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Filhos perfeitos – a busca daquilo que não existe

Última atualização do post:

Filhos perfeitos - a busca daquilo que não existe. Imagem: Canva
Filhos perfeitos - a busca daquilo que não existe. Imagem: Canva

Por que buscamos filhos perfeitos quando nós não somos?

Nos atendimentos que faço como orientadora parental, um tema que frequentemente surge é a busca por filhos “perfeitos”. Essa busca, confesso, é algo que me incomoda profundamente. Antes de mais nada, parece que estamos sempre esperando que nossos filhos se tornem versões idealizadas de crianças que, na prática, não existem. Queremos que crianças de três anos não se sujem enquanto comem, que fiquem quietinhas sentadas em restaurantes, que não corram nos parquinhos, que não chorem e que, de alguma forma, se comportem como pequenos adultos. Mas por quê?

Além disso, buscamos que essas crianças sejam brilhantes academicamente e, ao mesmo tempo, socialmente excepcionais. Queremos que sejam questionadores, mas obedientes. Corajosos, mas que nunca corram riscos. Essas expectativas, muitas vezes contraditórias, acabam gerando uma cobrança constante e irreal no comportamento dos nossos filhos. E o que acontece quando eles não se encaixam nesses padrões? Muitas vezes, recorremos a um “diagnóstico médico”, na esperança de que haja algo que “explique” o porquê de nossos filhos não serem perfeitos como imaginamos.

A busca pela perfeição e seus paradoxos

Essa busca pela perfeição se reflete em como lidamos com as habilidades e comportamentos das crianças. Um exemplo claro disso é como tratamos a criatividade. Criatividade exige liberdade, exige espaço para errar e para explorar. No entanto, ao tentarmos moldar nossos filhos em padrões rígidos de comportamento, acabamos minando a capacidade deles de criar e de imaginar.

Pense em uma criança que adora desenhar nas paredes. Para ela, aquilo é um momento de pura expressão artística e criatividade. Por outro lado, para os pais, muitas vezes, é apenas um problema que devem resolver. O que aconteceria se, ao invés de repreendermos, colocássemos uma cartolina na parede e déssemos liberdade para que ela desenhasse à vontade? Permitindo essa exploração, estaríamos nutrindo um talento e não bloqueando sua criatividade.

Outro exemplo: uma criança que gosta de correr e explorar. Em um restaurante, ela pode se levantar da mesa várias vezes porque, afinal, é difícil para uma criança pequena ficar sentada por muito tempo. Em vez de insistirmos que ela se comporte “como um adulto”, poderíamos considerar estratégias que respeitem sua natureza. Talvez um passeio breve antes da refeição ou um cantinho para brincar possa ajudar.

Esses pequenos ajustes não apenas aliviam o estresse dos pais, mas também mostram às crianças que elas podem ser quem são, sem a pressão de se encaixar em modelos irreais.

A busca pela perfeição e seus paradoxos – Imagem: Canva

O mito do “aluno perfeito”

Muitas vezes, nossa busca por perfeição está profundamente enraizada na nossa cultura e nas nossas experiências passadas. Crescemos acreditando que as crianças mais calmas, que tiram as melhores notas e seguem todas as regras, serão as mais bem-sucedidas no futuro. Mas será que isso é verdade?

Sempre gosto de perguntar: como está hoje o melhor aluno da sua escola? Ele é a pessoa mais bem-sucedida — emocionalmente e profissionalmente — que você conhece? A resposta, na maioria das vezes, é “não”. Isso porque sucesso não se mede apenas por boas notas ou por um comportamento impecável. Muitas das habilidades mais importantes para a vida, como criatividade, empatia, resiliência e capacidade de lidar com erros, não estão diretamente associadas ao que aprendemos em uma sala de aula.

