Durante essa quarentena, fico, muitas vezes, pensando naquilo que eu sinto falta. E uma coisa que me faz muita falta é o cinema! Mais precisamente, a magia e o encanto do cinema!
O cheirinho gostoso da pipoca estourando, o barulho das máquinas de refrigerante, a excitação das crianças, a expectativa dos adultos. O turbilhão de emoções de quem está lá, pelos mais diversos motivos.
Alguns vão para se distrair, outros para passar o tempo, outros porque são fãs de determinadas séries, não importa o motivo, é sempre revigorante estar no cinema!
Cinema é mágico! A tela grande traz uma magia incontestável. Seja o som alto do IMAX, ou a fotografia cristalina do Dolby, a emoção, às vezes assustadora do 3D, ou a simplicidade de um bom filme, em formato normal.
Seja como for que eu decidir assistir, é sempre mágico!
Cinema: parte da história da minha vida
A telona faz parte da minha vida e da minha história. Minhas mais doces lembranças estão relacionadas ao cinema. Desde as “matinês” aos domingos, para assistir “Os Trapalhões” ou outro filme apropriado para uma criança de sete ou oito anos.
Sou de Paranaguá. Fui criada pelos meus avós, e minha avó Dedé, desde sempre, me acostumou a ler e assistir a bons filmes, então cresci cultivando amor pelas artes, especialmente pela leitura e pelo cinema e, mais tarde a fotografia
Durante minha adolescência, estudei em Curitiba, fiz o segundo grau e faculdade lá. Toda quarta-feira, eu e a Dedé íamos ao cinema, e ficávamos encantadas com a magia de estar lá, de ver nossos atores e atrizes preferidos, dando vida aos mais diversos personagens. Pode-se dizer que, muitas vezes, saímos de lá sonhando.
Essa paixão continua até hoje. Durante meu tempo no Iraque, tive sorte de estar na única base militar com cinema, e, com isso, eu pude continuar meu programa semanal da infância, adolescência e vida adulta.
Vou trabalhar aqui
Quando mudamos para os Estados Unidos, fomos para a Virgínia, mais precisamente para o Tysons Corner, onde ficava a unidade mais movimentada da rede AMC na região! No nosso segundo dia lá, fomos ao cinema.
Estava passando The Last Witch Hunter, com o Vin Diesel. Eu nunca tinha estado num cinema tão grande! Eram 16 salas, algumas com capacidade para 500 pessoas!
Nem no Brasil, nem em Dubai, nem na Carolina do Norte, muito menos no único cinema que tinha no Iraque, Shawn ria de mim e do meu deslumbramento. Saindo do cinema, falei para ele: “Eu vou trabalhar aqui, um dia”. Ele disse que tudo bem, se era o que eu queria.
Dali em diante, nós passamos a frequentar o Tysons Corner 16 semanalmente, era nosso programa, sair para ir ao cinema, e Shawn se enchia de pipoca, eu comia cachorro quente, e curtíamos a magia de estar no cinema.
Após alguns meses, eu recebi meu labor card e SSN (social security number), e no mesmo dia, apliquei pra uma posição no cinema; fui chamada para a entrevista no mesmo dia, e comecei 2 dias antes do meu aniversário.
Uma paixão que se transformou em profissão
De novembro de 2015 a maio de 2019, eu trabalhei na rede AMC (American Multi Cinema)http://www.amctheatres.com .
Durante a entrevista, recebi uma proposta de começar como gerente, mas eu quis aprender tudo, então comecei como movie theatre associate, vendia ingressos, pipoca, cachorro quente, e todos os itens que existem num grande cinema.
E ajudava a limpar os auditórios, estocar, ajudar a todos que chegavam, ficar de olho em irregularidades, entre outras coisas.
A jornada de trabalho era longa, geralmente eu trabalhava das 16:30 até às 02 da manhã, algumas vezes 03 da manhã, mas mesmo assim, eu tinha um grande amor pelo que eu fazia.
Dois meses depois, fui trabalhar como bartender (em alguns locais, o consumo de álcool é permitido dentro do auditório), e continuei a aprender as funções que um dia me levariam à gerência e mais responsabilidades.
Em menos de três meses, fui promovida a gerente e transferida para o AMC Worldgate 9, onde fiquei até final de 2018, e de lá ainda como gerente para o AMC Loudon 11, até mudar para Delaware em maio de 2019.
Os Bastidores do Cinema
Os procedimentos para abrir e fechar um cinema vão muito além do que nós vemos ao entrar e usufruir das amenidades. Atualmente, 95% de todos os filmes que vão passar, são enviados via satélite.
Mesmo sendo digital, cabe ao gerente da unidade programar os horários e auditórios de cada filme, de acordo com as regras das produtoras e negociações que a rede fez para a unidade.
Também, o gerente é responsável pelo controle de estoque, comprando os itens necessários para a semana, contrato e treinamento de pessoal, fluxo de caixa, entre tantas outras coisas.
Uma das coisas que o cinema me trouxe foi o convívio com os adolescentes que lá trabalhavam, e isso foi extremamente importante para mim; poder fazer parte da vida daquelas “crianças”, ajudá-los no desenvolvimento pessoal, fez com que eu me sentisse mais humana.
Mas, por enquanto, até que a quarentena acabe e possamos voltar a desfrutar da magia que o cinema proporciona, vou assistindo filme nos aplicativos disponíveis.
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Meu nome é Luciana Barletta, mas meus amigos me chamam de Lu.
Estou fora do Brasil há 17 anos. Já morei no Iraque, Dubai e estamos nos EUA há 5 anos, sendo 2 anos em Delaware.
Sou natural de Paranaguá, no litoral do Paraná, mãe orgulhosa do Gabriel e Raphael, e avó babona do Davi e Benjamim;
Sou casada com o Shawn há 8 anos, mas estamos juntos há 13. Trabalho, gosto de fotografar paisagens, ler, cozinhar e de sair para caminhar com o Finn, meu cachorro, nas horas vagas.