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A arte de pertencer a outro país

Última atualização do post:

A arte de pertencer
Há perguntas que os livros não podem responder - Imagem: Arquivo Pessoal

“A melhor coisa do mundo é saber como pertencer a si mesmo.” Michel de Montaigne

Dentre todos os desafios que podemos encontrar quando moramos em outro país, na minha opinião, o maior é nos sentirmos parte daquele lugar. Existem vários fatores que impactam o nosso sentimento de pertencimento e da grande maioria deles nós não temos controle, porque são externos a nós.

Por exemplo, preconceitos! Dependendo do país, podem existir pessoas xenofóbicas ou racistas que não gostam de imigrantes.

Entender que não é sobre nós

O comportamento do outro nem sempre tem relação com você. Talvez fale mais sobre eles mesmos, e suas experiências passadas. Pode ser que tenham medo de perder seus empregos para imigrantes, como talvez possa ter acontecido com seus pais; ou ainda que eles sintam raiva por terem um desejo de morar fora e não tiveram tido essa oportunidade. Muitos são os motivos.

Enfim, não conseguimos saber o que leva uma pessoa a não gostar de imigrantes, a única coisa que temos certeza é que isso não tem nada a ver com você.

Podemos levar isso para qualquer relacionamento na nossa vida, e não necessariamente se você mora em outro país.

Nas nossas relações estamos constantemente projetando nos outros nossos medos, angústias, raiva e sentimentos não compreendidos..

Fazemos isso inconscientemente, sem perceber e sem querer, apenas por não conseguirmos elaborar os sentimentos e sensações que tal pessoa ou situação nos provoca. Por isso, o autoconhecimento é extremamente importante para conseguirmos lidar com as adversidades do dia a dia.

Dica de leitura: O que me levou a encontrar meu propósito de vida

Entendendo as diferenças

Quando estamos interagindo com pessoas de outras nacionalidades, precisamos primeiramente levar em consideração o aspecto cultural e o idioma. Digo isso, porque grande parte dos desentendimentos são causados pela má interpretação do que foi dito e como foi dito.

Por exemplo, enquanto uma pessoa alemã é capaz de falar de maneira extremamente direta, um italiano pode interpretar a mensagem como grosseria. Isso porque os italianos de uma forma geral são mais falantes, acolhedores. Já o alemão é mais direto e objetivo, gosta de falar as coisas exatamente como são, sem rodeios.

Quem está certo? Os dois. Cada um na sua cultura, na sua maneira de ser.

Quando levamos isso em consideração nas nossas interações, os relacionamentos podem se tornar mais leves.

É claro que não podemos generalizar e dizer que todo alemão será assim e que todo italiano será assado, mas quando conhecemos a cultura de cada um, teremos uma base, um ponto de partida para começarmos a compreender o outro.

pertencer em outro país
Entre em contato com o que está vivo dentro de você – Imagem: Unsplash

Como devemos nos comportar, nestes casos?

A “Comunicação Não Violenta” e a “Autocompaixão” nos ensinam a observar quais são os sentimentos e as necessidades que estão vivos dentro de nós. Ao compreender o que nos motiva, conseguimos também ter uma boa ideia do que motiva o outro.

Quando alguma situação nos tira do sério, é um convite para entrarmos em contato com o que está vivo dentro de nós. Mesmo que seja uma emoção desconfortável.

As emoções são os mensageiros das nossas necessidades, daquilo de que mais precisamos para nos sentirmos bem.

Convido você a tirar um tempo para se conectar, refletir sobre determinada situação. O que você está sentindo? Quais emoções e sensações? Será que essa situação te lembra alguma outra que você já passou e sofreu? Ou será que a maneira pela qual essa pessoa falou com você, te fez relembrar alguém que te magoou? Ou ainda, será que o comportamento daquela pessoa é parecido com algum comportamento seu? Algo de que você não gosta, e quer mudar desesperadamente?

Essas respostas não vêm fácil. É preciso calma, persistência e coragem para entrar em contato com seus sentimentos e emoções. E muitas vezes essas emoções vêm mascaradas como pseudo-sentimentos. Calma que vou explicar!

O que seria um pseudo-sentimento?

Algo que a gente acha que é um sentimento quando na realidade não é. Por exemplo, você pode dizer que se sente ignorada por alguém. Mas ser ignorada não é um sentimento, pois depende da ação de alguém. E os sentimentos não dependem de ninguém, nós apenas sentimos.

Agora, você deve estar se perguntando: “Se ser ignorada não é como eu me sinto, como é então?

Cada pessoa vai ter uma resposta para essa pergunta, mas pode ser que você sinta raiva, tristeza ou até felicidade por ser ignorada.

Perceba que tudo na nossa vida é muito subjetivo, particular de cada um. Por isso não podemos ver o que o outro faz e fala pela nossa perspectiva de vida, pois a probabilidade de estarmos equivocados é muito grande. E é nessas confusões que a desconexão se instala, as amizades se desfazem, e o sentimento de não pertencimento aparece.

Se queremos pertencer a algum lugar ou país, devemos primeiro encontrar nosso lugar dentro de nós, compreender o que sentimos e como funcionamos, para então termos espaço interno para cuidar dos nossos relacionamentos.

E quando fazemos isso, automaticamente pertencemos!

pertencer em outro país

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Beatriz Setto Godoy

Olá! Eu sou Beatriz Setto Godoy, mais conhecida como Bia. Uma ítalo-brasileira, apaixonada pelo mundo: por conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes. Tenho formação em Administração, Psicanálise, em Comunicação Não-Violenta e em Programação Neurolinguistica. Sou uma arquiteta de pessoas especialista em comunicação assertiva. Facilito treinamentos na área de comunicação, atendimento, liderança com o foco em criar conexões e melhorar o clima organizacional adquirido nos meus 20 anos de CLT. Com minha experiência de vida ajudo pessoas do mundo todo a se conhecerem para viverem com leveza e sentido. Realizo atendimentos psicoterapêuticos em português e inglês. Criei o Podcast Conecte-se com a sua Jornada, escrevo como colunista de um Blog para expatriadas e para uma revista Espanhola sobre bem estar, a Therapies Magazine e também, sou escritora de livros. Contem comigo!

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