Dia primeiro de maio, feriado croata, mas não apenas se comemora o dia internacional do trabalho por aqui. Nesta mesma data, em 1995 o exército croata derrotou forças sérvias, recuperando mais de 500 km de seu território. A Operacija Bljesak, ou Operação Flash, durou do dia primeiro ao dia três de maio e se tornou feriado nacional desde então.
Mas não vou entrar em detalhes da guerra em si, já que essa história é muito longa, e não só envolve esta batalha, mas sim em como o povo celebra esse feriado. Quem quiser saber mais sobre a Operação Flash pode ir neste link https://pt.qwe.wiki/wiki/Operation_Flash
Pela primeira vez, pude participar disso bem de perto, junto a amigos croatas, em uma tarde agradável na casa de um deles. Apesar do Covid-19, estamos num estágio onde podemos sair para nos reunirmos em casa, já que bares e restaurantes ainda estão fechados.
Bandeira da Croácia
Recebi o convite para me juntar a eles, naquela tarde de primavera, numa casa mais afastada do centro de Zagreb. Como já escrevi em outro post meu https://diariodeumaexpatriada.com.br/2020/04/22/ser-solteira-na-croacia/ os croatas são muto animados, gostam de se reunir, beber, comer, dar risada e feriado é totalmente sugestivo para isso.
No caminho, reparei que diversas casas tinham bandeiras do país expostas. Ao chegar no meu destino, logo vi uma bandeira croata hasteada no jardim, a mesma da foto de destaque desse post. Eu já tinha ouvido falar que o povo é super patriota e se orgulham de seu país. Inclusive, isso pode ser confundido com arrogância por algumas pessoas, mas eu nunca enxerguei assim.
Confesso que fiquei ali observando a bandeira flamulando, e veio toda a minha história com a Hrvatska (nome do país no idioma croata) até chegar ali. Fiquei visivelmente emocionada, e logo me veio um drink e um ziveli (brinde) pelo dia comemorado.
Passando um dia muito típico no feriado croata
Sentados em volta de uma mesa no jardim, bebendo um drink ou uma cerveja, beliscando pão caseiro e uma espécie de torresmo, porém sem ser frito, chamado spek, esperávamos nosso amigo chef preparar o almoço. Foi quando me deparei, com uma panela que nunca tinha visto. Super antiga, aquecida com carvão, utilizada para determinados tipos de comida, especialmente a famosa grah iz kotlica, sopa de feijão, servida para nós.
Eu adorei!
Depois do almoço, se continua bebendo e, as vezes, bebe-se café junto. Um copo da sua bebida e uma xícara de café. Croatas não passam sem café. Foram praticamente 10 horas de convívio neste dia. O tempo passa sem percebermos, porque a conversa é animada, pessoas acolhedoras e já é primavera onde o dia escurece mais tarde.
Vocês podem pensar: como ela ficou com os croatas sem ainda dominar o idioma?
Eles são tão divertidos que, muitas vezes, isso não importa, ora falavam em inglês ora traduziam, ora eu perguntava o que significava e anotava mais uma palavra para meu vocabulário. Vida de expatriada é isso: adaptação é preciso!
Depois das 10 horas de evento
Já estava escuro e batendo um friozinho, o feriado croata estava acabando e era hora de voltar para casa, porém nunca de mãos vazias! Nesse quesito me senti no Brasil, saindo de um evento na casa dos meus pais ou amigos, com alguma coisa na mão. Sempre digo que, por mais distante que nossos povos estejam, croatas e brasileiros tem muito em comum.
Além de uma caixa de morangos, da fazenda ali pertinho, voltei com um enorme tupperware com a sopa de feijão, uma salsicha na mão e um ramo de alecrim, para eu plantar em casa. Quer dizer, eu ia fazer isso, mas, gentilmente, já recebi meu ramo de alecrim plantado em um vasinho.
Não sei se dei sorte, mas aos poucos vocês vão entendo porque eu gosto tanto daqui.
Psicóloga clínica, especializada em Terapia Cognitiva Comportamental, carioca, mãe de 2 amores de 4 patas.
Deixei meu consultório no Rio de Janeiro e vim morar na Capital da Croácia, Zagreb.
Hoje atuo com atendimentos online.
