O bilinguismo infantil ás vezes não é tão fácil assim para os pais.
Enquanto conversava com uma amiga que mora na Irlanda, perguntei como estava sendo a experiência de criar uma filhinha bilíngue. Ela, com toda a sinceridade do mundo, me falou: “Paulinha, eu não sei se estou fazendo certo”. Na verdade, ela nem respondeu a minha pergunta de primeira. Imaginei que ela diria: “Ah, não é tão fácil assim” ou “Está tudo bem porque ela ainda tem dois aninhos e não frequenta à escolinha”.
Mas não. A minha amiga já confessou suas inseguranças. Ela não sabia, ao certo, o que esperar ao longo da jornada bilíngue de sua filha.
Desde quando comecei a trabalhar com o português como língua de herança na Austrália, vejo famílias daqui e de outras partes do mundo com este mesmo sentimento. E eu te falo: é normal se sentir assim. Criar um filho bilíngue não é tão intuitivo como parece. Algumas famílias precisam de mais orientações do que as outras.
Mas onde encontrar informações tão assertivas sobre “Como criar filhos fora do Brasil?” Onde posso encontrar outras famílias que já passaram pela situação do bilinguismo infantil? Onde posso encontrar um profissional para conversar e confessar meus medos e inquietações?
Eu confesso que não é tão fácil assim. Mas ainda bem que há blogs como o Diário de Uma Mãe Expatriada para fornecer informações valiosas sobre o tema. Por isso, para te ajudar a fazer essa reflexão, irei destacar 3 razões para te mostrar que você está no caminho certo!
1 – Você está deixando uma herança
A língua de herança é, sem dúvida, uma das melhores coisas que você pode passar para o seu filho. Sabe quando ele for mais velho e construir a própria família? Terá as histórias vivas na memória em uma língua que ele ainda pode falar.
A escritora Franco-americana Susan Poullin relata a frustração de se lembrar dos natais em família de sua infância em uma língua que ela não conhecia mais. Ela falava somente francês até os 4 anos, mas perdeu completamente a língua depois que ela e sua família se mudaram para os Estados Unidos.
2 – Sua família no Brasil irá te agradecer
Manter os vínculos com parentes no Brasil é um dos principais motivos pelos quais as famílias mantêm o português quando se mudam para o exterior. A linguista Barbará Z. Pearson, em seu livro “Raising a Bilingual Child”, revela que estreitar os vínculos com os familiares que só falam o a língua de herança, mesmo morando longe, é positivo para o bem estar da criança.
Quando vocês visitarem o Brasil, o que seu filho irá querer mesmo é brincar com os priminhos e aproveitar o colinho da vovó. Por isso, acredite: a língua de herança nos conecta com as pessoas que amamos.
Leia mais artigos sobre bilinguismo aqui.
3 – A língua majoritária será aprendida
Se você dá mais prioridade para o português dentro de casa, não se preocupe. Seu filho irá aprender a nova língua quando começar a se relacionar com outras crianças da sociedade. A fase escolar acelera este processo, pois seu filho passará muitas horas cercado por esta língua através da interação com os coleguinhas.
Por isso, a partir do momento que seu filho fizer amiguinhos na escola, ele terá a necessidade de aprender/ falar a nova língua.
Durante todos esses anos trabalhando com o bilinguismo infantil, eu posso te afirmar: quando você cria um ambiente bilíngue de amor e afeto, onde o seu filho irá se beneficiar de relacionamentos saudáveis, não há como estar seguindo pelo caminho errado.
Paula Amaral é professora bilíngue há 11 anos, formada em Letras e apaixonada pelo estudo de bilinguismo e ensino de línguas estrangeiras. Paula trabalhou por vários anos em grandes escolas de idiomas no Brasil, mas se deslumbrou com o ensino bilíngue infantil ao trabalhar em um colégio bilíngue em São Paulo. Na Austrália, Paula trabalhou como professora de português para crianças e adultos e foi coordenadora da Escola Cultura Brasileira de Crianças da ABRISA, em Melbourne. Paula é criadora do canal Tia Paula Explica e fundadora da Comunidade Bilíngue Infantil.
Uma resposta