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Calgary: uma cidade verde e amarela

Última atualização do post:

Calgary
Prince's Island Park e o centro de Calgary ao fundo - Imagem: Arquivo pessoal

O outono de 2020 ficará sempre marcado como o ano em que me apaixonei, de fato, por Calgary.

Embarcar em Vitória, ES, em pleno mês de março com temperaturas entre 32° e 40° e aterrissar aqui, com pilhas de neve pelas ruas e, termômetro marcando entre -20°C e -10°C, não foi exatamente a melhor impressão que eu poderia ter da cidade para a qual estava imigrando.
De lá pra cá foram dois anos lidando com boas vindas nem um pouco receptivas.

Sem tempo para se conectar

Cílios congelados durante o inverno, ressecamento da pele a ponto de criar feridas nas mãos, seis meses de dias curtos e noites longas e, claro, variações de temperaturas de até 20°C em um período de 24h. Eu sentia falta do verde constante, do cheiro do mar, do vento morno, que refrescava sem machucar.


Assim como pude observar, em vários amigos imigrantes, brasileiros e de outros países, as extensas jornadas de trabalho, intensa carga de atividades acadêmicas e pouco tempo para lazer, faz com que passemos nossos dias entre diversos espaços sem realmente nos sentirmos parte de lugar nenhum. É um estar na cidade ao invés de viver nela.

No outono, a amigável Calgary

A chegada do outono é para muitos, tempo de aproveitar os últimos dias de temperaturas positivas da melhor forma possível: dirigindo até Vancouver! Nenhuma experiência de imigrante canadense é completa, até a tradicional foto da folha de maple, certo?! E sequer isso temos por aqui.


Felizmente, apesar do ardente desejo de caminhar no tapete de folhas vermelhas, precisei adiar meus planos de visitar Vancouver. Foi então que, resignada, decidi explorar os parques da cidade. Foi assim que tive agradáveis tardes com amigos em Beltline, piqueniques no Memorial Parque e trilhas suaves (e livre de ursos!) no Fish Creek Park.

Tomar sorvete do Village Ice Cream enquanto caminhava à beira do Bowl River e conhecer o verdadeiro comércio local explorando as ruas de Inglewood me fizeram esquecer das folhas de maple. Calgary mostrava-se, finalmente, uma cidade amigável.


Em 2019 tivemos um mês de setembro com muito vento, chuvas e dias nublados. A primeira nevasca chegou no final do mês e as folhas não tiveram tempo de cair por si mesmas, foram arrancadas e misturadas à neve e barro. Esse ano é diferente.


Os dias de setembro foram, em sua maior parte, ensolarados. As temperaturas vêm caindo devagar e, o vento vem chegando de mansinho, esperando as folhas verdes se tornarem amarelas para, só então, arrancá-las das árvores, um pouco de cada vez. Tapetes amarelos se formam pelas
calçadas e o pôr do sol avermelhado, colore ainda mais a paisagem.

A cidade se dá de presente


A saudade é uma constante na vida de todo imigrante, e lidar com ela é uma trajetória individual. Em dois anos andei por essas ruas sobrevivendo, me sentindo mais fantasma do que gente, corpo aqui e alma lá longe, com medo de vir e desaprender a voltar. Entre minhas tardes de caminhada cheguei assim, sem roteiro, no primeiro pedacinho de parque
que visitei quando vim à cidade pela primeira vez, quatro anos atrás, no bairro chinês.

Naquela época a neve chegava aos meus joelhos, o incômodo era indescritível e a vontade de fugir maior ainda. Agora, quatro anos depois, câmera no ombro, sigo devagar admirando a vida ao meu redor.
Jovens de patinetes, mães passeando com seus filhos, executivos com seus copos de café em grupos de dois ou três discutindo as demandas de trabalho.

Sigo em direção ao Prince’s Island pensando caminhos, convergências e imprevisíveis. Alcanço a lagoa pouco antes do por do sol. O vento espalha a água da fonte fazendo chegar minúsculas gotículas às margens, tocando minha pele. De um lado canteiros de flores, grupos de amigos, famílias e casais no tapete gramado. Do outro a cidade misturando as janelas espelhadas dos arranha céus com a arquitetura antiga dos condomínios de tijolos marrons.


O céu azul sem nenhuma nuvem faz fundo no corredor de árvores em tons de verde e amarelo.
Sinto-me, enfim, bem vinda.

Quer saber mais sobre a folha de maple e a importância dela no Canadá? Fique ligado que estarei falando sobre isso em meu próximo artigo. 

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Lia Pereira

Olá! Sou escritora trabalhando no ramo de Comunicação com foco em escrita para mídias sociais. Moro com minha cadelinha Nina em Calgary, uma charmosa cidade na província de Alberta, oeste do Canadá. Me interesso pela experiência humana e preservação da cultura no processo de imigração.

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