Quando olho para trás e me lembro da nossa primeira mudança do Brasil para Dubai, eu me lembro de que eu e minha família começamos a falar sobre a nossa nova vida, todas as possibilidades e incertezas que viriam com essa mudança. Um mar de emoções e sentimentos surgiram ao me preparar a mudança de país .
As lembranças daquelas últimas noites, quando dormíamos em uma casa vazia, sem cortinas, grandes colchões no chão; onde eu e o meu filho Pedro de sete anos dormíamos juntos, porque o papai já estava no novo país e nos encontraríamos meses depois…
Grandes memórias! É assim que olho para trás.
Por outro lado, me lembro principalmente de estarmos muito tristes porque toda vez que dizíamos adeus, a gente chorava. E logo me vejo tentando equilibrar três bolas no ar ao mesmo tempo.
Perguntas que surgem na hora de preparar uma mudança de país
Se você está prestes a se mudar, deve estar se fazendo as mesmas perguntas que eu fiz. Como faço para organizar todos os aspectos práticos? Como posso orientar meus filhos melhor através dessa transição? E como posso manter a fé?
De minha própria experiência e como “coach de ‘expat life’” eu sei como é importante refletir sobre o impacto de um movimento internacional.
É por isso que nós, coaches de expatriados, trabalhamos o processo de como “se sentir em casa morando fora”, apoiando as mulheres para se prepararem mentalmente para uma mudança de país.
Como as empresas de relocação (quando se é transferido a trabalho) cuidam do lado prático da mudança, nós, coaches de expatriados, estamos lá para a parte emocional e as questões existenciais que o acompanham: “O que você está deixando para trás, o que você leva com você e quem você quer que esteja com você no seu novo país?”
O coaching pré-partida ajuda você a se mudar com expectativas realistas, auto-conhecimento, um bom plano e uma mente aberta.
A partir da minha experiência profissional e vivência pessoal, eu compartilho cinco dicas de: Como eu – mulher – devo me preparar para uma mudança de país?
Preparar um mudança de país exige preparação mental – cinco dicas
1. Visão geral e perspectiva
Mudar para o exterior é como tudo na vida: certifique-se de que você conhece o seu objetivo e como chegar lá e mantenha o foco. Crie paz de espírito! Faça uma linha do tempo. Dessa forma, você verá se está dedicando seu tempo ao que é realmente importante.
Preparações práticas, ir dizendo adeus e fazer um bom plano para o seu novo país. Para as crianças, isso implica literalmente em ver a imagem da nova casa ou hotel onde passarão as primeiras noites, rostos de amigos em sua nova escola.
Isso ajudará a encontrar algumas pessoas no novo país, além de clubes para expatriados como os do Facebook ou WhatsApp. E mantenha um diário!
Para crianças e adultos: crie um momento de rotina e paz antes de dormir. Isso traz “insights“. Estrutura e rotina ajudam a não nos esquecermos das coisas essenciais (práticas).
Permita-se um momento para ver como você está passando por este período agitado. É uma excelente maneira de criar uma rotina no seu novo país!
2. Continue sorrindo
E sim, é provável que muita coisa dê errado. Muito possivelmente, no seu novo país, ainda mais coisas darão errado. Tente ensinar-se a não se desequilibrar demais com erros ou atrasos dos outros.
Dê uma volta, tente resolver, mas continue sorrindo. Se mudar para o exterior é uma aventura.
Viver em uma casa vazia com nada além de um colchão no chão e alguns ítens pessoais, pode ser ruim no início, mas também pode ser uma grande aventura aos olhos de uma criança de sete anos.
Tente aceitar o que não pode ser feito agora ou ainda não. E concentre-se no que é divertido ou especial, na sua criatividade e imaginação. Por isso, escute sua intuição e siga seu coração.
“Permitindo-se parar e pensar sobre seus medos e dúvidas, você pode encontrar maneiras de evitar que os medos se tornem realidade”.
