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Entrevista: Expatriada Nivea Heluey

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Entrevista expatriada Nivea Heluey

Nivea Heluey que atualmente vive com sua família em Dubai é uma mulher incrível, inteligente e empreendedora. Entenda como é se reinventar e adaptar em um novo país com a sua família. Ela é o tipo de pessoa inspiradora, portanto vale conferir a entrevista.

Aproveitem a leitura!

Por: Simone Torres.

Família – Arquivo Pessoal

ST: Conte um pouco sobre você?

“Meu nome é Nivea Heluey, sou mineira de Juiz de Fora. Tenho 46 anos, sou casada há 25 anos, tenho um filho de 23 e uma filha de 16. Me formei em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, profissão que exerço desde 2000, meu ano de formatura.

No começo da minha carreira trabalhei como repórter e apresentadora de TV, e logo em seguida iniciei uma imersão em Marketing e Comunicação Corporativa. Fiz a minha primeira pós-graduação ainda no Brasil e logo comecei a dar aulas em disciplinas correlacionadas.

Sempre apaixonada por Moda, seguindo os passos das mulheres da minha família, iniciei um projeto paralelo que veio a se tornar uma marca notável na cidade, reconhecida pela originalidade, exclusividade e um olhar menos material e mais conceitual para a moda. 

Antes de mais nada, chegar em Dubai e trabalhar de imediato não era o plano, mas a workaholic inveterada não conseguiu ficar muito tempo quieta só cuidando da transição. Em 3 meses já tinha um emprego supervisionando o Marketing e Visual Merchandising de uma rede de lojas de roupas de festa. Daí em diante foram várias experiências incríveis, outras nem tanto. 

Em 2015 decidi reiniciar meu processo de formação acadêmica com o Mestrado. Foram dois anos de loucura total, porque trabalhava full-time e meu tempo era muito escasso. Mas foi aí que virei uma ninja em gestão de tempo. 

E nunca mais parei. Inúmeros trabalhos e cursos, hoje estou realizando um sonho que de fato é o Doutorado. Estou ainda terminando o primeiro ano de quatro, mas cada passo dessa longa jornada me deixa tão feliz que só cresce a certeza de que estou no meu caminho.

Amo lecionar e meu lugar preferido é numa sala de aula. Afinal, com o título de PhD pretendo seguir minhas atividades profissionais de Comunicação e Marketing ainda mais capacitada e, paralelamente, seguir na docência, seja aqui nos Emirados, na Espanha (onde é a minha Universidade – Universitat Autònoma de Barcelona) ou: no Brasil. Ou sei lá onde!”

ST: Como foi parar no país em que se encontra hoje?

“Sou casada com um piloto, o que me proporciona uma dinâmica bem única em uma relação. Em 2002, pouco tempo antes dos últimos suspiros da grandiosa Varig, meu marido foi selecionado para uma empresa Taiwanesa, a EVA AIR. 

Ao mesmo tempo, a impressão que eu tinha era de que a linha reta mais distante entre dois pontos era a que nos separava durante aqueles anos malucos, ainda mais porque nos víamos a cada 35 dias, em blocos de 12 dias de folga. Na maioria deles ele ia ao Brasil, e em alguns eu ia para Taipei, o que me proporcionou experiências e aventuras inesquecíveis. Na sequência veio a proposta da Emirates Airlines e aqui estamos há 10 anos.”

ST: Quais foram seus maiores desafios e barreiras a serem quebradas com todo esse processo de mudança de vida e país? Precisou se reinventar muito?

“Acho que me adaptar ao clima e à paisagem ao meu redor foram os únicos desafios, afinal, sou mineiríssima, amo verde, mata, rio, cachoeira. Sou daquelas que abraça árvore e aqui a floresta é de arranha-céus e o clima é um micro-ondas desértico.

Por outro lado, “mamão com açúcar”. O inglês sendo o idioma “oficial” dos Emirados me facilitou demais. Quando adolescente, fiz intercâmbio nos Estados Unidos e já me virava bem, então essa parte complicada da adaptação eu não tive que encarar.

Me reinventar é uma coisa que faço constantemente, seja lá onde for.

ST: Como foi a adaptação dos membros da família?

“Meu filho deu um pouco mais de trabalho. Como chegou aqui no ápice da adolescência, sentiu uma ruptura abrupta no seu mundo de um menino de 13 anos, o que gerou uma grande resistência à adaptação. Capítulos de ansiedade, pânico e revolta fizeram parte do crescimento dele.

