Sabemos que fazer amigos na vida adulta não é uma tarefa muito simples. Fazer amigos em outro país e em outro idioma pode ser ainda mais complicado. Neste texto eu trago 5 dicas para você conhecer pessoas e se integrar no novo país.
Mudar de país vira a nossa vida de cabeça para baixo
Mudar de pais vira a nossa vida de cabeça para baixo. Portanto, independente dos motivos pelos quais você escolheu partir, vai ser preciso aprender um novo idioma, uma nova cultura, tudo sobre o sistema nacional de saúde, o sistema de ensino, a coleta seletiva de lixo, etc. Tudo! E muitas vezes você vai fazer essas descobertas, sozinha! Escrevi sobre isso no meu 1º texto aqui no blog que você encontra aqui.
No início pode ser aquela empolgação! Estamos envolvidas em procurar casa, fazer a adaptação das crianças na escola, comprar o carro etc. Então, quando está tudo organizado, aproveitamos para conhecer a nova cidade, a nova cultura e nos tornamos turistas nesse novo lugar.
Sem aviso prévio, a empolgação dá lugar à frustração
Aos poucos a vida vai ficando difícil, pois os problemas vão surgindo e não sabemos como resolvê-los. Sem dúvida cansa ter que resolver uma série de coisas que a gente não sabe nem por onde começar, e aquela empolgação da fase inicial, acaba por dar lugar à frustração.
Essa é a fase do choque cultural, expressão muito utilizada quando se fala sobre a migração. Ou seja, de forma muito simplificada, significa a condição que experimentamos ao entrarmos em contato com uma cultura muito diferente da nossa (naquela onde crescemos e que está para nós como a água está para os peixes). Estamos imersos nela e nem nos damos conta!
A psicologia intercultural aborda as diversas fases do choque cultural. Você pode ler sobre isso aqui.
Frustração e solidão
A frustração também pode vir acompanhada pela solidão. Nos vemos então sem companhia para comemorar as conquistas ou para amenizar os momentos de dor e tristeza. A família está longe, os amigos estão longe, não temos com quem contar, a saudade nos invade!
Aqui precisamos prestar atenção aos nossos sentimentos- estou sentindo saudade ou estou me sentido sozinha? A saudade vai estar sempre conosco, mas o sentimento de solidão desaparece quando criamos uma rede de apoio no novo país. Entretanto, a rede de apoio não se cria de uma hora para outra e exige tempo e dedicação.
Da frustração para a adaptação
Apesar das dificuldades que podem surgir no novo país, é importante não ficarmos presos ao passado, ao conhecido. Mudar de país pode promover o desenvolvimento e amadurecimento se estivermos abertos ao novo. Em vez de comparar os hábitos novos aos antigos, podemos observá-los com curiosidade e tentar responder à seguinte pergunta: porque as coisas são feitas da forma como são?
Enfim, aos poucos, passamos a entender um pouco melhor como funciona a engrenagem no novo país, aprendemos a lidar com os problemas e adquirimos uma nova rotina. Vamos deixando para trás a fase da frustração e iniciando a da adaptação. Nesta fase podemos discordar de alguns hábitos , não gostar de certos costumes, mas entendemos e aceitamos o novo. Aos poucos, nos sentimos mais confortáveis nessa nova cultura e, sendo assim, o novo já não nos causa tanto estranhamento. Passamos até a incorporar novos hábitos no nosso dia a dia e já não nos sentimos mais como um peixe fora d’agua.
(i) O fato de você estar adaptado e integrado na nova cultura não te deixa livre ou imune a novos choques: Novas situações podem te surpreender e você viver todo o ciclo novamente.
Vale lembrar que a adaptação e a integração em uma outra cultura fazem parte de um processo e não termina, ou seja:
(ii) Não existe uma regra de quanto tempo dura cada fase – cada pessoa vai passar por isso de uma forma particular.
Mas, por certo, se você tiver um grupo de pessoas que caminhe com você nesta jornada, o processo pode ser bem mais fácil.
Dicas para conhecer pessoas e se integrar no novo país
Neste texto eu compartilho com vocês algumas dicas / estratégias que utilizei para conhecer pessoas e me integrar aqui na Itália.
1- Tente viver o presente!
Acima de tudo, foque no presente e nas oportunidades que aparecem. Ser feliz no novo país não significa que você não se importa com a vida que você tinha antes da mudança. Tente conhecer a cultura local, os hábitos, os costumes, a culinária, os pontos turísticos e esteja aberto para aproveitar o momento presente.
2 – Se inscreva em um curso!
Você tem algum hobby? Fotografia, dança, não importa qual. Se dedique a ele. Se inscreva em um curso de algo que você já pratique ou de algo que você queira aprender. Por certo, lá você irá encontrar pessoas com os mesmos interesses que os seus. Além disso, um curso de idioma também é uma boa estratégia para conhecer estrangeiros que estão começando a vida no novo país.
3 – Entre para um clube ou sociedade esportiva!
Da mesma forma, entrar de sócio para um clube é uma excelente oportunidade de encontrar pessoas, ter com quem conversar e até fazer amigos. Além das atividades esportivas, o clube promove uma série de atividades sociais para os sócios se integrarem. Participe dessas atividades! Talvez das primeiras vezes, você ainda se sinta um pouco deslocada, mas com o tempo os sócios vão te reconhecer no clube, no supermercado, na cidade e isso irá se modificando.
Meus filhos são atletas federados de tênis e nos associamos ao clube onde eles treinam. Lá eu tive a oportunidade de conhecer outras mães, frequentar a academia de ginástica, a piscina, os inúmeros eventos e assim, aos poucos, fui conhecendo algumas pessoas com quem hoje eu posso contar.
4- Faça voluntariado!
Fazer parte de um grupo de voluntários é uma excelente oportunidade para interagir com pessoas, aprender o idioma local, colocar suas habilidades a serviço de outras pessoas, experimentar novas habilidade (e até descobrir novos talentos!). Além disso, ainda preenche aquele espaço vazio no seu currículo. Você não imagina o bem que o voluntariado faz para os voluntários!
5 – Participe de grupos – virtuais ou não.
Eu acredito muito na força dos grupos e nas amizades verdadeiras que nascem no mundo virtual. Durante muito tempo participei do grupo de colunistas em um site de mães brasileiras que moram no exterior, tínhamos um grupo das colunistas da Itália e, mesmo sem nos encontrarmos, viramos AMIGAS, com letras maiúsculas. Hoje sou uma Mulher do Brasil na Itália, colunista do blog Diário de uma expatriada, uma psicóloga pelo mundo e participo de diversos grupos de mulheres brasileiras que vivem fora do Brasil.
Agora me conta, o que você fez para se integrar no novo país?
Olá! Sou Carla Bottino, psicóloga, terapeuta de família e muito curiosa. Sempre gostei de ler sobre a cultura e em especial, sobre os hábitos, costumes e desafios de quem vive em outros países. Sou carioca, de descendência italiana e em 2017 embarquei para uma aventura ( que deveria ser de 8 meses) do outro lado do Oceano Atlântico, em Pádua na Italia. Sou mãe de filhos grandes – Mariana de 19 e Joao de 14 anos e nas minhas redes sociais conto sobre a vida nova no velho continente e trago algumas das minhas reflexões sobre os processos de mudança e adaptação.