3. Não negue o lado sombrio
Todos nós temos duas vozes diferentes dentro de nós, não é mesmo? “Tudo vai ficar bem, vai ser um grande sucesso! Nós trabalhamos nisso por tanto tempo!”
E por outro lado, sua mudança é difícil para as pessoas que você deixa para trás, e você não quer incomodar seus filhos e marido com suas dúvidas. Mas as dúvidas estão lá, então aproveite para ouvi-las!
Não há problema em ter medo, ele lhe diz que você está prestes a fazer algo realmente corajoso. Ao abordar suas dúvidas, você pode encontrar maneiras de impedir que elas se tornem realidade. Assim, você vai perceber o que precisa resolver e aprender quem pode te ajudar.
O mesmo vale para as crianças, ou mais ainda. Claro que você quer que eles sejam felizes em seu novo país. Você quer protegê-los de despedidas difíceis.
Mas dê-lhes espaço para expressarem sua tristeza ou frustração por não quererem se mudar, que eles vão sentir falta dos seus amigos e da escola.
Expressar as emoções significa que as crianças incluem você e assim você pode confortá-las e juntos encontrarem maneiras de lidar com isso.
Dessa forma, você ensina a eles uma importante lição de vida: vocês entram nessa aventura juntos e sempre há espaço para os sentimentos de todos. O essencial é o apoio e respeito mútuo: nos bons e nos momentos difíceis!
“Continue sorrindo” e “não negue o lado sombrio” – eles são uma contradição? Não! Podemos chamar isso de equilíbrio.
4. Encontre o equilíbrio entre o aqui e agora e o futuro.
As crianças são muito boas nisso: perdem-se no aqui e agora. Marque momentos em sua agenda para planejar e organizar tudo para a mudança. E tão importante: marque momentos em que você não fale sobre isso.
Isso força você a estar presente, focando no aqui e agora. Igualmente, cria distância e uma visão geral para você lidar com as coisas mais tarde. Às vezes é mais agradável “deixar o futuro no futuro”. Afinal, é impossível controlar tudo … Mais uma vez: é um equilíbrio.
“Assim como os agentes de mudança empacotam nossas coisas e garantem que elas cheguem ao novo país em uma unidade. Então, é minha missão como coach de mulheres expatriadas fazer você “se sentir em casa morando fora”, garantindo que VOCÊ MESMA chegue como uma unidade, fortalecida e inteira.”
5. Você não está sozinha
Finalmente, tenha em mente: você não está sozinha! Portanto, aceite ajuda de amigos para fazer as malas ou para entreter seus filhos. Veja isso como um treinamento para o seu novo país. Por isso, aceitar ajuda é a maneira mais fácil de fazer novos amigos também ao chegar no novo país.
Tire um momento para um café com uma amiga e tirar as coisas do seu peito. E o crucial quando você se muda para o exterior com seu marido é a comunicação e o relacionamento com ele.
Sendo assim, faça acordos com você mesma e com o seu marido: quais são as suas armadilhas, o que vocês dizem um ao outro quando estão passando por um momento difícil, como vocês se mantêm em equilíbrio?
Certifique-se de criar suporte para você e para o outro. Se possível, organize ajuda profissional para você ficar de pé, para permanecer enérgica, focada e em contato consigo mesma.
Isso vai ajudá-la a desfrutar de todos os pequenos passos, desafios e novidades que vêm com a preparação para mergulhar fundo na sua vida de expatriada.
Adriana Meyer é consultora em Psicologia Empresarial e Coaching Executivo. Mestrado em Ciências Sociais – MSc in Business Psychology – pela Universidade Heriot-Watt (Dubai). Trabalhou em diversos setores para organizações públicas e privadas. Contribuiu com projetos sociais para a comunidade, tanto no Brasil quanto em Portugal. Sua jornada como expatriada a levou a criar um programa de “Coaching para mulheres expatriadas”, ajudando nesse processo de mudança pessoal e emocional. Email: [email protected] Twitter: AdrianaMeyer11 LinkedIn: Adriana Meyer
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