Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Bebê bilíngue: as primeiras palavrinhas

Última atualização do post:

Bilinguismo
Fonte: Unsplash

Poucas coisas são tão emocionantes quanto ouvir seu filho falar suas primeiras palavrinhas! Esse processo é super interessante e tudo fica ainda mais curioso quando há duas línguas envolvidas. Que tal a gente entender, então, um pouco sobre o que se passa com nosso bebê nessa fase?

Fonte: Pixabay

Já a partir dos 3 ou 4 meses (Harding-Esch & Riley, 2003), os bebês começam a “cumprimentar” os pais : respondem aos seus sorrisos, sorrindo de volta. E é a partir daí que “conversações” inteiras começam, repletas de ações, reações, sons, choros, sorrisos, tudo que irá mostrar aos pais (e ao bebê) que ele é participante ativo de uma interação, mesmo que não consiga pronunciar palavras ainda.

Os meses que antecedem as primeiras palavrinhas são como um ensaio: o bebê produz uma série enorme de sons, incluindo muitos que não existem na(s) língua(s) dos pais. Essa fase é essencial para o desenvolvimento, porque, neste momento, algo muito interessante vai acontecer: o bebê começa a tentar todas as possibilidades articulatórias que o seu aparato vocal permite, até que, aos poucos, essa variedade de sons começa a diminuir e a se especializar.

Mas como isso acontece?

Fonte: Pixabay

Devido às reações dos pais, você já percebeu que você encoraja – ou encorajava – alguns sons do seu bebê em detrimento de outros? Pois é. Quando ouvimos nosso bebê produzir um som que existe na nossa língua, demonstramos uma reação positiva: rimos, repetimos o som, etc. Por outro lado, quando ouvimos um som que não tem significado na nossa língua, ignoramos ou não damos o mesmo destaque e a mesma reação.

Isso influencia diretamente na “seleção” que o bebê vai fazer dos sons que ele vai manter e daqueles que ele vai abrir mão e vai passar, aos poucos, a não utilizar mais com tanta frequência.

Há alguma forma de ajudar nosso bebê nesse processo?

Sim! Uma forma é associar certos sons a certas rotinas. Por exemplo, brincar de “Cadê? Achou!”, dar “tchau”, falar “mamãe” e “papai”, dizer “obrigado” ou “obrigada”, tudo isso é aprender os elementos de uma série de rotinas: reconhecer, identificar, partir e chegar, cumprimentar, agradecer, etc.

Ao usar uma palavra para chamar a atenção dos pais, por exemplo, “mais” – ainda que use só uma palavra e ainda que não seja pronunciada perfeitamente – o bebê demonstra estar atendendo às suas necessidades comunicativas. O processo é muito mais complexo do que a gente pensa, não é?

Fonte: Pixabay

A gente tem MESMO motivo para sentir tanto orgulho a cada nova palavra, a cada nova conquista! Muito antes do que a gente imagina, nosso bebê deixa de ter uma participação apenas passiva nas conversas e se torna participante ativo.

Quando ele começa a nomear pessoas, coisas e ações, ele não está apenas colocando “etiquetas” com nomes. Ele está expressando interesses. Afinal, há coisas que ele NÃO está nomeando. Ou seja, ele está desenvolvendo sua interação com o mundo, desenvolvendo-se como indivíduo. É de arrepiar, não?

E no caso do bebê bilíngue? Como vai ser?

No caso do seu bebê bilíngue, um fator influenciará todo o processo: desde cedo, ele vai perceber – inconscientemente, claro, que uma mesma coisa pode ter dois nomes diferentes. Por exemplo, já que, para se referir ao cachorro, seus pais dizem, algumas vezes, “cachorro” e, outras vezes, “dog”, fica claro para o bebê que o conjunto de sons que formam a palavra “cachorro” e o próprio cachorro não são a mesma coisa.

Diversas pesquisas (Carringer, 1974; Ianco-Worrall, 1972; entre outros) vão apontar esse como o fator principal que vai possibilitar uma maior criatividade e flexibilidade cognitiva às crianças bilíngues. Aliás, os benefícios cognitivos, sociais, culturais e identitários do bilinguismo são vários. Mas isso já é tema para o nosso próximo texto.

Fontes: CARRINGER, D. Creative thinking abilities of a Mexican youth. The relationship of bilingualism. In: Journal of Cross-Cultural Psychology, 1974. (pp. 492-505)

HARDING-ESCH, E. & RILEY, P. The Bilingual Family. A handbook for parents. Cambridge University Press: Cambridge, 2003.

IANCO-WORRALL, A. Bilingualism and cognitive development. In: Child Development. 43: 1972. (1390-1400).

Para mais textos como esse, clique aqui.

Gostou deste artigo?

Compartilhe no Facebook
Compartilhe no Twitter
Compartilhe por E-mail
Compartilhe no Pinterest
Compartilhe no Linkedin
Picture of Priscilla Klinger Nogueira

Priscilla Klinger Nogueira

Linguista, pesquisadora e professora, Priscilla é apaixonada por línguas, livros e não dispensa um bom café. Concluiu seu doutorado em 2019 e mora, desde 2018, em Zurique com o marido, o "culpado" por sua mudança para a Suíça. Adora escrever sobre bilinguismo, questões identitárias e diferenças culturais. Crianças, cachorros e pinguins são algumas de suas outras paixões.

Uma resposta

  1. Oi Priscila,
    Adorei o artigo ! Estou na Suíça cuidando do Magnus, meu neto de 1,5 anos. Em que cidade tu moras aqui?
    Abraço

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

15 + um =

LEIA TAMBÉM

plugins premium WordPress

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Clique aqui para saber mais.