Nunca pensei que fosse dizer um dia que eu passei por uma emergência na Arábia Saudita. Nenhuma expatriada planeja ter um acidente quando vai morar fora. Percebi que era importante compartilhar algumas das lições que aprendi ao passar por essa experiência e falar sobre isso nesse artigo.
Passei por uma emergência na Arábia Saudita, e agora?
Para começar, eu estava tomando um café na minha sala de estar em estilo árabe em uma linda manhã de sexta-feira. Os sofás de estilo majlis são baixos e exigem que você se sente no nível do chão. Levantei-me e perdi o equilíbrio, o que me levou a cair sobre a própria perna. Na hora eu senti que algo estava muito errado depois de ouvir um estalo alto. Logo em seguida da queda fiquei imobilizada no chão. Comecei a perder rapidamente a consciência por causa da dor.
A primeira reação foi tentar ligar para um hospital particular para solicitar uma ambulância, como faríamos em Dubai. Contudo não conseguimos e percebemos logo depois que é preciso saber o que fazer em caso de acidente no país em que você mora, pois isso varia muito. Ligamos para o serviço público de ambulância, que na Arábia Saudita o número é 997.
Dessa forma nossa ligação foi atendida instantaneamente e recebemos um link via whatsapp para compartilhar a localização com a ambulância mais próxima. O atendimento foi prestado no idioma inglês com suporte telefônico oferecido durante os minutos que esperamos a chegada dos paramédicos. A equipe foi muito atenciosa e nos deixou no hospital particular de nossa escolha.
Seu seguro vale ouro
Nesse ínterim descobrimos que a sua escolha de seguro de saúde é muito importante. É prática muito comum na Arábia Saudita aguardar a aprovação antes de realizar qualquer serviço bem como radiografias e outros exames feitos na emergência. Ou seja, certifique-se de pesquisar sobre sua seguradora e conhecer sua apólice logo ao chegar na Arábia Saudita. Em contrapartida você pode acabar esperando horas para ser atendido.
Nesse sentido, o seu seguro define sua escolha de hospital para tratamento. Todos os hospitais da rede privada tem atendimento de emergência. Do mesmo modo, os residentes expatriados tem acesso apenas ao sistema de ambulância gratuito.
Fica a dica: o processo de admissão é muito mais fácil dentro de uma cadeia que você já visitou, pois os arquivos dos pacientes são compartilhados entre as filiais.
Onde receber tratamento médico?
Acima de tudo essa escolha é muito pessoal. No meu caso, visitei o hospital mais próximo para o primeiro atendimento, mas optei por operar no Sulaiman Al Habib Arrayn depois de receber várias recomendações de um especialista reconhecido para o meu caso. Também recebi várias recomendações sobre o Dallah Hospital e AlDara Hospital.
Um ponto chave é que a comunidade de mulheres brasileiras expatriadas foi fundamental para me ajudar a encontrar o cuidado certo. Entrei em contato pelo grupo do whatsapp solicitando uma recomendação e recebi várias mensagens de compatriotas preocupadas.
Fica a dica: ingressar em um grupo local de expatriadas é muito importante, pois essas pessoas serão vitais para apoiá-la enquanto você estiver morando fora do Brasil.
Paciente admitida
Passar por uma operação fora de casa é sempre uma situação estressante. É muito importante falar abertamente com a equipe do hospital e pedir enfermeiros que possam se comunicar bem com você em um idioma comum. Da mesma forma recomendo levar alguém que possa ficar com você no hospital. A equipe de enfermagem aqui, em geral é diferente do Brasil, se limita a medicação e curativos. A assistência ao banho e idas ao banheiro foi feita pelo meu companheiro durante a minha internação.
Assim também é importante preparar uma mala completa para o hospital. Notei logo quando cheguei que o banheiro não tinha sabonete para banho ou xampu. Por outro lado sentimos a falta de lanches entre refeições. A estadia padrão inclui três refeições e a alimentação disponível no hospital era do tipo fast food. Por isso, meu parceiro embalou opções saudáveis como barras de granola e nozes para nos manter durante todo o dia.
E por fim, a recuperação
Depois de uma semana no hospital, finalmente cheguei em casa. Quando começou minha jornada oficial para a recuperação. Uma informação importante é que existem vários serviços em casa disponíveis para fisioterapia e curativos. Tal qual o serviço de empresas como Hala Health podem dar mais conforto durante a reabilitação.
Apesar de tudo, essa experiência me ensinou muito sobre como lidar com esses desafios vivendo fora do Brasil. Senti o real valor das amizades formadas com outras expatriadas. E para concluir, vou passar as próximas semanas com o pé para cima sendo bem cuidada ao lado do meu adorável cachorrinho Pepe.
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Sou natural de Brasília e me defino como uma expatriada crônica: que vive uma vida de nômade moderna. Tenho 32 anos e já me mudei onze vezes de cidade e morei em três continentes diferentes. Um ano normal para mim envolve mais de cinquenta vôos, tanto para trabalho quanto para lazer. Desde 2020, moro em Riad (Arábia Saudita), onde trabalho como Gerente Comercial e de Comércio Exterior em uma entidade governamental. Sou formada em Linguística pelo Kings College London e tenho muito interesse em intercâmbios culturais, o que me levou a visitar 61 países até hoje.