A necessidade de diagnósticos para explicar por que nossos filhos não são perfeitos

Quando nossos filhos não atendem às expectativas, ou não nos parecem perfeitos, muitas vezes buscamos explicações externas para justificar isso. E, claro, em alguns casos, um diagnóstico médico é fundamental e pode mudar a vida de uma criança. Mas o que vemos atualmente é uma tendência de recorrer a diagnósticos para comportamentos que muitas vezes são simplesmente características normais da infância.

Por exemplo, uma criança inquieta na sala de aula pode ser vista como “problemática” quando, na verdade, ela simplesmente precisa de um ambiente mais dinâmico para aprender. Em vez de rotulá-la, que tal buscar uma escola que ofereça uma abordagem mais prática e menos centrada no ensino tradicional? Talvez essa mudança permita que ela se destaque em áreas que você nem imaginava.

Celebrando as diferenças – Imagem: Canva

Celebrando as diferenças

Precisamos, como pais, professores e sociedade, aprender a valorizar as diferenças. Admirar a criança que é criativa, que se expressa mais emocionalmente, que é mais agitada ou que pensa fora da caixa. Só poderemos construir um mundo melhor com pessoas diferentes, com habilidades únicas, que se complementam.

Imagine uma criança que ama dançar na chuva. Para ela, isso é diversão pura, é liberdade. Mas, como pais, muitas vezes nos preocupamos mais com a roupa molhada ou o medo de um resfriado. Que tal deixá-la dançar, viver aquele momento? Esse simples gesto ensina que a vidase faz de experiências, de momentos de alegria, e não apenas de regras. Sempre brinco dizendo que crianças são “laváveis”.

Ou pense em uma criança que não se adapta a uma escola muito focada em resultados acadêmicos. Você, como pai ou mãe, sabe no fundo que aquele ambiente não é para ela, mas teme mudar. Talvez uma escola que valorize o lado artístico ou as habilidades práticas seja a melhor escolha para ela florescer.

A mudança começa em nós

Se queremos que nossos filhos cresçam confiantes, felizes e realizados, precisamos ser a mudança. Dê espaço para que seu filho seja quem ele é, para que explore o mundo ao seu modo. Aceite que erros fazem parte do aprendizado e que, na verdade, são oportunidades de crescimento.

A próxima vez que seu filho quiser dançar na chuva ou pular em uma poça de lama, permita. Quando ele tiver dificuldades em uma atividade, ajude-o a encontrar uma abordagem diferente. Mostre que amor, paciência e compreensão são mais importantes do que seguir padrões ultrapassados.

Ao fazermos isso, não só criamos filhos mais seguros e realizados, mas também plantamos as sementes para um futuro mais compassivo e diverso. Afinal, o mundo não precisa de perfeição; precisa de autenticidade e de pessoas que se sintam livres para serem quem realmente são. E nossos filhos merecem isso.

Leia mais artigos da autora aqui.

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Isabella Martins

Ola! Meu nome é Isabella Martins e trabalho como Orientadora parental e como professora de educação infantil em Londres. Tenho três filhos adolescentes e moro fora do Brasil há dez anos. Já morei em Londres, Arábia Saudita, Singapura e agora retornei para Londres. Tenho a oportunidade de conhecer diversas culturas e o impacto delas na educação dos meus filhos e alunos. Sou apaixonada por educação e adoro explicar as etapas do desenvolvimento infantil. Faço atendimentos online em Português e Inglês. Acredito que criar relações de afeto melhoram as dinâmicas familiares e permite que tenhamos um lar onde a base seja o amor entre pais e filhos. Siga meu Instagram para mais informações: @isabellagmartins03 Vamos juntas?

Respostas de 3

  1. Adorei este teu texto Isabella. Faz-nos reflectir acerca daquilo que queremos para nós e para os nossos filhos. A busca da perfeição que não existe torna-nos ansiosos, exigentes demais, menos empáticos e menos presentes. Precisamos de aceitar a nossa imperfeição para também aceitarmos a dos nossos filhos. Precisamos a ser felizes na nossa imperfeição.

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