Não adianta dizer que vai manter, porque em grande porcentagem, as amizades se afastam de algum modo durante sua expatriação. Claro que não é uma regra.
Eu como uma boa canceriana, sou muito intensa. Sofro por ausências, sofro por perdas, sofro por qualquer coisa que saia um pouco do eixo. Mas também choro de alegria por ganhos, me emociono, choro de saudade e por aí vai.
Sempre fui muito ligada a minha família e sempre tive poucos amigos para chamar de meus, mas sendo bem clichê, tenho poucos, mas os melhores e posso provar!
Quando morávamos na nossa casa em SBC, sempre fomos muito receptivos e nossa casa sempre tinha muita gente. Um final de semana e outro estávamos comendo pizza com alguém, ou fazendo um churrasco, ou apenas comendo algum aperitivo e tomando uma cerveja. Porém, é normal, depois que se tem filhos, as amizades tendem a mudar o seu estilo de vida.
Começamos a nos envolver com pessoas que possuíam filhos e isso era ótimo! Nossas amizades de antes permaneciam. Não todas, mas algumas e creio que as melhores. Enfim, muitas dessas novas amizades, eram mais coleguismo só para boas coisas e por isso todos nós já passamos. Já os amigos, víamos pouco, mas quando nos encontrávamos era surreal!
Um filtro, uma peneira
Primeiro avisamos nossas famílias sobre a mudança de país, depois nossos amigos, parentes e por fim colegas.
Percebemos que muitos deles eram mais curiosos. Alguns queriam estar perto por terem amigos que iriam morar fora do país e depois da mudança nunca, sequer enviaram uma mensagem dizendo “oi, tudo bem aí, precisam de algo?”
O mesmo vale para parentes. Alguns nem tínhamos tanto contato, mas quando souberam da mudança, se aproximaram de uma tal forma que “uau!”. Mas os AMIGOS?! Ah os AMIGOS, podem passar quantos dias for, nos falamos!
Uma mensagem de: “oi amiga, tudo certo por aí? ou “te amo amiga, saudades. Espero que esteja tudo bem”, nos faz sentir uma felicidade e carinho que ultrapassa fronteiras. Nos faz sentir o amor fraternal verdadeiro.
Eles permanecem, estão ali para o que precisar e aqueles que nós tínhamos como amigos, simplesmente sumiram. Fazemos questão? Hoje não mais, mas confesso que me incomodava um pouco.
Leiam mais sobre amizades nesse artigo: O que acontece com as amizades quando mudamos de país.
O que me incomodava? Não deveria, mas me incomodava o não perguntar, me incomodava só eu perguntar e não ter respostas, me incomodava o interesse e a curiosidade de morar fora, me incomodava o achismo. Hoje não mais! Claro que conforme ficamos mais velhos e com os acontecimentos vamos amadurecendo, mas o expatriar te amadurece.
A vida de expatriado te ensina
Ela nos ensina que nem tudo é como a gente pensa, mesmo já sabendo disso, te faz ter certeza. Também que, devemos seguir adiante e contar com quem conte com a gente. Te ensina que há tantas coisas a se preocupar que muitas outras são pequenas nesse cenário.
Te ensina a dar valor, mas também te ensina o “tanto faz”. Mas acima de tudo, a vida de expatriado(a), te ensina a respeitar seus limites e suas vontades.
Hoje não sinto mais a obrigação de falar, não me sinto tão culpada em não sentir algo ou sentir. RESPEITO meus limites, ME RESPEITO.
As pessoas que ficaram, vivem a mesma vida e quem mudou fomos nós. Mudamos por escolhas e isso pode de alguma forma incomodá-las. Pode fazer com que falem algo que nos atinja, mas nós o que podemos fazer?
Por experiência própria, deixa falar. Muitos falam, entra por um ouvido e sai pelo outro. E você vai escutar que é a pessoa rica que mora fora, que é a metida que não volta ao Brasil. Se eu perco meu sono? Jamais rs.
Por fim, como fica a relação de amizade e parentes
Bom, as amizades que mantive, que são amizades mesmo falo semanalmente de algum modo com cada pessoa. Infelizmente uma das pessoas que amo, amiga do coração perdeu seu marido e não estive ao lado dela para ajudar. Isso mexeu muito comigo, mas prometi a mim mesma que nunca a deixarei de alguma forma. Sempre quero estar presente em sua vida.
Parentes? Há parentes e há família. Família nos falamos todos os dias. Parentes, quando podemos. E por aí vai…
O importante disso tudo é nunca se cobrar pela atenção que não está sendo dada de ambas as partes, porque a vida tem que seguir de alguma forma e o mais importante ainda é saber que se caso precisarem, eu e nós estaremos por aqui. Saber que em qualquer canto desse mundo, podemos ajudar, mutuamente e da forma que podemos, cada um que levamos em nossos corações.
“La verdadera alegría viene de la armonía profunda entre las personas, que todos experimentan en su corazón y que nos hace sentir la belleza de estar juntos, de sostenerse mutuamente en el camino de la vida” – Papa Francisco
¡Saludos! Sou a Gabi, nutricionista, e moro na Colômbia com minha família, mais precisamente em Bogotá. Sou apaixonada não só pela cidade, mas como por toda a Colômbia e fico muito feliz em poder dividir minhas experiências com todos vocês 🙂