Quando mudamos para um novo país, existe toda a euforia de estar vivenciando o novo, lugares interessantes, sabores diferentes e a nova cultura que encanta por suas peculiaridades e diferenças.
Mas esta euforia vai passando e dando lugar ao dia a dia. E as questões rotineiras, junto com as expectativas criadas que muitas vezes precisam ser reformuladas, podem sim ser fonte de estresse, medos e inseguranças e colocar a relação num lugar delicado.
Razão de algumas mudanças
Muitas vezes, aceitamos a mudança porque nosso parceiro ou parceira recebeu uma proposta de emprego. Isso pode trazer segurança financeira para a família, ou mais qualidade de vida e segurança, ou mesmo mais oportunidades para nossos filhos.
Quem renunciou ao que fazia para seguir o companheiro ou companheira, pode vivenciar a angústia e a dúvida de ter feito ou não a escolha certa. Estas questões podem trazer insegurança, medo e desconforto pela dependência financeira e por estar exercendo um papel novo dentro desta relação. E tudo isso pode ser sim uma fonte de conflito.
Todos estão vivendo seus processos de adaptação
Se não criarmos espaço para colocar estas vivências, sentimentos, percepções e angústias, se não tivermos paciência um com o outro e compreender que todos estão num processo de adaptação, se não levarmos em conta o outro, vamos estar sendo egóicos ao olhar para as nossas dores e necessidades.
Vamos ter olhos somente para o que desistimos e para as dificuldades que o novo papel nos traz. Se não incluirmos o outro, vamos gerar um conflito desleal.
É muito importante aprender a abrir espaço para a comunicação e tentar compreender que todos estão fora de suas zonas de conforto.
Fora do nosso país os problemas tem uma carga diferente
É um pouco mais simples ter problemas de trabalho, pessoal ou de relacionamento dentro do nosso país, aonde temos uma rede de proteção e apoio que nos ajuda e nos acolhe.
Quando estamos fora do país, temos que contar com nós mesmos, com o parceiro/a e quem decidiu embarcar nesta aventura.
É muito importante estar revendo os desejos e expectativas em relação ao que é possível estar fazendo e a realidade a nossa frente. Precisamos compreender que muitas vezes os choques culturais vão trazer impacto para dentro da relação.
Por exemplo, aqui em Dubai não podemos ter demonstração de afeto em público. Não podemos beijar nossos pareceiros/as em público, isso acaba criando um certo distanciamento emocional e uma nova forma de ser dentro do mesmo relacionamento.
Aprender novas posturas
Se olharmos todas estas vivências como uma forma de desafio e expansão da relação, vamos estar nos fortalecendo e nos engajando muito mais dentro desta nova dinâmica e na adaptação uns dos outros.
Vou aprendendo a me tornar responsável por coisas que nem me preocupava antes. Talvez participe mais da vida dos filhos, talvez tenha mais paciência com a dependência do meu parceiro/a.
Em muitos casos a mulher perde totalmente sua autonomia, por ter renunciado ao antigo papel, por não falar a língua do novo país e por ter que ser levada pelo marido numa simples consulta médica, o que fazia antigamente sem o menor problema.
E esta dependência e estes novos papéis podem trazer pressão para a relação, podem causar impacto, pois vamos ver nossos pares trazendo a tona aspectos novos da personalidade que não eram perceptíveis antes.
A mudança expande
O aspecto positivo de toda a mudança, de todas as renúncias é colocar a relação e a família numa nova situação que nos possibilita adquirir novas habilidades que nem sabíamos possuir.
Por estar vivenciando um momento diferente, devemos buscar novas perspectivas, novos pontos de vistas, novas habilidades, novas formas de olhar as mesmas coisas.
Às vezes temos a fantasia infantil de que tudo vai ser perfeito no novo país, porém precisamos compreender que algumas coisas vão dar errado, imprevistos vão acontecer. Emoções básicas como tristeza, medo e insegurança vão continuar a fazer parte das nossas vivências. Pois são desafios emocionais que sempre vão nos acompanhar.
Ser honestos com nossos sentimentos
O importante é ter coragem de olhar para dentro de nós, encarar nossos sentimentos. Ser honestos com o processo que estamos vivendo, ser franco um com o outro, abrir espaço para a comunicação e compreender que se reinventar não é fácil.
Vamos precisar de coragem, mas ter a certeza que sairemos fortalecidos no final do processo. A paciência é importante, a comunicação é vital, pois todos estão vivenciando seus próprios processos de adaptação.
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Sou psicóloga Junguiana, formada pelo Mackenzie. Ao longo desta jornada, fui adquirindo outras ferramentas, como terapia comportamental, Reiki, Florais de Bach, aromaterapia e hipnose. Amo este caminho que escolhi, sinto gratidão por poder fazer parte da caminhada de outros seres humanos. Sou paulistana, adoro farinha, moro fora há 17 anos e sofro de saudades crônicas. Sou casada e mãe de um menino lindo que me traz os melhores desafios da minha vida.
