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Dubai: uma cidade de gente

Última atualização do post:

Dubai

Entrei no táxi, me acomodei no banco de trás e segui rumo à minha casa junto com a minha filha mais velha. Olhando para frente, no monitor do taxímetro, me deparei com a foto do taxista, ele parecia bem mais novo do que aparentava – pelo menos uns sete anos teriam se passado do momento que ele havia tirado aquela fotografia. Rapidamente, fui trazendo à mente cenas do filme City of Life (ainda sem tradução para o português).  

Filme produzido e filmado em Dubai no ano de 2009, dirigido pelo emiradense Ali F. Mostafa. Na época foi um burburinho pela cidade, pois pela primeira vez um filme retratava uma Dubai menos explorada pelos turistas – uma cidade mais humana, fora dos holofotes do glamour que o próprio nome da cidade instiga. Um filme sobre os seus habitantes, incluindo gente como a gente: os expatriados. 

Vou de taxi

O taxista me fez lembrar do personagem Basu do filme City of Life – Imagem: Pexels

Voltando ao taxi, e durante o percurso no carro, me perguntava silenciosamente, quem o motorista havia deixado para trás: uma noiva, pais ou mulher e filhos? Muitos por aqui não possuem o privilégio de trazerem as suas famílias, vivem constantemente com o vazio da separação.  

Assim como no filme, um dos seus personagens, era semelhante ao taxista, tinha a mesma profissão e provavelmente a mesma nacionalidade. Na história fictícia ele se chamava Basu, vivia só e tinha um grande sonho: voltar à sua terra natal e se tornar ator de Bollywood.  

Construindo sonhos

Quantos e quais são os sonhos que trazemos na mala quando chegamos nessa cidade inóspita, mas que ao mesmo tempo nos acolhe? Quem deixamos para trás?  Seja como for, uma ponte longínqua e imaginária se faz ao nosso passado que fica escondidinho dentro da gente e várias vezes, nessa fantasia, atravessamos oceanos e continentes buscando lembranças como um subterfúgio, talvez para não esquecermos de quem somos de verdade.

Em outras palavras, vamos construindo sonhos, formando família, mudando os nossos paradigmas em meio a alegrias e decepções. O mundo fica maior e as possibilidades também. Sonhar é viver, e viver é ser expatriado!  

Do mesmo modo, vamos ficando só por mais um ano, levando a vida e quando nos damos conta, o tempo voou sem percebermos. Esse caminho vai refazendo a nossa história e mudando os personagens a nossa volta.

Impermanência

desert-dubai
Se acostumar com a partida de amigos – Imagem: Pexels

Viver como expatriado em Dubai, é também se acostumar a ver os amigos partindo; é mudar de casa pelo menos duas vezes; é viver aceitando que nada é para sempre. Da mesma forma, a própria Dubai muda constantemente com suas inúmeras obras e construções, nos dizendo que essa impermanência faz parte da vida e alterando o seu desenho de cidade.

Dubai: um emirado construído com pessoas de várias nacionalidades, que vem e vão, ficam uns anos e que por qualquer motivo decidem atravessar a ponte do retorno de vez, ou seja, aqui não há imigrantes. Somos expatriados no sentido literal da palavra (só se permanece aqui enquanto se tem alguém/empresa que patrocine seu trabalho, ou a sua estada).

Por fim, quando o filme acabou, notei que um dos importantes ícones da cidade, o Burj Al Arab, não apareceu em nenhuma cena, bom, isso não faria sentido no enredo, né? Ainda mais que as histórias falam sobre as pessoas e isso ficaria irrelevante de mostrar. É um filme sobre gente, um filme sobre a gente. Assista!

Ah! E sobre o taxista do meu táxi? Chegamos ao meu destino final, e antes de abrir a porta, lhe dei uma gorjeta e logo perguntei como ele se chamava, ele respondeu: Imran. Foi só isso que descobri sobre a vida dele.

“Há sempre um tempo e lugar para tudo” (There’s always a time and a place for everything)

Fala do personagem árabe Faisal bem no comecinho do longa-metragem.

Assista ao filme City of Life. Clique aqui.

Outros textos da autora. Clique aqui.

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Wiana

Passou pelo Canadá e Bahrein antes de firmar residência em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Escreve também literatura infantil, haicais e contos. É autora do “O Jardim da Lua" (finalista do Prêmio Jabuti 2022 na categoria ilustração) da editora Tigrito. "Sarah & The Pink Dolphin'' é seu primeiro livro bilíngue (inglês e árabe) publicado pela Nour Publishing. Participou do Festival de Literatura da Emirates Airline em 2019 com o livro: "Pepa e Keca em Quem viu rimas por aí?". Atualmente cursa a pós-graduação "O livro para a Infância: processos de criação, circulação, mediação contemporâneos" na A Casa Tombada. É parceira do clube de assinatura de livros infantis, A Taba, nos Emirados.

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