As primeiras evidências de escrita em Malta pelos fenícios
Hoje iniciamos com as primeiras evidências de escritas em Malta, demonstram a presença significativa dos fenícios no Mediterrâneo, um marco fundamental na história da ilha. Desde a pré-história, entende-se que Malta ocupava uma posição estratégica no coração do Mediterrâneo, mas a chegada dos fenícios consolidou essa importância.
Os fenícios são originários da região que hoje está localizado o Líbano e partes da Jordânia. Eles eram comerciantes e exploradores excepcionais, sendo reconhecidos como os criadores do corante púrpura, uma mercadoria altamente valiosa no mundo antigo.
Os fenícios deixaram um rico legado em Malta, história que se pode acompanhar no segundo andar do Museu Nacional de Arqueologia em Valletta. Lá, os visitantes podem aprender sobre o comércio de cerâmica, cobre, ouro e madeira de cedro trazidos de sua terra natal, como também de outras regiões.
Suas inovações náuticas, evidentes através de seus navios comerciais, ainda se mantêm nos tradicionais barcos malteses Luzzu. Esses barcos se concentram especialmente em Marxaslokk, uma vila tradicional de pescadores locais . Os barcos eram usados para transportar mercadorias como sal do norte da África, cobre cipriota, marfim egípcio e tecidos tingidos de púrpura. Os fenícios, portanto, desempenhavam um papel crucial no comércio marítimo daqueles tempos.

Surge a primeira capital de Malta fundada pelos fenícios
Como exploradores, os fenícios estenderam sua influência muito além do Mediterrâneo, alcançando regiões tão distantes quanto a Inglaterra e a Irlanda. No entanto, seu estabelecimento em Malta marcou um capítulo significativo na história da ilha. Por volta do século VI a.C., os fenícios fundaram a cidade de Maleth, hoje conhecida como “Cidade Nobre” ou “Cidade Silenciosa”. E, para quem já pesquisou a fundo sobre Malta na internet, ela também é conhecida como a primeira capital de Malta: Mdina.
Evidências arqueológicas, como tumbas escavadas na rocha, confirmam que Malta servia como refúgio e centro estratégico, devido à sua localização geográfica. Os portos naturais malteses solidificaram ainda mais sua importância, assim como os numerosos vestígios da atividade fenícia encontrados nas ilhas maltesas.
As práticas religiosas fenícias foram profundamente influenciadas por tradições do Levante e do Egito. Exemplo disso é o Santuário de Tas-Silġ, um testemunho de sua fé. Lá podemos encontrar artefatos de templos, como altares e bacias megalíticas, então fundamentais para os seus rituais.
A Deusa Mãe, com semelhanças à deusa egípcia Ísis, venerada como símbolo de fertilidade, junto com Baal, reflete um sistema de crenças complexo. Seus costumes funerários incluíam sarcófagos, cremação e embalsamamento, revelando uma forte crença na vida após a morte.
As influências grega e cartaginesa
Com a consolidação dos fenícios em Malta, a ilha passo a chamar a atenção dos gregos. No século VIII a.C., a comunidade grega, principalmente vinda da Sicília, começou a colonizar o Mediterrâneo e territórios vizinhos. Embora Malta não fosse um local de grande importância para os gregos, suas influências podem ser encontradas em tradições e artefatos descobertos na ilha.
Os gregos introduziram sua língua, arte e práticas religiosas, deixando vestígios em cerâmicas e arquitetura. No entanto, suas tentativas de dominação foram contidas pelos fenícios, que mantinham o controle das principais rotas comerciais, incluindo o estreito de Messina. Ufa, quanta história né?!
Declínio da influência dos fenícios na ilha
Continuamos agora com a história do declínio da influência fenícia. Nesse sentido, sua comunidade ocidental, conhecida como Cartago, ganha destaque. Situada na Tunísia, Cartago herdou a habilidade marítima dos fenícios e expandiu seu domínio sobre Malta no século VI a.C.
Sob o domínio cartaginês, Malta tornou-se um importante entreposto comercial e base naval, servindo como ponto estratégico entre o norte da África, Sicília e a Península Ibérica. Os cartagineses fortaleceram as ilhas e desenvolveram seus portos, expandindo seus domínios com Marsaxlokk e, posteriormente, também agregando o Grande Porto de Valletta. Descobertas arqueológicas, como tumbas púnicas e inscrições significativas, evidenciam essa forte influência cartaginesa.

As guerras púnicas
Mas se você acha que paramos por aqui, está enganada, pois Malta vivenciou ainda muitas coisas. A seguir, vamos às guerras púnicas (264-146 a.C.), uma série de conflitos entre Cartago e Roma, quando Malta passou a se tornar um território contestado.
Durante a Primeira Guerra Púnica (264-241 a.C.) Roma marcou sua expansão inicial no Mediterrâneo ocidental, culminando com a conquista da Sicília. Devido à sua localização, Malta tornou-se, então, um prêmio estratégico.
Na Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.), o famoso general cartaginês Aníbal, intensificou os esforços contra Roma. Embora Malta não tenha sido um alvo direto, sua posição estratégica tornou-a objeto de disputa. Mas em 218 a.C., as forças romanas, lideradas por Tibério Semprônio Longo, tomaram Malta dos cartagineses, que se renderam sem grande resistência, iniciando o período de domínio romano.
Será que agora teremos um pequeno sossego? A resposta é sim! A partir de então, a ilha entrou em um período de estabilidade e prosperidade sob o Império Romano. Integrou-se à província romana da Sicília, beneficiando-se de infraestruturas avançadas, como estradas, banhos públicos e sistemas administrativos. Maleth o nome de nossa Mdina atual, nesta fase passa a se chamar Melite e então torna- se o centro administrativo, com fortificações reforçadas.

