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Mudar de país vira a nossa vida de cabeça pra baixo

Última atualização do post:

mudar de país vira a nossa vida
O que aprendi morando fora do Brasil - Imagem: Unsplash

Toda mudança traz uma série de aprendizados e mudar de país vira a nossa vida de cabeça pra baixo.

Atualmente moro em Pádua, na Itália desde 2017, mas já morei em Milão entre os anos 95 e 97.

São duas histórias de migração muito diferentes. Em 1995 a internet estava surgindo nas universidades, as ligações internacionais custavam muito caro, mudar de país significava manter o contato com família e amigos através de longas (e esperadas) cartas!

Naquela época eu não tinha filhos, trabalhei em uma rede de lanchonetes de fast food, aprendi italiano e visitei lugares que eu nem sabia que existiam. Viajei muito.

Voltei para a Itália 20 anos depois, dessa vez com filhos, de 9 e 14 anos, para um intercâmbio em família. Apesar de achar que eles gostariam da experiência, eu também tinha muito medo de que eles não se adaptassem. Com filhos, as responsabilidades são outras, cada um tem as suas obrigações e agora as viagens só acontecem nos períodos de férias escolares!

mudar de país vira a nossa vida
Vida de expatriada, é hora de muda o olhar! – Imagem: Unsplash

Aprendizados ao morar fora do país

Para a minha estreia no Diário de uma Expatriada quis contar sobre alguns dos meus aprendizados dessas experiências morando fora do Brasil.

Aprendi a ver o mundo com outros olhos, aliás, outras lentes! A nossa cultura funciona como uma lente que diz o que é certo ou errado, mas cada país tem seus hábitos e costumes e, consequentemente, suas lentes. Com essas novas lentes a gente costuma a questionar uma série de coisas. O óbvio, deixa de ser óbvio. O certo em um lugar pode ser errado no outro. De uma hora para outra perdemos as referências e precisamos aprender tudo! E aprender tudo, leva tempo! Precisaremos de tempo para aprender a língua, os hábitos e costumes. Quanto tempo levei para aprender tudo o que sei sobre o meu país de origem?

Neste processo, saímos da nossa zona de conforto. Não sabemos mais como nos comportar. Não sabemos o que esperar dos outros. Precisamos aprender sobre o sistema de ensino, o sistema de saúde, o sistema de banco, como alugar apartamento, comprar carro, qual seguro adquirir, como se vestir para ir a um casamento ou em uma missa, sem cometer gafes.

mudar de país vira a nossa vida
Seja paciente nos processos de mudança – Imagem: Unsplash

Seja paciente nos processos de mudança

A experiência de turista é muito diferente daquela de residente. Quem nunca sonhou com o verão europeu? De férias é uma coisa, como residente é outra. Da mesma forma, morar na Europa pode dar uma sensação de alto nível social, mas os europeus são adeptos à cultura do faça você mesmo e por aqui cuidamos da casa, fazemos comida, abastecemos o nosso carro, levamos o lixo na rua.

Importante ser paciente e tolerante, leva tempo para fazer coisas que os locais fazem todos os dias, desde escolher um produto no supermercado, até marcar uma consulta médica.

Aprendi que mesmo sendo fluente na língua posso não entender uma piada, não conhecer o significado de uma expressão idiomática, não conhecer alguns termos técnicos que o médico, o mecânico ou o hidráulico vão usar para falar comigo e, vou incrementar o meu vocabulário todos os dias.

Adaptação, carreira e língua

Não devemos comparar o país que esta morando com o Brasil. Até porque existem realidades particulares em cada local. Eu conheço uma parte do Brasil, bem pequena e o jeito de ser e fazer daquele lugar. Se eu quiser me adaptar à cultura italiana, onde moro, não posso comparar ou julgar – como melhor ou pior. Mais importante do que julgar é conhecer e para isso aprendi que preciso me liberar das ideias preconcebidas, dos meus preconceitos. Na minha opinião, essa é a parte mais difícil de todo o processo de adaptação!

Ter uma carreira no Brasil, não garante que eu tenha a mesma carreira na Itália. Aliás, preciso ter em mente que não construí uma carreira da noite para o dia e ao mudar de país, precisarei seguir todos os trâmites legais e burocráticos para ter os títulos e / ou a profissão reconhecida.

Quando se tem a cidadania italiana garante acesso aos direitos de cidadão no país, mas não garante que seremos bem aceitos na sociedade. Os meus vizinhos não me perguntam se eu sou cidadã italiana, para eles seremos sempre a família que veio do Brasil. Falar o idioma é fundamental, conhecer e, sobretudo, respeitar a cultura também.

Sei que posso gostar do Brasil, da Itália e de qualquer outro lugar em que eu escolher morar e que ao voltar para o Brasil ou para Itália ou para qualquer outro lugar, depois de um tempo longe, algumas coisas vão parecer estranhas, um pouco sem sentido, mas tudo bem. O mundo muda, a moda muda, as pessoas mudam e eu também não serei mais a mesma pessoa.

Como lidar com a saudade?

Em alguns momentos a saudade da família vai ser tão forte, que vai doer e eu vou me perguntar mil vezes “mas o que eu estou fazendo aqui?”. Mas aprendi que o amor e a amizade verdadeiros resistem ao tempo e à distância e que podemos nos fazer sentir presentes e por perto, mesmo quando estamos fisicamente distantes. Tudo é uma questão de manter os laços afetivos

Aprendi a viver os momentos importantes sem precisar esperar pelas datas importantes. Em todos esses anos, ainda não consegui passar o Natal com a família no Brasil, mas aprendi que podemos sentir o espírito do Natal nos encontros com a família e os amigos em qualquer época do ano.

O que você aprendeu morando fora?

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Picture of Carla Bottino

Carla Bottino

Olá! Sou Carla Bottino, psicóloga, terapeuta de família e muito curiosa. Sempre gostei de ler sobre a cultura e em especial, sobre os hábitos, costumes e desafios de quem vive em outros países. Sou carioca, de descendência italiana e em 2017 embarquei para uma aventura ( que deveria ser de 8 meses) do outro lado do Oceano Atlântico, em Pádua na Italia. Sou mãe de filhos grandes – Mariana de 19 e Joao de 14 anos e nas minhas redes sociais conto sobre a vida nova no velho continente e trago algumas das minhas reflexões sobre os processos de mudança e adaptação.

2 respostas

  1. Carla, quanto te entendo e seu texto trouxe palavras a experiências que eu tive. Como é gratificante colecionar histórias. E a gente só sente saudades do que é bom, né? Obrigada pelo texto.

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