Foi uma fase desafiadora e intensa, mas com final feliz. Foi fazer faculdade nos Estados Unidos, formou-se com Major em Economia e Minor em Astronomia e hoje trabalha em Londres. Tenho um orgulho sem medida por ele, porque se reinventou a ferro e fogo e se tornou um adulto cheio de caráter, disciplina e um coração gigante.

Já a caçula, que chegou com 5 anos, se adaptou super bem e não deu nenhum problema. Desde o primeiro dia de aula entrou de mão dada com uma outra garotinha e não precisei fazer nenhum processo de adaptação com ela.

É bem verdade que aqui em casa eu e Guilherme temos uma relação muito tranquila com a exigência da excelência em performance escolar. Em suma, acreditamos que a educação fundamental – no sentido de caráter e integridade – acontece em casa e a partir do nosso exemplo.

O que é aprendido na escola só acontece lá por questões de socialização, fora isso, tudo pode ser aprendido de outra maneira. Quero meus filhos felizes e realizados, e não me encano excessivamente. O resultado tem sido ótimo.” 

ST: De que forma você se preparou para essa mudança? Pesquisou antes sobre o lugar, contactou brasileiros que vivem no país, buscou informação nas embaixadas, fez planejamento financeiro?

“De antemão, posso dizer que não fiz absolutamente nada, ainda mais porque só conheci brasileiros quando cheguei aqui. A casa que visitamos ainda na viagem pré-mudança, quando o Guilherme veio fazer a prova de seleção, acabou sendo trocada dois dias antes do embarque.

Já a minha casa do Brasil foi desfeita em 3 fases: Peças e móveis amados de família, quadros e livros – storage.

Peças grandes, novas e de alto valor – trocadas com minhas então funcionárias (costureiras do meu ateliê) por serviço. Foi uma mão na roda, elas tiveram acesso a itens que não comprariam facilmente e eu fiquei despreocupada com o pagamento delas por seis meses!

E tudo mais (rouparia, panelas, louças, brinquedos, roupas, sapatos) – doação. Minha casa era um drive-thru de carretos de entidades beneficentes, creches, asilos. Isso foi lindo.”

ST: O que esta multi-mulher faz hoje me dia?

Nivea Halay – Arquivo Pessoal

“Sigo estudando de seis a oito horas por dia e faço consultoria em projetos de Comunicação e Marketing. Aliás, tenho um cliente fixo no Brasil com quem trabalho há quatro anos. Fora isso, vou selecionando e desenvolvendo novos projetos de acordo com a demanda.

Da moda sinto muita saudade, mas… essa teve que ser guardadinha na gaveta dos “para uma outra hora”. Apesar de tempos em tempos ministrar cursos como professora convidada em Marketing e Design de Moda. Com o Doutorado tudo está tendo que ser revisto.

Por enquanto, mato minha saudade produzindo minhas próprias peças. Tenho uma fada madrinha do Sri Lanka que costura lindamente, é ajudante doméstica de uma família de franceses no meu condomínio. Então, levo minhas maluquices pra ela e nos ajudamos dessa forma: ela complementa a renda e eu sacio a abstinência criativa.”

ST: Que diferenças culturais mais te chamaram a atenção quando se mudou?

“Por se tratar do caldeirão multiétnico que são os Emirados Árabes, falar de diferenças culturais é uma temática plural, com focos variados. Costumo dizer que só o fato de entrar em uma cultura tão ampla e permeada por subculturas tão distintas e riquíssimas, é mergulhar num buraco de Alice. Tento me divertir.”

ST: Que dicas ou mensagem você deixaria para quem está lendo essa entrevista e pretende começar uma nova etapa da vida como expatriada?

“Não tente controlar tudo, controle apenas o que você pode mudar; tente se divertir ao longo da jornada, tudo é aprendizado. Afrouxe as exigências, ria de si mesma, pense sob novas perspectivas. Faça de cada dia uma nova oportunidade de ser feliz, na essência da felicidade como uma conquista que independe da sua localização no mapa. Ela tem que estar dentro de você.”

Para mais entrevistas, clique aqui

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Simone Torres

Formada em direito, advoguei por um tempo, dei uma pausa para me dedicar aos estudos para concurso público, e cuidar da minha família na Argentina. Fui professora de Legislação Trabalhista no SENAC. Casada com o Lu e mãe de um casal de filhos. Sou uma mulher do interior brasileiro determinada, e que ama ler livros.

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