O período romano de Malta
Com o domínio romano, o latim se tornou o idioma oficial, e elementos culturais romanos, como leis, religião e costumes passaram a fazer parte da vida maltesa . Luxuosas vilas romanas foram construídas, algumas das quais ainda podem ser vistas no Museu Domus Romana, em Rabat.
Mas como não mencionar um evento marcante que ocorreu em 60 d.C., quando, segundo os Atos dos Apóstolos, São Paulo naufragou em Malta durante sua viagem para Roma. Sāo Paulo teria residido por três meses na Ilha maltesa. Mais precisamente em uma gruta hoje chamada atualmente de gruta de São Paulo, localizada em Rabat. Lá, segundo a bíblia cristã, ele teria realizado milagres, incluindo a cura do pai de Públio, governador romano da ilha. Esses acontecimentos são considerados o início do cristianismo em Malta.
Já durante o reinado do imperador Adriano (117-138 d.C.), Malta torna-se um “municipium”, concedendo cidadania romana à população e integrando-a ainda mais ao império. Mas, como nada é eterno em Malta, vivenciará o declínio do Império Romano do Ocidente. A partir daí, em 535 d.C., passa para o domínio bizantino, tornando-se parte do Império Romano do Oriente. Malta, porém, sempre resiliente e, apesar da instabilidade, passa então a servir como um pequeno posto militar, sendo por um breve período ocupada por vândalos e godos antes de retornar ao controle bizantino.
O período árabe
Mas agora já quase nos tempos modernos (brincadeira!), digo em 870 d.C., a dinastia árabe aglábida, do atual território da Tunísia e Argélia, conquista Malta. A partir daí, ocorrem mudanças e avançados sistemas de irrigação passam a ser introduzidos. Assim, novos cultivos e estilos arquitetônicos também deixaram um legado duradouro até os dias atuais. Apesar das tentativas bizantinas de recuperar a ilha, os árabes mantiveram seu domínio até 1091. Naquele ano, o conde normando Rogério I da Sicília capturou Malta, impondo tributos, mas permitindo que os governantes árabes locais mantivessem suas tradições. Seu filho, Rogério II, consolidou o controle normando em 1127, marcando a transição de Malta do domínio islâmico para o cristianismo latino.
Calma! Estamos apenas acabando uma parte da história maltesa. Após o domínio normando, Malta passou então para a dinastia suábia dos Hohenstaufen, sendo fortificada por Frederico II. A ilha testemunhou então a expulsão definitiva dos árabes e a total cristianização de sua sociedade, sendo incorporada ao domínio angevino (francês). Mas a insatisfação com o governo francês acabou por levar à Revolta das Vésperas Sicilianas em 1282, resultando na transferência do controle de Malta pela a coroa de Aragão (Espanha).
Com os aragoneses, Malta viu o fortalecimento de sua nobreza local, sendo concedidos títulos como recompensa por lealdade e serviço. No entanto, a ilha também passou por períodos de turbulência feudal, até ser reincorporada ao domínio direto da coroa aragonesa.
Chegamos ao final do período medieval, emergindo como um cruzamento cultural e estratégico, moldado por diferentes potências do Mediterrâneo e prestes a entrar em uma nova era sob o domínio dos Cavaleiros de São João.
Num outro momento trago o próximo capítulo de um resumo da história de Malta.
Até breve!
Bruna Maier
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Bruna Maier
Bruna Maier é uma mulher de força e determinação, mãe solo de três filhos e residente em Malta há mais de uma década. Ela é uma empreendedora de sucesso e fundadora da UBM Travel by Bruna Maier, a única agência de turismo brasileira licenciada pela MTA e Cadastur, atuando como representante oficial para visitas a Malta. Reconhecida pela sua expertise na indústria de turismo e intercâmbio, Bruna se destaca no mercado por sua dedicação e paixão por oferecer experiências únicas aos seus clientes.
Além de ser uma referência no turismo, Bruna desempenha papéis múltiplos como consultora, mentora, coach e terapeuta sistêmica. Sua missão é ajudar as pessoas a descobrirem seu potencial máximo, enfrentarem desafios e transformarem suas vidas pessoais e profissionais. Com uma carreira sólida e experiência adquirida em quatro continentes, Bruna oferece um serviço personalizado e de alta qualidade, focado no sucesso e bem-estar de seus clientes. Suas abordagens inovadoras e empáticas garantem que cada pessoa que se conecta com ela tenha uma jornada enriquecedora e inesquecível.