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A difícil decisão de voltar!

Última atualização do post:

decisão de voltar Diário de uma expatriada
Decisão de voltar para o Brasil - Déborah com seus filhos - arquivo pessoal

Antes de te contar por que voltei ao Brasil, depois de morar dois anos fora, nos EUA, você precisa saber em que condições eu voltei.

Ao contrário do que a grande maioria deseja, o sonho americano, eu nunca tive, mas meu marido sim. Pois ele sempre lutou para ter o que ele queria, um bom emprego fora do país e melhor ainda nos EUA.

Em julho de 2017, lá estávamos nós, embarcando no sonho dele. Eu mesmo depois de tentar não ir, decidi dar um voto de confiança para o lugar e principalmente pensando na melhoria do futuro dos meus filhos.

Vida que segue e depois dos 6 primeiros meses de muito perrengue para começar a se adaptar, eu estava gostando. Pois estávamos vivendo a melhor fase de nossas vidas, as crianças já aprendendo a língua, eu buscando novos caminhos na minha vida e na minha profissão.

E naquela fase descobri que o mundo tinha muito mais a me oferecer

Nessa minha nova fase profissional (sou psicóloga), já tinha me rendido aos atendimentos online e também aos expatriados e imigrantes.

Eu sabia o que eles passavam, agora eu tinha experienciado na pele as dificuldades.

E uma coisa sempre me intrigava: por que essas pessoas ficam morando em um outro país, sem documentos, se sujeitando a subempregos, morrendo de saudade da família, do seu país e mesmo assim decidem ficar?

E sempre que tinha a oportunidade de perguntar ou conversar sobre isso com os meus pacientes ou com outros brasileiros, eles me diziam que era por tudo o que tinham conseguido conquistar lá fora, por poder sustentar a sua família, ajudar parentes no Brasil, ter um futuro mais digno e promissor e por colocar na balança entre ficar daquela forma e voltar para o Brasil do zero, a conta ainda era favorável em ficar.

Ter coragem para tomar a melhor decisão

E eu sempre me perguntava, será que eu teria coragem de fazer isso?

Bom, em maio de 2019, eu tive a minha oportunidade de refletir sobre e tomar a decisão de ficar ou de voltar ao Brasil.

Meu marido havia descoberto há pouco mais de 50 dias um câncer no fígado muito agressivo e já em estágio avançado, em um exame de rotina. Tudo aconteceu muito rápido e ele veio a falecer em maio de 2019.

Imagine o cenário: perdemos o visto que estava atrelado ao meu marido, meu filho mais velho (10 anos) querendo ficar e minha menor (6 anos) querendo ir embora, muitas pessoas me dizendo para ficar por causa do futuro das crianças, eu atendendo poucas pessoas que não me sustentariam, rede de amigos poderiam apoiar, mas não seriam um suporte para todos os momentos, vontade de estar junto da minha família devido ao ocorrido, minha mãe idosa no Brasil sem chance de vir me visitar e o mundo desabando nas minhas costas, sem chão e sem o meu marido que era o meu pilar de sustentação.

Um turbilhão de coisas vieram a tona nessa hora: como ficar, onde ficar? Qual rede de apoio? Eu não saberia me virar, pois não falava inglês o suficiente para dar conta de tudo, será que era melhor mesmo ficar? Como dar apoio aos meus filhos se teria que trabalhar muito? Onde deixar essas crianças para poder trabalhar tanto? No Brasil teria a minha profissão, minha família, rede de apoio, etc.

Bom, você pode imaginar a minha decisão!

Eu decidi voltar!!

E por quê?

Porque era a solução mais acertada para a minha história de vida e para aquele momento de extrema fragilidade para mim. Pois eu precisava me recompor, reunir forças, ter um colo, um acolhimento e lá eu teria que lutar muito e não tendo forças naquele momento.

Medo de voltar

Muita gente que consegue tentar a vida em outro país, sofre com esse medo de voltar. Aliás, já ouvi muita gente dizer que é sinal de derrota voltar para o Brasil. Até porque quem vai, na maioria das vezes está discordando do jeito de viver no Brasil, desdenha do país e não tem a intenção de voltar. Quem fica no status ilegal, não quer perder por nada o que conquistou e não quer jogar fora a luta diária que teve para continuar nos EUA.

