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Aniversário de uma expatriada

Última atualização do post:

Aniversário de uma expatriada
Comemorando meu aniversário na Noruega - arquivo pessoal

Acordar no dia do meu aniversário sempre foi um pouco inquietante, mas ao contrário do que vivo agora, antes de encarar a vida de expatriada, era algo positivo e leve. Desde pequena eu imaginava o que meus pais ou amigos tinham planejado para me surpreender nesse dia. E sempre me alegrava com as surpresas que essa data iria trazer.

Frequentemente lembro do meu primeiro aniversário como expatriada. Foi quando percebi que nada seria como antes. Minhas inquietações tomariam outro rumo e meio que sem perceber, viraria uma constante nos anos que viriam.  

Um novo desafio todos os anos

Todo ano eu tento não me sentir tão estranha e solitária. Por outro lado independente de quem estiver comigo ou do que acontecer, ainda sinto um vazio enorme. Já que nesse dia meu mundo parece se desfazer em dois. É estranho tentar ressignificar algumas datas. Pode parecer impossível e depois de um tempo, confesso que parei de tentar.

Depois do primeiro ano na Noruega, procurei formas de amenizar esse sentimento que rouba a atenção exatamente nesse dia. Eu fazia planos com antecedência, ou com meu marido ou com algumas amigas. Eu esperava e desejava que fosse um dia inesquecível. Me sinto um pouco ingênua, porque a verdade é que não dá para se livrar facilmente desse sentimento. O máximo que conseguimos é amenizar a sensação de estar incompleta.

Por mais que não seja simples, ainda acredito que fazer planos com antecedência pode ajudar a evitar a auto-sabotagem. E isso ficou mais evidente nesse ano, pois se eu não tivesse planos iria escolher ficar em casa e me cercar de autopiedade.

Aniversário de uma expatriada
Meu marido, minha filha e eu no meu aniversário em 2022 na Noruega – Imagem arquivo pessoal

Amenizando a sensação de distância

Mudar de país foi a coisa mais desafiadora que me aconteceu. Muitos tem problema pra se adaptar com o clima, idioma ou costumes locais. E morando na Noruega, não posso simplesmente ignorar todos esses fatores. Porém, o que mais me desafia todos os dias é a saudades. Estar longe das pessoas que amo e perceber que há tanta coisa acontecendo com eles não é fácil. E isso é o que mais me entristece.

Não me levem a mal, não estou dizendo que não sou feliz. Me acostumei com a ideia de que para buscar a minha felicidade, não poderei compartilhar cada detalhe da vida com a família no Brasil. Pelo menos não da maneira que eu esperava. Talvez no dia do meu aniversário todo esse sentimento venha como um furacão e me lembre que faltam muitos abraços que eu gostaria de receber.

Algo que ameniza muito essa sensação de distância no dia do meu aniversário é a paciência do meu marido. Ele entende meus momentos de tristeza e junto com nossa filha se esforça para me animar. Hoje é meu aniversário e resolvi conversar com meu marido sobre a maneira como eu me sinto. Não imaginava que ele pensasse que eu estava agindo de forma estranha por estar descontente com tudo que ele planejou. Só descobri isso depois de conversar com ele, esclarecendo que estava simplesmente com saudade da minha família no Brasil.

Conversar com ele fez com que nosso dia fosse mais leve. Enfim, ele entendeu que apesar de estar com saudades, eu estava feliz por estar com ele e nossa filha. E que eu estava super orgulhosa por cada detalhe que eles pensaram pra fazer o meu dia melhor.

Definitivamente essa dica parece clichê, mas quantos mal entendidos evitaríamos com um pouco de comunicação.

Receber e devolver o carinho

Algo que fez o meu dia mais completo foi receber um vídeo com depoimentos da minha família no Brasil. Cada um disse no vídeo porque sentia saudades e falava sobre algum momento importante que passamos juntos. Foram muitas as boas lembranças que vieram à minha mente. Ao mesmo tempo em que as lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu sorria vendo o semblante de cada um deles.

Foi então que percebi, ou melhor que me lembrei, que a saudade não era algo que existia só desse lado do oceano. A família da expatriada também sofre, também sente falta e também se esforça pra se fazer presente.

Saudade não é uma palavra que caberia em uma única página. Saudade é algo que chega até ser difícil de explicar em alguns idiomas. A saudade na vida da expatriada ultrapassa as fronteiras de um país. E apesar dela ser uma constante, em datas especiais como aniversários e o natal, nos sentimos ainda mais saudosos. Com esse vazio que se completa apenas com as lembranças dos bons momentos.

Espero que no aniversário do próximo ano eu possa aproveitar mais o dia com a minha família na Noruega. E, que mesmo estando fisicamente longe da minha família brasileira, lembre que eles se alegram com minhas conquistas e continuam torcendo por mim.

Eu escrevi há um tempo atrás um artigo sobre a solidão na Noruega, onde conto um pouco mais da minha história.

Aniversário de uma expatriada
O bolo que minha filha preparou para o meu aniversário em 2021 – Imagem arquivo pessoal

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Picture of Erinice Eversvik

Erinice Eversvik

Sou paranaense. Moro em Bergen, na Noruega, há nove anos com meu marido e nossa filha. Sou formada em História com especialização na área de pedagogia e na Noruega precisei começar do zero. Me surpreendi com o resultado.

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