Um tempo atrás, me deparei com o termo em inglês: “trailing spouse”, eu não o conhecia, sempre me identifiquei mais com o termo “expatriada”. “Trailing spouse”, para mim, se aproxima mais da definição do parceiro que aceita a mudança de país a favor do outro, geralmente por motivo profissionais, dando uma ideia de seguir um caminho que não era o seu, originalmente. Bem, foi exatamente isso o que aconteceu comigo, mas ainda assim, expatriada combina mais com meu contexto. Vou dizer o porquê mais à frente.
O começo da jornada
Eu não planejava sair do Brasil e, aos oito meses de gravidez, recebi um telefonema de meu marido. Ele disse que tinha conseguido uma vaga de emprego em Luxemburgo, pensei: “Que coisa maravilhosa!”. Como não me alegrar diante de tamanha conquista dele? E além do mais, estávamos formando uma família, com o primeiro filho a caminho, com tantos sonhos e ambições em mente. A questão é que, quando estamos grávidas, experimentamos um pouco (ou muito) do estado vulnerável.
Naquele momento eu não pude mensurar o que seria me mudar de país, com uma criança pequena e sem falar nenhuma das línguas oficiais (aqui em Luxemburgo, as línguas oficiais são o Francês, o Alemão e o Luxemburguês). Além disso, estaria longe de toda família, amigos e sem rede de apoio. Eu sempre admirei diplomatas. Não só pela carga de conhecimento que a profissão exige, mas pela capacidade de adaptação a diferentes contextos. Incluindo saber viver em diversas regiões do mundo, que são muitas vezes distantes de sua cultura materna.
Aprendizados
Eu não tinha experiencia, nem bagagem, nem a mínima noção dos impactos que essa mudança traria em minha vida. Muito diferente de qualquer diplomata a serviço no exterior. Não quero ser dramática, mas para uma personalidade como a minha, introvertida, as experiências de vida deixam um rastro muito marcante e tendem a terem uma proporção bem grande em nosso estado emocional.
Quando chegamos, pudemos aproveitar um pouco do muito que Luxemburgo tem para oferecer. Me refiro à cultura, à culinária e principalmente, à natureza vasta. Esse país é considerado como o coração verde da Europa e, sem sombra de dúvidas, é um território multicultural e rico de diversas maneiras. No entanto, poucos meses depois, entramos em quarentena, e as coisas nunca mais foram as mesmas, pelo menos até o momento que escrevo.
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Vida que segue como expatriada em Luxemburgo
São quase dois anos vivendo como expatriada em Luxemburgo e sem visitar o Brasil. Após os primeiros meses de maior impacto, pude me ambientar melhor, principalmente quando encontramos nosso primeiro apartamento. Ele ficava em um lugar pacato e maravilhoso. Lembrava uma cidade dos contos de fadas. Não posso dizer que me senti totalmente em casa, mas com certeza, foi um lugar muito acolhedor.
Sou expatriada porque apesar de ter deixado boa parte dos meus planos guardados em algum lugar no passado, considero que fui capaz de construir tantos outros. Conforme percebia que podia ser muito forte e que tinha a incrível capacidade de me auto motivar, pude vislumbrar um futuro, e assim, a meu ver, não segui apenas o caminho guiado por meu marido e pelas suas escolhas profissionais.
Uma das minhas grandes conquistas como expatriada aqui em Luxemburgo foi ter aprendido a língua francesa nesse meio tempo. Nada se compara a poder se comunicar, sem muitos embaraços, com pessoas em outro idioma. A sensação de dever cumprido é realmente maravilhosa. Mas isso pode ser tema para um outro texto.
Por fim, gostaria de comentar que apesar de não ter planejado essa mudança de vida, ser expatriada só me trouxe desenvolvimento. Apesar dos tantos momentos difíceis, que são comuns a todos que passam pela mesma situação, vejo que essa experiencia é rica demais e que de certa forma, ao ser compartilhada, tiramos o melhor dela.
Brasileira morando em Luxemburgo. Leitora assídua, apaixonada por cultura, café, música e línguas estrangeiras! Mãe de um menino muito sapeca e amoroso. Atua como assistente virtual, ajudando empreendedoras.
Uma resposta
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