Uma das coisas que mais incomodam a maioria de nós, expatriadas que “seguimos” nossos maridos pelo mundo afora, é a impossibilidade de trabalhar em nossa profissão no novo país em que estamos vivendo. E que tal um clube do livro para expatriadas?
Os motivos são diversos: o simples fato de não dominarmos a língua local, ou então, o país que nos acolhe possuir regras bem restritas para o exercício de diversas profissões. Algumas vezes, os filhos são ainda pequenos e necessitam de maior apoio na escola ou em casa. Mas o motivo mais comum é justamente o problema do tipo de visto com o qual ganhamos o direito de ficar e usufruir de uma vida normal e plena.
Em minhas caminhadas, nestes quase 15 anos fora do Brasil, consegui “driblar” esta carência profissional participando de clubes literários.
Como organizar estes encontros
A ideia é simples e efetiva: alguém tem a brilhante ideia de chamar algumas amigas, escolher um livro por votação e uma vez por mês nos encontramos pra trocar idéias e debater os aspectos mais marcantes do livro e entender o perfil de cada autor.
Normalmente, cria-se um grupo nas mídias sociais para facilitar os encontros, definir os locais, e também colocar artigos e temas relacionados. Com o tempo, a amizade floresce, os debates se enriquecem e vamos descobrindo todo um mundo de possibilidades nestes encontros.
Uma transformação a cada livro
Ao debatermos as idéias e impressões sobre a narrativa e contexto da estória, ampliamos nosso entendimento sobre o mundo e a realidade e assim seguimos nos transformando pela leitura. Uma transformação a cada livro, a cada leitura.
Certa vez em Dubai, no primeiro clube do livro para expatriadas do qual participei, fizemos diversos encontros em nossas próprias casas, mas também em locais variados como cafeterias, e também nos aventuramos em um pic-nic num parque.
Em outro momento gostoso, já em Xangai, tivemos a oportunidade de nos encontrar numa livraria/cafeteria alternativa de livros chineses, indicada por uma das participantes, com direito a mesa exclusiva no jardim recém-aberto só para nós.
O que mais me encanta no universo literário é poder me deliciar com as diversas nuances de um livro, observando, entre um capítulo e outro, as sutilezas escondidas nas entrelinhas, ou o estilo arrojado do autor, nos proporcionando assim momentos inesquecíveis.
Troca e liberdade de expressão
Imagine você então, agregar a isso, a opinião de mais pessoas, todas empenhadas em se expressar com a alma. E acreditem, na maioria dos encontros, as opiniões divergem tanto que é como se estivéssemos falando de livros diferentes!
O importante, afinal, é que a experiência do encontro seja gratificante, pois procuramos fazer dela realmente especial e única. Com elas, conseguimos organizar melhor nosso pensamento, evoluir em nossas argumentações cotidianas e sermos enfim protagonistas da nossa própria estória.
Sou mineirinha de Belo Horizonte, casada e tenho 3 filhas. Atualmente moro com meu marido em Xangai, na China. Economista de formação, porém há muitos anos me dedico a ensinar piano para crianças. Já morei em 5 países diferentes e penso que mudar faz parte do meu destino. Adoro pão de queijo e um cafezinho acompanhado de uma boa prosa.