Eu mesma pensei nisso na época. Eu me senti fraca por não conseguir lutar pelo futuro dos meus filhos.

O que me fez acalmar foi pensar que eu sempre prezei estar junto com eles e que independente do entorno deles, eu era o exemplo, a referência e se eu desmoronasse ou não ficasse bem, eles também não estariam. E o contrário também era verdadeiro. Agora eu era o pilar deles, não tinha mais com quem contar.

E eu ficaria melhor no Brasil, onde sabia falar a língua, poderia trabalhar, poderia me reerguer, estaria com eles, com tempo de qualidade e as portas do sonho de morar em outro país não estariam fechadas para nós. Quem sabe o que está reservado no futuro?

Essa decisão de ir ou ficar é muito difícil, pois ela tem muitos prós e contras que perpassam por muitos pontos de nossa vida: familiar, social, financeiro, emocional, cultural, etc.

decisão de voltar
Déborah com sua família dentro do avião – arquivo pessoal

COMO FOI VOLTAR AO BRASIL?

Posso dizer que fácil e difícil.

Foi uma delícia voltar para o nosso jeito, a nossa amabilidade, a nossa cultura, saber como tudo funciona, abraçar e receber colo da minha família, poder fazer as minhas escolhas, lugares conhecidos, usar e abusar da minha profissão, poder descansar e ter com quem contar… enfim eu tenho certeza que eu fiz a escolha certa.

Por outro lado, foi e é estranho enxergar os nossos defeitos enquanto nação, povo e cultura. Morar fora te proporciona ampliar horizontes, se aculturar em outro país, entrar em contato com outras formas de viver e de enxergar o mundo. Você volta mudado e maior, não cabe mais na mesma caixa que você saiu.

E ainda estranho o nosso jeitinho brasileiro de tirar vantagens da situação, a nossa corrupção, a falta de respeito em algumas ocasiões, sofro em pensar que se tivéssemos um terço das oportunidades e cultura lá de fora, seriamos o país pioneiro do mundo em tudo.

Ninguém é tão criativo, trabalhador, amável, solidário, alegre, esperto como o povo brasileiro.

Tenho o melhor dos dois mundos

Hoje eu tenho o melhor dos dois mundos. Na minha volta, decidi aprimorar os meus estudos e ampliar os meus horizontes. Meus atendimentos ficaram somente na modalidade online e trabalho atendendo brasileiros expatriados e imigrantes por esse mundo afora.

Uso a minha profissão que tanto amo, ajudando brasileiros que sofrem com as dificuldades que se enfrenta em morar fora.

Estou no lugar que quero estar hoje, mas visito um país diferente a cada atendimento.

Portanto se você que está aí lendo a minha história também está na dúvida se fica ou se volta, saiba que essa decisão precisa ser tomada de dentro para fora. Então olhe para os seus objetivos, para o que você quer, para o que faz sentido para você. Os palpites que vem de fora estão baseados em regras sociais e desejos do outro.

O destino é você que faz.”

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Deborah Garcia

Deborah é psicóloga formada há mais de 20 anos em Arte terapia. Mãe do Pedro e da Liz, libriana, amante da natureza e apaixonada pelo seu trabalho. Atualmente mora em Minas Gerais. Hoje trabalha ajudando mulheres expatriadas no seu processo de mudança e adaptação do seu novo país.

2 respostas

  1. Pois é , seu artigo veio para acalmar meu coração em querer voltar (querer não, eu não tive saída), moro há 5 anos na França. Conheci e casei com um rapaz aqui que para mim era o homem que passaria a minha vida, como eu não queria ter filhos usava implanon, mas mesmo assim engravidei, ele me deixou, e sem saída e documentos e sem falar fluentemente, vi que a única saída era voltar, dói muito pois como falou, penso em tudo que conquistei até agora, mas poxa foi uma experiência, não é o fim, aqui não tenho ninguém, estou sozinha, no Brasil tenho a minha família, e tá tudo bem.

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