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Experiência de uma gravidez em Dubai e na Bélgica

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Ensaio fotográfico de gravidez em Dubai na praia La Mer  - Imagem: Arquivo pessoal
Ensaio fotográfico de gravidez em Dubai na praia La Mer - Imagem: Arquivo pessoal

A descoberta da gravidez normalmente vem acompanhada de uma explosão de sentimentos, dúvidas, ansiedades e medos. Logo imaginem quando você vive no exterior? Eu contei um pouco da minha história aqui no blog sobre o período que morei no Catar, depois em Dubai e atualmente na Bélgica. Agora, vou compartilhar com vocês um pouco das minhas experiências de gravidez e parto em Dubai, mais a gravidez na Bélgica.

As dificuldades de uma gravidez no exterior

Primeiramente, não é segredo para ninguém que, assim como a dificuldade com a língua estrangeira (a não ser no caso de Portugal ou de outros países falantes de nossa língua materna), as diferenças culturais pesam muito no contexto da gravidez no exterior. Somado à isso, a falta de uma rede de apoio é o maior problema que a futura mamãe enfrenta nessa etapa.

Encontrar uma ginecologista obstetra que fale nossa língua é a primeira preocupação. Sendo assim, sempre recorremos aos grupos de brasileiras expatriadas no país para obter recomendações.

Além disso, escolher o melhor hospital, participar de sessões de informação e entender a dinâmica do pré-natal também estão na lista de afazeres da grávida no exterior. Do mesmo modo, entender o que cobrem os planos de saúde ou como funcionam os serviços públicos de saúde, no país em que vai dar à luz. Nesse sentido, quanto mais informação conseguir coletar desde o início da gravidez, mais tranquila é a passagem pelos 9 meses, pois dessa forma, consegue se beneficiar de tudo o que está disponível como: quarto particular no hospital, medicamentos, vitaminas e até os tratamentos.

Planejando engravidar no exterior

Nós já morávamos em Dubai há um ano quando nos planejamos para engravidar, em 2019. Com uma rede de apoio de amigos que moravam no mesmo condomínio e trabalhavam no mesmo projeto, eu já tinha conhecimento de como era o sistema, devido a duas amigas que tinham tido filhos antes de mim.

Não havia ginecologista obstetra brasileira em nossa região. As referências que tinha sobre esses profissionais portugueses não eram boas. Como eu falava bem inglês, decidi seguir minha gravidez com a mesma doutora que atendeu minhas amigas, que era síria, assim como, no mesmo hospital em que elas pariram. Essas recomendações já me trouxeram um conforto, pois sabia que com elas tudo tinha se passado bem.

As condições de trabalho nos Emirados, em geral, são muito boas no que se refere às leis trabalhistas e aos benefícios, isso inclui os planos de saúde. O nosso cobria todos os custos, desde as sessões pré-natal, ultrassonografias, exames até medicamentos e vitaminas. Isso foi um diferencial em nossos bolsos, já que o custo de vida em Dubai é alto. Assim, conseguimos direcionar nossos gastos com as despesas de mobílias e utensílios para o bebê.

Em contrapartida, a licença maternidade é de apenas 40 dias, o que me chocou no início. Por outro lado, minha empresa sendo multinacional, oferecia benefícios como: extensão da licença por mais 100 dias não remunerados e possibilidade de adicionar as férias; o que somados me deram cinco meses e meio de licença para cuidar da minha bebê.

Minha gravidez em Dubai

Minha gestação correu super bem. As consultas pré-natal foram ótimas, os exames de ultrassonografia mostraram uma bebê saudável e ativa. Eu visitei a ala da maternidade do hospital que tinha quartos muito agradáveis com: banheira, bola de pilates, iluminação dimerizada e que mudava de cor, som ambiente – eu até poderia escolher a trilha sonora. Tudo isso me deixou muito tranquila para ter um parto normal e humanizado, que era o meu sonho. Participei de sessões informativas gratuitas promovidas pelo hospital sobre a saúde e os cuidados na gestação tais como: alimentação, amamentação, parto, pós-parto, puerpério e vacinas.

