para se ajustar: É normal sentir-se um pouco triste ou desanimado após voltar das férias. Permita-se esse tempo para poder se readaptar à rotina novamente.
- Faça coisas que você gosta: Reserve um tempo para fazer as coisas que você gosta e que te trazem alegria para a sua vida, mesmo que seja algo simples como ouvir música, assistir um filme ou praticar um hobby.
- Planeje atividades: Planeje atividades agradáveis que possam ajudar a quebrar a rotina e criar planos para os próximos dias. Ou seja, pode ser tanto uma atividade física, uma viagem de fim de semana ou simplesmente sair para jantar com amigos.
- Mantenha uma rotina saudável: Isso pode ajudar a manter seu humor e energia em alta. Certifique-se de dormir o suficiente, comer alimentos saudáveis e fazer exercícios regularmente.
- Fale com um profissional de saúde mental: Se você estiver lutando com depressão pós-férias ou sentindo-se sobrecarregado, considere falar com um profissional de saúde mental que pode ajudá-lo a lidar com seus sentimentos e desenvolver estratégias para superá-los.
E, finalmente, para conseguir fazer tudo isso, exercite a autocompaixão. Ela é importante para qualquer momento da sua vida, para trazer leveza para seu dia a dia. E em momentos de crise ela é essencial. Você pode ler mais sobre o assunto no meu texto do blog. Leia aqui.
Lembre-se sempre: qualquer tipo de desconforto emocional não é frescura, é muito sério e importante. Não importa o que os outros digam, a opinião que mais importa é a sua.
Cuide do seu maior bem: você! Lembre-se, não é necessário passar pelos entraves da vida sozinha.
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Minhas redes e contato
Olá! Eu sou Beatriz Setto Godoy, mais conhecida como Bia.
Uma ítalo-brasileira, apaixonada pelo mundo: por conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes.
Tenho formação em Administração, Psicanálise, em Comunicação Não-Violenta e em Programação Neurolinguistica.
Sou uma arquiteta de pessoas especialista em comunicação assertiva.
Facilito treinamentos na área de comunicação, atendimento, liderança com o foco em criar conexões e melhorar o clima organizacional adquirido nos meus 20 anos de CLT.
Com minha experiência de vida ajudo pessoas do mundo todo a se conhecerem para viverem com leveza e sentido.
Realizo atendimentos psicoterapêuticos em português e inglês.
Criei o Podcast Conecte-se com a sua Jornada, escrevo como colunista de um Blog para expatriadas e para uma revista Espanhola sobre bem estar, a Therapies Magazine e também, sou escritora de livros.
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