Durante algum tempo nosso sonho de morar fora ficou adormecido! Mas foi em 2016, quando a crise no Brasil bateu à nossa porta, e meu marido ficou desempregado, que este sonho despertou. Foi então que começamos a pensar em alguns possíveis destinos: Austrália, Irlanda, Canadá… Holanda? Talvez! Fomos conversando com nossos amigos e pessoas que já tinham vivido ou que ainda viviam nesses lugares. Nas nossas pesquisas acabamos percebendo algumas coisas.
Analisando onde poderíamos morar
1. A Austrália é linda, um sonho, mas seria difícil conseguir emprego estando no Brasil. Seria possível irmos através de um intercâmbio estudantil e, quem sabe, conseguir emprego depois. Fizemos as contas e achamos muito arriscado.
2. Existem várias oportunidades de emprego na Irlanda, mas assim como na Austrália, as empresas preferem contratar as pessoas que já estão lá. Também poderíamos ir como estudantes, mas mais uma vez, seria muito arriscado. Transformar os gastos de reais para euros, sem ter uma certeza de que conseguiríamos trabalhar, era um risco que não queríamos correr.
3. Para o Canadá existe uma pontuação e teríamos que tirar uma certificação em inglês. Chegamos a cogitar a assinatura de um site especializado em realocação profissional. Enquanto pensávamos sobre essa assinatura, enviamos vários currículos mundo afora. Treinamentos para entrevistas em inglês foram realizados, até que nos mudamos para o interior de Minas Gerais. Ali vivemos por três meses antes do processo seletivo para a Holanda dar certo. Não contei para ninguém até ter as passagens em mãos… “vai que dá algo errado?!”
Preparativos para a mudança para a Holanda
Com a confirmação da ida, várias perguntas surgiram, e a minha pesquisa começou. Eu não podia acreditar, pulava de alegria e já pensava nos próximos passos. Além de pesquisar TUDO sobre a Holanda, comecei a vender o que tínhamos, incluindo algumas coisas que havíamos acabado de comprar. Eu sabia que não valeria a pena levar muita coisa.
Anunciei as mobílias, roupas e até sapatos em um grupo do Facebook e vendi bastante coisa – até cabides! Claro que também doamos algumas coisas, mas a maioria eu consegui vender. Já seria uma ajuda, considerando que ganhávamos em reais e, apesar do euro estar por volta de R$3,00 (bons tempos!), não viemos com muito dinheiro. Deixamos a maioria do que tínhamos no Brasil, mesmo porque não sabíamos onde estávamos pisando.
Para ter certeza de que tudo daria certo, e sem conhecer ninguém na Holanda naquele momento, mandei um arquivo para a família com os nomes e perfis do LinkedIn de pessoas que se comunicaram com a gente. Precavidos, né? Vai que era tudo um grande golpe? Eu preferi tomar cuidado, mas nada disso foi de fato necessário.
Chegando na Holanda
Nos mudamos para Eindhoven em março de 2017. Alugamos um carro em Amsterdã e passamos muitas horas em um trânsito lento (mas nada comparado ao de Belo Horizonte) até chegarmos ao nosso destino. Era um hotel chamado Glow, que em nada se parecia com algum hotel já visto no Brasil. Cadê o letreiro? Cadê o nome do hotel?
Já estava escuro, não achávamos vaga no estacionamento próximo onde o hotel deveria estar, e ficar dando voltas pelas ruas com carros, (muitas) bicicletas, pedestres e ônibus – no sentido contrário ao dos carros (na mesma via!) – nos deixou inseguros.
Após aproximadamente 30 minutos de voltas, tentativas de estacionar, conseguimos parar o carro e resolvemos finalmente ir a pé procurar. E então o encontramos! Obrigada, Google Maps!
Vamos jantar? Sim, claro! Nos arrumamos muito para aproveitar o nosso primeiro jantar na Holanda e comemorar tamanha realização. Afinal de contas, esta era “a primeira noite do resto de nossas vidas!”. Entramos em um, dois, vários restaurantes e a resposta era sempre a mesma: “a cozinha já fechou”. Às oito da noite?!? Este talvez tenha sido nosso primeiro choque cultural. Resultado? Resolvemos comer em um fast food. Pelo menos as redes americanas ficam abertas até tarde.
Sobre Eindhoven
Eindhoven é uma cidade internacional bem movimentada, com várias empresas na área de tecnologia. Eu amei cada segundo lá e virei criança outra vez. Tive que reaprender tudo! A andar de ônibus, a reconhecer as ruas e descobrir onde fazer o quê. Incluindo ai as compras e que tipo de produto era bom para cada coisa. Andar de bike eu já sabia, mas aqui virou parte importante na minha rotina. Até hoje percebo que estou aprendendo. Aprendo a conviver com culturas diferentes, a sobreviver em um país que não fala a mesma língua que eu, e que tem tantas diferenças.
Vivendo na Holanda
Em três meses vivendo na Holanda consegui meu primeiro emprego como recrutadora e realizei um grande sonho: o de ajudar outros brasileiros a conquistar uma oportunidade aqui, como eu consegui. Selecionei profissionalmente muitos brasileiros e alguns são meus amigos até hoje. Por mais que os holandeses sejam pessoas receptivas e bacanas, é difícil fazer amizade com eles.
Não que não sejam educados e interessados em mim, mas o interesse deles não passa do propósito do encontro. Por exemplo, comecei a jogar futebol. Então algumas pessoas ali conversavam comigo. No trabalho até consegui fazer amizades com alguns holandeses, principalmente aqueles que tiveram alguma experiência internacional. Tudo isso para dizer que os amigos que tenho aqui são brasileiros. Mesmo que eu tentasse (e ainda tento) fazer amizades internacionais ou com holandeses, essas são poucas e raras.
Já não sinto falta de nada que tenha no Brasil. Pelo menos em relação às coisas materiais, porque aqui temos de tudo. Mas, sinto falta de pessoas, algumas delas em específico. Nada que me faça querer voltar para o Brasil, mas se eu pudesse, traria todos os “queridos” para viver aqui perto de mim.
E assim foi nossa mudança para a Holanda. Espero que tenham gostado de saber um pouco da nossa história. Caso deseje saber mais sobre a Holanda, só deixar uma comentário que será um prazer responder.
Leia também: 10 Coisas que você precisa saber antes de mudar para a Holanda
Sou Mineira original de Belo Horizonte, morando na Holanda desde 2017. Morei em Eindhoven, Waalre a agora moro na região de Utrecht. Quando me mudei, me tornei recrutadora internacional e após uma longa jornada descobri o que realmente gosto de fazer, ajudar pessoas, atuar próxima às pessoas, aos candidatos. Hoje, faço duas coisas, além da consultoria de carreira sou Tech Recruiter para diferentes empresas na Holanda. Tenho acesso a mais de 60 vagas técnicas e trabalho aproximadamente 10 delas apenas. Primeiramente para manter um foco e em segundo lugar, trabalho primeiro vagas que exigem apenas o Inglês.
Faço parte de um coral local, sou soprano e amo cantar. Também faço trabalho voluntário em uma escolinha local. Moro com meu marido e duas cachorrinhas fofinhas.
Gosto de fazer longas caminhadas, viajar, conhecer restaurantes novos, principalmente veganos ou vegetarianos.
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