Portanto, ocorreu que no terceiro trimestre de gravidez eu fiquei com diabete gestacional. Visto que eu completaria 40 anos próximo à data do parto, a minha gestação começou a ser considerada de risco.

Atualmente, é sabido que a expectativa de vida aumentou muito, a saúde e a medicina avançaram a passos largos, bem como, informações sobre estudos relacionados à saúde são amplamente divulgados e estão acessíveis a todos. Porém, eu tenho um sentimento de que a maternidade não foi considerada nesses estudos, muito menos a saúde da mulher sob a ótica da fertilidade. A meu ver, a utilização indiscriminada de anticoncepcionais que são verdadeiras bombas hormonais, continuam afetando silenciosamente a saúde feminina. Como também, o comércio descarado da inseminação artificial vai contra a necessidade de se investir no estudo da saúde do corpo feminino.

O parto em Dubai e a chegada de Maya

No momento em que chegamos a 38 semanas, quando o feto é considerado pronto para nascer, minha doutora nos preparou para o dia do parto. Em uma consulta, ela forneceu informações práticas e concisas sobre o parto, mas claramente tendendo para a realização de uma cesária. Eu insisti que me sentia apta para realizar o parto normal e que já vivenciava as contrações de treinamento. Porém, ela seguia com o discurso de aguardar os sinais até 40 semanas e que após esse limite não haviam mais benefícios ao bebê permanecer no útero e aí sim, deveríamos realizar a cirurgia.

Eu tinha fé que o meu corpo faria sua parte nesse trabalho, mas nos dias que antecederam o prazo final, ela sugeriu então que induzíssemos o parto, aplicando ocitocina em minha veia. Por fim, foi o que aconteceu, e com a aplicação do hormônio, os batimentos cardíacos da minha bebê baixaram muito, e a médica decidiu realizar a cesária. Felizmente, tudo correu bem, apesar da frustração.

Gravidez em Dubai
Denise tomando ocitocina e o primeiro contato com Maya após a cesária – Imagem: Arquivo pessoal

Minha mãe foi para Dubai passar os três primeiros meses conosco, o que foi crucial para a sanidade e o bem estar da nossa família. Desejo de coração que toda a mãe expatriada consiga alguém para ser seu apoio, pelo menos nesse início tão desafiador.

Doula e o apoio que nos falta no exterior

Em Dubai, eu conheci uma doula brasileira pelas redes sociais, a Marcela, e participei de uma roda de conversa com outras grávidas expatriadas, de outras nacionalidades. Compartilhamos as angústias e os medos, recebemos apoio e conforto. A maternidade é um difícil processo em todas as línguas, em qualquer cultura.

Na época não contratei o seu serviço, afinal eu estava segura de meu conhecimento e das informações que tinha obtido de minhas amigas e do hospital. Hoje, na segunda gestação, percebo o quão importante é a participação dessa profissional em nossa jornada.

Em Bruxelas conheci outra doula brasileira, a Thainy, e participei de vários cursos oferecidos por ela, durante a minha segunda gestação, sobre: a dor, a preparação e o pós parto. Como resultado, ela me fez perceber que uma médica ginecologista obstetra estuda para encontrar e curar doenças, bem como realizar procedimentos cirúrgicos. Do contrário, o parto é um ato natural, é uma consequência de uma boa preparação física e psicológica.

Diante disso, na minha opinião, o melhor profissional para acompanhar um parto natural é a parteira, midwife (em inglês) e sage-femme (em francês). Descobri aqui na Europa que a cultura da cesárea não é imposta, muito menos incentivada, como me parece ser no Brasil e em Dubai. Acho que a intervenção cirúrgica dever ser considerada em último caso, como medida de prevenção aos riscos de morte da mãe ou do bebê.

Curiosidades culturais na Bélgica

Quando passeamos pela Bélgica, percebemos uma particularidade nas famílias locais: um pai e uma mãe grávida empurrando um bebê no carrinho e uma criança andando de mãos dadas, não raro, mais filhos. Há variações para essa cena, como o bebê estar no sling com o pai, ou a criança mais velha também num carrinho guarda-chuva.

