Mais uma super conversa para nossa série de entrevistas com expatriadas que saíram do Brasil para morar no exterior. E dessa vez vamos a Bélgica! Saber como vive Gina Salazar e conhecer um pouco mais da sua trajetória. Espero que gostem!
Debora Pedroni
DP: Conte um pouco sobre você
Me chamo Gina Salazar, 41 anos, nascida em São Paulo, coach de transição profissional e de relacionamento com o dinheiro, practitioner PNL, job coach, palestrante, formadora e empreendedora.
Moro em Bruxelas, na Bélgica, sou casada com um belga-italiano e temos 2 filhos, de 11 e 9 anos. Antes de me mudar para a Bélgica, morei em Malmö na Suécia e em Barcelona, na Espanha.
Arquiteta de formação e empreendedora, me especializei em reformas e trabalhei muitos anos com a realização e gestão de projetos e obras. O que certamente, incluiu a gestão de pessoas e investimentos imobiliários.
Comecei minha carreira em São Paulo, posteriormente fui fazer um mestrado na Espanha em 2004 e me mudei para a Bélgica em 2006, por amor. Acima de tudo, sinto que contribui durante mais de 20 anos, ajudando a melhorar a vida das pessoas através da qualidade dos espaços físicos e dos projetos de arquitetura.
Mas, por outro lado, sempre fui apaixonada pelo “lado humano” e interessada pelo bem-estar das pessoas. Portanto em 2016 comecei uma transição profissional orientada para o desenvolvimento humano. Gosto de dizer que deixei de reformar os interiores dos espaços para ajudar a reformar os “interiores humanos”.
Hoje acompanho pessoas em seus projetos profissionais, em busca de bem-estar profissional, que considero de extrema importância e impacto na vida.
DP: Conte-nos mais sobre como foi morar em Bruxelas
Um dos meus sonhos era fazer pós-graduação em Barcelona, que na época, era muito conceituada em Arquitetura e Urbanismo, o que consegui realizar e que me trouxe muita satisfação!
Fui para Barcelona como estudante, e meu objetivo era voltar para o Brasil depois do mestrado na Espanha. Sempre amei o Brasil e jamais pensei em viver tanto tempo no exterior. Mas o destino amoroso me levou para a Bélgica, onde acabei ficando e formando família.
DP: O coração acabou falando mais alto! Quais os maiores desafios e barreiras em todo esse processo? Precisou se reinventar muito?
O princípio da vida na Bélgica foi bastante desafiador, pois a Bélgica é um país que, apesar de pequeno, é bastante complexo em muitos sentidos.
Tem apenas 11 milhões de habitantes, 3 idiomas oficiais, localização geográfica estratégica e em Bruxelas é onde se dá a transição do mundo latino para o mundo nórdico. Ou seja, Bruxelas tem características do sul e do norte da Europa.
Por outro lado, quando cheguei já falava um dos idiomas locais, o que ajudou muito em todos os sentidos, inclusive para encontrar um trabalho relativamente rápido. Mas, em Bruxelas existem 2 idiomas oficiais e não falar os 2 sempre foi uma barreira profissional para ter acesso às melhores ofertas de trabalho.
Outra barreira foi a alta qualificação não reconhecida, por falta de equivalência de diploma, o que fez com que eu me adaptasse ao mercado de trabalho.
DP: De que forma você se preparou para essa mudança? Pesquisou sobre o lugar, contatou brasileiros que viviam lá, buscou informação nas embaixadas?
Na época, antes da minha mudança, não tínhamos redes sociais como hoje. O Orkut ainda estava por vir e eu não conhecia nenhum brasileiro que morasse na Bélgica.
Ou seja, a minha preparação foi me dedicar quase que unicamente a aprender a falar francês para poder me comunicar com a família do meu namorado (que depois virou marido), e também para poder sair do inglês que era a nossa língua de comunicação.
Mas, para esclarecer o desafio, nesse processo, nunca frequentei escola ou curso de francês, por falta de tempo. Então eu estudava de maneira autodidata, com livros, áudios, televisão, músicas, etc.
Quase todas as informações que eu tinha da Bélgica vieram através do meu namorado e, al também das várias viagens que fizemos à Bélgica antes de tomar a decisão da mudança.
DP: E o que você faz hoje?
Hoje continuo empreendendo e investindo na minha empresa EGrowth, que presta serviços online e presenciais de coaching, treinamentos, workshops e palestras, para empresas e para o público aberto, utilizando a Programação Neurolinguística como principal ferramenta.
Neste trabalho acompanho pessoas que se encontram em transição profissional e/ou em busca de melhorar a sua relação com o dinheiro. Considero que são temas que caminham juntos e que são complementares.
Mas, também trabalho parcialmente como Job Coach, em um projeto com um público específico, ajudando de maneira personalizada as pessoas que estão desempregadas a entrarem no mercado de trabalho belga.
Acredito que autoconhecimento empodera e desenvolvo regularmente conteúdo nas redes sociais, palestras e workshops, para inspirar e contribuir com o despertar das pessoas para o próprio autoconhecimento, fortalecimento e motivação.
DP: Quais diferenças culturais mais te chamaram a atenção quando você mudou?
Algo que me chamou atenção no primeiro ano foi a supervalorização do verão. Como eu já estava trabalhando em uma obra, o fato do empreiteiro dizer que não trabalharia todo mês de agosto, porque era verão, me chocou um pouco.
Hoje entendo perfeitamente e apoio, pois os dias de sol e calor são tão raros que é realmente importante valorizar.
DP: Que dicas ou mensagem você deixaria pra quem pretende começar a vida como expatriada?
Entendo como expatriada, toda pessoa que faz a opção de morar em outro país que não é a sua pátria, por alguma razão específica. Seja profissional, familiar, pessoal, estudos ou perspectiva de carreira/trabalho.
Para mim, dentro desse movimento existe uma escolha, que é o movimento de “ir” para algo que se quer e não o movimento de “deixar” algo que não se quer. Pode parecer a mesma coisa, mas sistemicamente não é.
A motivação de uma pessoa que “vai” é muito diferente de uma pessoa que “deixa” e, portanto, isso faz toda a diferença durante o processo e na adaptação. A mensagem que eu gostaria de deixar é: se você pretende expatriar-se, reflita no que motiva esta decisão: o ir ou o deixar?
Em suma, entender o que te motiva, é o que te dará forças durante todo processo. Para concluir, eu diria que ter uma base da língua local antes de ir é de extrema importância se você quiser inserir-se socialmente.
Logicamente, isso vai depender do seu objetivo. E mesmo que em muitos países é possível viver e trabalhar falando inglês, isso te dará apenas uma parte do acesso do que se passa no novo país de destino.
LINKS Instagram: ginasalazar.egrowth.be
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Sou Debora, carioca de Niterói e moro na Croácia. Trabalho como produtora de conteúdo e redatora em redes sociais, sites e blogs. Sou também professora de línguas (inglês e português para estrangeiros) e tradutora EN-PT).
Antes dessa mudança total em minha vida de expatriada, trabalhei como professora de inglês em diversas escolas de línguas no Brasil e também em empresas com a Petrobras e Vale do Rio Doce. Fui recepcionista bilíngue em eventos voltados a plataformas de petróleo e gás. Viajei o mundo e conheci os 5 continentes e mais de 60 países, a bordo de navios de cruzeiro da empresa Royal Caribbean, onde era recreadora infantil.