Como é a organização do sistema educacional internacional e o que significam as siglas GCSE, IGCSE, A-Levels e IB e como elas afetam a trajetória acadêmica dos filhos?
Quando famílias brasileiras se mudam para países como o Reino Unido ou optam por escolas internacionais em qualquer parte do mundo, se deparam com uma verdadeira “sopa de letrinhas” educacional. O que eu gostaria que tivessem me explicado quando me mudei pela primeira vez de país?
Portanto, este artigo tem como objetivo explicar de forma clara os três principais programas educacionais internacionais mais conhecidos e disponíveis na maioria dos países: IGCSE, A-Levels e IB. Se você é mãe, pai ou responsável e está tentando entender qual é o melhor caminho para seu filho, este conteúdo vai te ajudar.
Sistema educacional IGCSE: primeiros passos para o Ensino Médio internacional
O IGCSE (International General Certificate of Secondary Education) é a versão internacional do GCSE, exame britânico oficial que alunos entre 14 e 16 anos (Year 10 e Year 11) realizam. A Universidade de Cambridge o desenvolveu há mais de 30 anos. O IGCSE foi pensado para alunos cuja língua materna não é o inglês, mas que desejam ingressar em universidades do Reino Unido.
As escolas britânicas e internacionais no mundo todo adotam este sistema educacional. Os alunos normalmente escolhem entre 5 e 14 disciplinas no início do Year 9 ou Year 10, dependendo da escola. As escolas aplicam as provas finais (orais, escritas e práticas, no caso de matérias como música ou arte) ao final do Year 11, de forma padronizada em todo o mundo.
Além disso, as notas vão de A* (nota máxima) a G, sendo C o mínimo necessário para aprovação. Um bom desempenho no IGCSE é fundamental para avançar aos programas pré-universitários como o A-Levels ou o IB.
A-Levels: foco e profundidade em poucas disciplinas
Em primeiro lugar, o A-Levels (Advanced Level) é o programa oficial das escolas britânicas para os dois últimos anos antes da universidade, equivalente ao 2º e 3º ano do ensino médio no Brasil. Os alunos iniciam com 16 anos (Year 12) e concluem com 18 (Year 13).No A-Levels, os estudantes escolhem de 3 a 4 matérias, aprofundando-se intensamente nelas durante dois anos. Essa escolha limitada permite um foco acadêmico mais claro — ideal para quem já tem uma área de interesse bem definida, como Engenharia, Medicina ou Direito.
As avaliações são divididas em dois momentos, uma por ano, cada uma representando 50% da nota final. As notas variam de A* até E, e as universidades utilizam essas notas no processo seletivo.
IB: um programa amplo e global
O IB (International Baccalaureate) é um programa de ensino internacional criado na Suíça em 1968. Atualmente, mais de 150 países adotam este sistema nas escolas. Diferente do A-Levels, o IB propõe um currículo mais abrangente, com foco não apenas acadêmico, mas também em habilidades sociais, pensamento crítico e perspectiva global.
Além disso, o IB Diploma Programme (DP) destina-se a alunos entre 16 e 19 anos e é dividido em seis grupos de disciplinas:
- Língua e Literatura
- Língua Adicional (idioma estrangeiro)
- Individuos e Sociedades (Humanas)
- Ciências Naturais
- Matemática
- Artes (opcional, podendo ser substituída por outra disciplina dos grupos 1 a 5)
Cada aluno escolhe seis matérias, sendo três em nível superior (HL – Higher Level) e três em nível padrão (SL – Standard Level). HL requer cerca de 240 horas de estudo, enquanto SL exige cerca de 150 horas.
Além das disciplinas, o IB exige:
- Monografia (Extended Essay): pesquisa independente sobre um tema de interesse.
- Teoria do Conhecimento (TOK): curso filosófico sobre a construção do conhecimento.
- CAS (Creativity, Activity, Service): envolvimento em atividades extracurriculares.
As notas variam de 1 a 7 por disciplina, totalizando 42 pontos possíveis, com até 3 pontos extras obtidos por TOK e Monografia, somando no máximo 45 pontos.
IB ou A-Levels: qual o melhor sistema educacional ?
Primeiramente, a principal diferença entre o IB e o A-Levels está na especialização. O A-Levels é ideal para estudantes que já sabem qual carreira querem seguir, pois permite aprofundamento em áreas específicas. Já o IB é para quem ainda está explorando interesses ou deseja uma formação mais ampla e humanista.
Além disso, ambos os programas são altamente respeitados por universidades ao redor do mundo, incluindo Oxford, Cambridge, Harvard e universidades europeias.
Um exemplo real: escolhendo com clareza
Na minha experiência pessoal, ao chegar em Londres e me deparar com essa variedade de sistemas, senti-me perdida no início. Mas com o tempo, fui aprendendo sobre as opções através das escolas dos meus filhos, que ofereciam reuniões e apresentações.
Para o meu filho Lucca, que sempre sonhou em cursar Engenharia de Computação, o IGCSE foi uma excelente escolha. Ele optou por matérias como Matemática, Física, Computação, Business e Espanhol. Consequentemente, essa base o preparou para os próximos passos acadêmicos com clareza.
Quando nos mudamos para Singapura, o Lucca escolheu o IB e foram dois anos de muito estudo e que deram bons resultados: ele passou em quatro universidades na Inglaterra e uma no Canadá. Atualmente ele estuda em Vancouver na UBC, que é uma excelente faculdade.
Conclusão
Sendo assim, migrar para um novo país ou escolher uma escola internacional dentro da organização dopode ser um desafio. Todavia, entender os programas disponíveis torna tudo mais fácil. O mais importante é respeitar o tempo e os interesses da criança ou adolescente — seja optando por um currículo mais especializado como o A-Levels, ou mais abrangente como o IB, e entender, inclusive, que cada adolescente tem habilidades diferentes.
A oportunidade de viver essa experiência internacional vai muito além das salas de aula, pois ela contribui diretamente para o crescimento emocional, social e acadêmico dos estudantes. Boa sorte na sua jornada e se tiver dúvidas me envie uma mensagem! Mais artigos da autora, clique aqui!
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