Outra curiosidade, os belgas não compartilham nem o sexo nem o nome do bebê antes de seu nascimento. Ainda não descobri o motivo, se você souber, nos conte nos comentários.

Inesperadamente, na primeira ultrassonografia na Bélgica eu tomei a maior bronca, porque aqui não é permitido filmar ou fotografar o ultrassom, o que frustrou bastante os avós e os tios que vivem no Brasil.

Gravidez na Bélgica

Gravidez na Bélgica
Ultrassom na Bélgica e os avisos de proibido filmar ou fotografar – Imagem: Arquivo pessoal

Descobrimos, com o passar do tempo, que o governo belga paga uma ajuda de custo às famílias a cada filho nascido. É a chamada alocação familiar. A família recebe um montante de dinheiro um pouco antes do nascimento do bebê e após o parto um outro valor mensalmente. Será por isso que as famílias belgas têm tantos filhos?!

Na Bélgica, o sistema de saúde é público, mas não é totalmente gratuito. Portanto, para aliviar os custos com a saúde, você se afilia à uma mutuelle, que é uma empresa que proporciona reembolsos de despesas médicas, e outros serviços como terapias e estágios escolares. Desse modo, há um grande número de empresas desse tipo e você se afilia conforme os benefícios que elas podem te oferecer.

Outra diferença está na maneira de acompanhar a gravidez. Na Bélgica, nós não temos uma médica exclusiva, somos atendidas pelas profissionais que o sistema de saúde público nos oferece, dependendo da disponibilidade. Nesse caso, as primeiras consultas são com as ginecologistas obstetras, mas de acordo com a evolução da gravidez, se a futura mãe não apresenta doenças ou riscos, o pré-natal é acompanhado pela sage-femme.

Essa história não termina por aqui

Eu fui diagnosticada com diabete gestacional desde o início da segunda gestação, mas está sendo controlada com alimentação balanceada e aplicação de insulina. Estamos aguardando uma outra menininha, o que nos enche de alegria e expectativa. Seguimos fazendo yoga para gestante, andando de bicicleta e planejando o chá de bebê.

Hoje, finalizo esse texto com 28 semanas de gravidez. A data prevista para o parto é 24 de julho de 2023. Contarei o desfecho dessa história em um post futuro. Até lá!

Com carinho, Denise.

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Denise Pavan Limpias

Uma engenheira paulistana, quarentona, casada, mãe da Maya que nasceu em Dubai e da Miya que nasceu na Bélgica, onde moramos atualmente. Já morou no Rio de Janeiro, em Doha no Catar, em Dubai nos Emirados Árabes Unidos, que trabalha com projetos e obras de metrô, trem, tramway (VLT) e tem sempre um sorriso largo no rosto :)

6 respostas

  1. Feliz dia das maes! Parabens por suas meninas. Sim, volte para nos contar como foi o encontro de voces e de suas meninas. Acho muito interessante como existem diferencas tao significativas. Muita saude para voces!

    1. Feliz dia das mamães pra ti também Valeria!!!! Gratidão pelo carinho. Sim, essas diferenças enriquecem muito nossas experiências de expatriadas. Saúde para todos nós!!!!

  2. Amo suas histórias nesse blog 🥰 que Deus abençoe você e sua família Denise , que Deus abençoe a vida da sua nova princesinha muita saúde 😍 lembrando a Maya é uma fofa .

    1. Ah querida Joelma, gratidão pela mensagem e pelo carinho! E nos faz feliz demais em compartilhar nossas experiências por aqui! A Maya agradece imensamente 🥰

  3. Parabéns Denise! Sou sua fã desde Dubai, quando te conheci numa noite de Natal e que era tb seu aniversário e que fomos recepcionadas com sua alegria e sorriso largo! Muita saúde, felicidades e muito amor sempre em sua vida ! Que Deus abençoe esta família linda que vc construiu! Grande beijo!!!!

    1. Ah Mônica!!!! Que alegria saber disso! Amém! Que essa vida te traga muitas alegrias por todos os lugares do mundo! Aquele Natal foi muito especial! A gente já sofre tanta saudade da família nesses momentos especiais, celebrar com amigos e novos amigos é muito reconfortante ❤️
      Uma grande beijo!

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