Do Ceará ao Canadá
Vou compartilhar com vocês, algumas das lições que aprendi, nesses 5 anos morando no Canadá. Parece que foi ontem que meu marido e eu embarcamos naquele longo voo com destino às geladas terras canadenses, carregando nossas vidas e nossos sonhos em 4 malas.
Certezas? Quase nenhuma, salvo a de que, em algumas horas, estaríamos chegando a um país, que sequer havíamos visitado antes e, onde iríamos depositar todas as nossas expectativas.
No entanto, muitas das dúvidas que nos cercavam naquele momento, ficaram sem respostas por um bom tempo, respostas, que nós só conseguimos, com o passar dos dias. Não foi fácil, quase nunca é. A vida da maioria dos imigrantes é cercada de desafios.
Falo não só pela minha experiência, mas pela experiência de dezenas de pessoas que encontrei pelo caminho. Sair da minha zona de conforto, depois dos 30 anos, deixar um bom emprego, casa própria, carro e tudo que trabalhei para conquistar, foi um grande risco. Mas, eu estava disposta a correr atrás de tudo novamente!
Difícil adaptação no Canadá
Muitas pessoas desistem durante essa fase de adaptação. Pode ser pela saudade saudade da família e dos amigos, a não adaptação ao frio ou a dificuldade em aprender o idioma. Também por motivos financeiros, ou mesmo, uma mudança do padrão de vida ao qual estavam acostumadas no Brasil.
Imigrar para o Canadá, não é tão barato e os recém chegados, nem sempre conseguem um bom emprego logo de cara, então, apenas utilizar as reservas financeiras, pode custar muito caro no final das contas.
De enfermeira à faxineira
Quando saí do Brasil, eu já sabia que sem falar sequer um “sorry” não seria fácil arrumar um emprego, mas eu precisava começar a trabalhar o mais rápido possível. Comecei com trabalhos casuais, como babá.
O fato de ser enfermeira no Brasil, me deu uma certa credibilidade, no entanto, eu não falava nada de inglês, meu marido precisava ir comigo às entrevistas e isso, de uma certa forma, tirou muito da minha independência.
Conversando com outras brasileiras na mesma situação, de dependerem dos maridos, em atividades simples do dia-a-dia, como ir ao médico, ir ao supermercado, encontrar com os professores dos filhos, nos demos conta de que sentíamos o mesmo e, percebemos que isso é muito comum por aqui.
Em seguida, depois de alguns “nãos”, consegui um emprego fixo de faxineira. Esse tipo de serviço, bem como na construção civil, é feito na grande maioria das vezes por imigrantes. Não é difícil encontrarmos profissionais com diplomas de graduação em seus países trabalhando em “subempregos”.
Lição 1: algumas vezes é preciso dar um passo atrás antes de seguir adiante.
Realizando o sonho de ser mãe
O principal motivo de nos fazer decidir sair do Brasil, sempre foi termos nossos filhos, em um país no qual eles pudessem se sentir livres, e seguros ao mesmo tempo. Minhas duas gestações foram planejadas, e eu estava pronta para ser mãe.
Carolina, minha primeira filha, já chegou mostrando, que não sou eu quem decido quando as coisas irão acontecer e, que nem sempre vão acontecer como o planejado. Nasceu prematura, com 32 semanas e 1,5 Kg , precisando ficar internada por três semanas na UTI neonatal. Com isso, voltar pra casa, sem ela nos braços, exigiu muito da minha resiliência, ali percebi que eu era mais forte do que imaginava.
Pouco depois do grande susto, voltamos felizes para casa e hoje ela sempre nos encanta com seu sorriso e nos cansa com sua energia. Após seis meses do nascimento da Carolina, meu marido e eu decidimos ter nosso segundo filho. Logo depois, nasceu a cereja do nosso bolo, Isabella.
Lição 2: não podemos controlar tudo e precisamos ser resilientes.
Uma grande conquista
Não consegui validar meu diploma de enfermeira, porque não atingi o nível de inglês, exigido para enfermeiros graduados fora do Canadá. Busquei outra alternativa e consegui a certificação para trabalhar como health care assistant, uma espécie de técnico em enfermagem, finalizando esta etapa com muito orgulho, afinal de contas eu cheguei aqui com zero de inglês, lembram?
Lição 3: Estar com a mente aberta para novas possibilidades.
Compramos nossa casa
Por fim, após todo o longo processo de imigração ser finalizado, quando tivemos a certeza de que poderíamos fixar nossas raízes aqui, compramos nossa casa. Ao chegarmos nessa etapa, foi inevitável lembrar das pessoas que nos disseram para desistir, para não largarmos tudo, para não arriscarmos. Lembrei das pessoas que nos chamaram de loucos e, até mesmo das que torceram para nada dar certo!
Mas quando temos foco, nenhum pensamento contrário nos tira do caminho que escolhemos. Durante todos os dias, nesses últimos cinco anos, não dormi uma noite sequer sem acreditar que seria possível recomeçar e reconquistar tudo de novo!
Lição 4: seja perseverante e escute seu coração.
Enfim, a vida de uma expatriada pode ter muitos desafios, mas com muito trabalho, resiliência, paciência e fé é possível conquistar nossos objetivos e colecionar aprendizados que irão refletir por toda nossa vida.
Se quiser acompanhar a rotina da nossa família aqui no Canadá nos acompanhe no meu perfil do Instagram @uma.mae.no.canada
Super beijo
Valeria
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Meu nome é Valéria, sou casada com o Luciano e mamãe da Carolina e da Isabella. Em 2015 deixei minha vida estável no Brasil para me tornar uma expatriada no Canadá. Os desafios se transformaram em experiências que eu adoro compartilhar.
