Já pensou ter filhos em Portugal? Morávamos em Sydney, na Austrália, por quase dois anos quando descobri que estava grávida. Os planos eram de após dois anos e meio voltarmos para a Europa. Porém, a vida nos fez replanejar.
A dúvida então era: voltar para Londres ou viver a experiência e ter na bagagem mais um país? Ter o bebê na Austrália com o plano de saúde que cobriria o parto e depois mudar com o bebê recém-nascido ou mudar grávida para a Europa e ter o bebê no sistema público de saúde?
Essa tomada de decisão não foi fácil. A adrenalina que faz o coração palpitar com a ideia de adquirir a experiência de viver e conhecer mais um país nos fez decidir por Portugal. A escolha da cidade veio em seguida. Por termos um casal de amigos que fizemos em Sydney e também se mudaram para cá, por isso viemos para Lisboa.
Planejamos a mudança de país. Fizemos o planejamento financeiro. Só não contávamos com essa surpresa. Grávida e agora? Seguimos o plano, só mudamos a estratégia.
Chegamos em Portugal quando eu já estava com 4 meses de gestação. A primeira coisa que fizemos foi sair à procura de um apartamento para estabelecer moradia, já que a inscrição em um centro de saúde do bairro exige que se apresente um comprovante de residência (ou de morada, como chamam aqui). Somente a partir de então seria possível procurar o centro de saúde, para marcar uma consulta.
Documentos necessários para cadastrar no centro de saúde: passaporte, comprovante de morada, NIF e seu PB4 (documento do acordo do Brasil com Portugal).
Vamos falar do sistema público de saúde em Portugal
Os hospitais são super bem equipados e preparados para atender as parturientes. Com: bola de pilates, chuveiro, aparelhos que monitoram todo o tempo, luzes coloridas para a cromoterapia, um quarto só para você e seu acompanhante.
Grávidas e crianças até 16 anos são isentos de taxas mesmo sendo ainda imigrantes sem residência. Se te cobrarem qualquer valor, peça o livro de reclamações.
As grávidas recebem uma guia verde de isenção, a qual deverá sempre apresentar quando for realizar algum exame. Nas clínicas conveniadas à caixa (que é a referência que fazem ao sistema público) não irão te cobrar nenhum valor.
Grávidas fazem basicamente três ultrassons, dois exames de sangue e um exame do cotonete (Streptococcus B) ao longo de toda a gestação.
Por volta das 36 semanas, o médico do centro de saúde te dará um encaminhamento para o monitoramento pelo hospital.
Na Europa inteira, a Organização Europeia de ginecologia e obstetrícia recomenda e encoraja que a primeira opção seja fisiológica: parto normal. A União Europeia é considerada um dos melhores lugares para se parir.
Parto cesariano ou parto normal
A cesariana só é feita em último caso como intervenção mesmo. Mas se você não quiser o parto normal, poderá procurar um hospital particular. No entanto as despesas variam entre três mil euros a quatro mil euros + as custas de um caução que você deixa, caso seja necessário.
Lembrando que, se você optar pelo particular e vier a ocorrer qualquer problema, você terá que arcar com as custas. Não terá como utilizar a uti neonatal pública se seu bebê precisar desses cuidados. Você irá custear a diária.
Outro detalhe é que no parto normal você tem direito a um acompanhante o tempo inteiro até o bebê nascer. Já na cesariana, eles não permitem acompanhantes durante o nascimento do bebê como no Brasil.
Relato do meu parto normal em Portugal
Não foi um parto fácil, começando pelo fato de que eu precisei ser induzida. Já estava com 41 semanas + dois dias e o colo do útero ainda fechado. A sugestão foi uma indução com gel vaginal à base de prostaglandina.
Como havia tido uma cesariana anteriormente, a possibilidade de eu não viver a experiência do parto normal era grande.
Fiquei exausta, pois o trabalho de parto durou 24 horas, sem contar a hora em que dei entrada no hospital.
A indução começou às 3h da tarde do dia 9 de agosto. O colo só foi sumir um dedo de dilatação às 7:30h da manhã do dia seguinte. Só então me deram anestesia epidural, aí fui ao céu rrss. Minha bolsa estourou às 3:20h da tarde e dilatei total os 10 cm.
Fomos para a sala de parto e lá foi outra luta: Zoe não coroava. Então utilizaram a ventosa para ajudar e só tivemos sucesso às 17:27h da tarde do dia 10 de agosto, quando nasceu minha bailarina.
Cada lágrima valeu a pena, cada nova dor que vinha e voltava valeu a pena. Eu passei todas essas dores, mas sabendo o motivo maior: a dor do amor.
E, prá ser sincera, mesmo demorando 24 horas eu não tinha pressa. Eu e meu marido curtimos cada momento. Sabia que logo ela estaria nos nossos braços, mas tê-la dentro de mim, nunca mais teria. Foi uma experiência incrível!!
Hora de receber alta e ir para casa!
Geralmente entre 2 dias (para o parto normal) e 4 dias (para a cesariana) você receberá alta. Seu bebê e você serão avaliados pelos médicos e farão alguns exames e, se tudo estiver bem, serão liberados.
Os bebês já recebem as primeiras vacinas, os exames de audição, visão, de sangue (caso suspeitem de anemia ou outra doença) já no hospital mesmo.
Os bebês já são inclusive registrados dentro do hospital. E recebem uma pulseira de alarme, e caso seja retirada do bebê, ou ele passe pela porta de saída sem ser desativado o alarme dispara.
O bebê, para receber alta, só sai do hospital dentro do ovo, que é como eles chamam a cadeirinha do carro que transporta o bebê.
A enfermeira te orientará como o bebê deverá ser transportado, te dará um folder com os próximos passos e o papel de alta.
Agora que já sabe tudo como é, relaxe!
Curta esse momento. Que em breve seu bebê estará em seus braços. E no seu ventre só estará uma vez.
Te desejo uma boa horinha!
Casada há 21 anos, 39 anos, Mãe da Zoe (5 anos) e do Hiram (9 anos). Ex bancária, formada em Contabilidade, ex-sócia e proprietária da empresa Brazil Country Boots, fui por 3 anos Travell Planer na agência de viagem hm miles and tour e atualmente estou em transição de carreira em Dublin na Irlanda.
Com experiência e memórias de 5 países onde morei e tenho na bagagem: Itália, Inglaterra, Austrália, Portugal e atualmente Irlanda. Venho compartilhar com vocês experiências de mãe para mãe e a vida de uma expatriada pelo mundo.