Sabe aquela tradição familiar de Natal e Ano Novo? Nunca tive! Nada grave; meus pais simplesmente sempre foram mais desconectados das tradições e obrigações e, por isso, nunca houve imposição sobre o que fazer nesta altura no ano. Isso se converteu em uma grande vantagem da vida de expatriada, uma vez que não há sofrimento em estar longe da família, de comer aquele bacalhau à espanhola ou lombinho de porco. É como ter uma nova vida, com novos hábitos.
E já que não há os almoços e os jantares “obrigatórios”, o que nos resta fazer?! Viajar! Sim, este ano resolvemos viajar no Natal. Foi uma decisão bem em cima da hora, já que havia um risco de não poder circular no grande feriado do Natal em virtude dos casos de contágio por COVID-19. Mas afinal, foi permitido e colocamos o pé na estrada.
Escolhemos como destino a Serra da Estrela, o ponto mais alto de Portugal continental, onde alguns dias antes havia nevado e tínhamos a esperança de encontrar neve. Queríamos ver a neve cair, pisar na neve fofa, encontrar tudo branco ao acordar, fazer anjinho, fazer uma família de bonecos de neve, fazer guerra de neve! Esquiar, fazer snowboard, descer de trenó, cair e levantar várias vezes!
Bem, para quem vive em países que neva muito e com frequência, isto soa como uma bobagem, uma coisa comum ou, até mesmo, uma coisa chata. Afinal, imagino que não deve ser nada fácil ter que tirar pás de neve da porta de casa todos os dias!
Mas, para cariocas que vivem em uma cidade solar na grande Lisboa à beira mar, onde há sol e céu azul cerca de 300 dias por ano, ver neve assim é uma delícia! A intenção era brincar e se divertir por alguns dias como que em um cenário de filme.
Mas ela não veio…
Pois é! Triste dizer, mas a neve não apareceu! Havia algum gelo remanescente, suficiente apenas para fazer uma foto “em close”. Mas nada de anjinhos, família de bonecos de neve ou esportes.
Se isto frustrou a viagem? Nem um pouco! “Se a vida te dá uns limões, faça uma caipirinha”, já diz o ditado! Como o tempo estava bom, passeamos muito pela região que tem uma natureza belíssima, além de algumas cidades bem pequenas, que formam as chamadas Aldeias de Xisto.
Dos vários lugares por onde passamos, o Covão d’Ametade arrebatou nosso coração! LINDO! O Covão é um vale cheio de árvores e por onde passa um rio. Parece, e é, algo bem simplista; mas a natureza é tão incrível que é mesmo de tirar o fôlego!
Próxima parada: Piódão
Piodão é uma aldeia de xisto clássica, enquadrada nas “Aldeias Históricas de Portugal” e também conhecida como “A Aldeia Presépio“, dada a sua similaridade quando vista de cima. Uma cidadela instalada em escarpas íngremes, com casas construídas por paredes e tetos de pedra que contam ainda com portas e janelas azuis, que dizem espantar os maus espíritos. Parece uma pintura! Ficamos andando pelas ruazinhas, a tentar perceber como é que aquela cidade começou, quem decidiu que ali era um bom lugar e por quê. As perguntas permaneceram em nossa cabeça, mas temos a certeza: taí a nova tradição de natal que queremos todos os anos!
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Otimista por natureza, moro em Portugal há 3 anos e sou fundadora da HOMERRY, uma plataforma de serviços imobiliários.