
Criamos nossos filhos para o mundo, mas quando chega o momento de vê-los partir, tudo se transforma. Minha filha de 27 anos saiu de casa para construir sua própria vida. Arquiteta, com mestrado e pós-graduação em arquitetura paisagista e planejamento urbano, agora faz doutorado na Universidade do Porto. Tenho tanto orgulho de sua trajetória, mas não posso negar: a casa ficou mais silenciosa. Certo é, que os filhos crescem e voam, mas nós, mães, precisamos encontrar novas formas de preencher esse espaço que antes era ocupado por eles.
A síndrome do ninho vazio é real e traz uma mistura de sentimentos. É uma experiência bonita, mas desafiadora. De repente, as preocupações diárias mudam, e o cotidiano precisa ser ressignificado. E, além disso, não por acaso, para tornar o momento mais desafiador, juntam-se o climatério e a menopausa. Quero compartilhar com vocês como estou encarando essa fase, o que venho aprendendo e como transformei a saudade em crescimento.
Nos realizamos quando os filhos crescem e voam, mas o coração sente
Sempre soube que a missão de uma mãe é preparar os filhos para caminharem sozinhos. Sendo assim, desde que ela era pequena, ensinei minha filha a ser independente, a acreditar nos seus sonhos e a buscar seu próprio caminho. O que eu não sabia é que, quando esse dia chegasse, eu precisaria reaprender a reconfigurar e reprogramar minha cabeça e minha rotina.
Filhos crescem e voam, e, sem dúvida, isso é motivo de alegria, traz a sensação de missão cumprida. Mas a ausência no dia a dia é um desafio. Antes de mais nada, a casa ficou mais silenciosa e pequenos gestos do cotidiano deixaram de acontecer.
Mas, a primeira vez que senti a falta de verdade foi ao cozinhar seu prato favorito: estrogonofe. Sempre foi um ritual nosso. Prepará-lo sem vê-la sentada à mesa, esperando ansiosamente, foi um momento agridoce. A comida estava lá, mas algo essencial faltava.
Foi nesse instante que entendi que a síndrome do ninho vgazio não se trata apenas da ausência física. Envolve, por assim dizer, uma mudança emocional profunda.
Além da maternidade
O primeiro passo foi investir em atividades que me dessem prazer e significado. Filhos crescem e voam, mas as mães não podem ficar paradas no tempo.
Sendo assim, a rotina, antes preenchida por muitos encontros entre nós, agora precisava de novos propósitos. Voltei,dessa forma, a ler mais, fiz cursos online, foquei no trabalho que amo e tanto me revigora, aprendi que o vazio pode ser preenchido de maneira leve e prazerosa.
A maternidade nos consome de uma maneira linda, mas nunca podemos deixar de nos lembrar, quem nós somos além dela. Esse momento de transição se tornou um convite para me reconectar comigo mesma.

Respeitar o tempo do outro é um gesto de amor
Acima de tudo, outro aprendizado importante foi entender que minha filha agora tem sua própria rotina. Seu tempo não gira mais em torno da casa dos pais. Filhos crescem e voam, e cabe a nós respeitarmos esse movimento.
No começo, quis ligar todos os dias, saber de cada detalhe. Mas logo percebi que dar espaço também é um ato de amor. Hoje, espero que ela entre em contato quando puder, e cada conversa se torna mais especial.
Essa nova dinâmica fortaleceu nossa relação. Agora, quando nos falamos, há, portanto, novidades para compartilhar, histórias para contar e um carinho que só cresce.
E, ao aprender a dar esse espaço, também encontrei mais tempo para fortalecer meu casamento. Com minha filha fora, eu e meu marido estamos cada vez mais unidos.
Transformando a saudade em oportunidade
A saudade nunca desaparece. Mas ela pode ser transformada em combustível para o crescimento. A síndrome do ninho vazio pode ser vista como um recomeço, não um fim.
O que aprendi ao longo desses dias foi que a vida continua cheia de possibilidades.
Para as mães que estão passando por essa fase, deixo algumas sugestões que fizeram diferença na minha jornada:
- Descubra novas paixões – aprender algo novo ajuda a preencher o tempo e a mente com estímulos positivos.
- Conecte-se com outras mulheres – compartilhar experiências fortalece e traz novas perspectivas.
- Cuide de si mesma – o autocuidado não é luxo, é necessidade. Pequenos gestos diários fazem toda a diferença. Eu amo me cuidar e acreditem, vale a pena!
- Aproveite a relação com seu parceiro – esse pode ser o momento ideal para fortalecer o casamento e redescobrir a parceria.
- Respeite o tempo dos seus filhos – deixe que eles sintam vontade de estar perto. Relações saudáveis são,por certo, construídas com liberdade e amor.
A síndrome do ninho vazio não precisa ser um período de sofrimento. Pode ser, antes de mais nada, uma oportunidade para criar novos laços, fortalecer relações e explorar novos caminhos.

Novos capítulos são escritos todos os dias
Hoje, vejo que a saudade é apenas um reflexo do amor bem vivido. Filhos crescem e voam, mas o vínculo que construímos com eles permanece para sempre. Se eles bateram asas, é sinal que está tudo certo. Mantra que repito para mim diariamente, diga-se de passagem.
Cada conquista da minha filha me enche de orgulho. Saber que ela está construindo sua vida, que está segura e feliz, é o maior presente que eu poderia ter.
E, enquanto ela vive sua história, eu continuo escrevendo a minha. Redescobrindo prazeres, criando novas memórias e valorizando cada fase da vida.
A síndrome do ninho vazio não é o fim de nada. Antes, é o começo de uma nova jornada. Uma jornada que pode ser rica, vibrante e cheia de possibilidades.
Se você, assim como eu, está vivendo esse momento, lembre-se: seu papel como mãe sempre existirá mas há um mundo inteiro esperando por você, pelo que você pode oferecer todos os dias.
Abrace essa fase com coragem, amor e vontade de viver. Afinal, filhos crescem e voam, mas nós também podemos voar.
About The Author
Renata Horta
Sou Renata Horta, 51 anos, Consultora de Imagem e Estilo,
Estrategista de Imagem Pessoal e Especialista em Coloração Pessoal e Visagismo.
Sou mineira de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro e expatriada no Porto, Portugal, desde 2021.
Vivendo meu melhor aos 51.
Apaixonada por Moda e viagens. Casada há 27 anos e mãe de uma arquiteta talentosa de 25 anos.
Somos únicas, únicas nas nossas escolhas, experiências e vivências, na carga genética, habilidades, imperfeições e sentimentos e esse é nosso super poder.
Meu convite para você é: VISTA-SE DE SI MESMA
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