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Impactos da migração para quem vai e quem fica

Última atualização do post:

Impactos da migração
Histórias de uma família também marcada pela migração - Imagem: Arquivo Pessoal

Você já parou para pensar nos impactos de um processo de migração na vida de quem parte para viver uma experiência em um outro país? E já levou em conta também, como se sentem aqueles que ficam?! Talvez essa resposta esteja no crescente número de blogs e sites de pessoas que migram do seu país de origem e contam suas experiências. Esses relatos vêm se tornando uma rede de apoio para quem vivencia situações parecidas ou buscam auxílio para um processo de mudança futuro. Nós, aqui no blog Diário de uma Expatriada, fazemos isso também.

Migração rima com transformação

Certa vez, escrevi sobre esse tema no blog, relatando experiências sobre como mudar de país acaba por virar a nossa vida de cabeça para baixo. Sobretudo porque a gente precisa aprender um novo idioma, uma nova cultura, hábitos e costumes. Migração nem sempre é fácil, mas traz muitos aprendizados.

Contudo, raramente encontramos pessoas que falem sobre os impactos da migração na vida de quem ficou. Esquecemos que os que ficam precisam viver com a falta e a saudade dos que foram para longe. Você já pensou?

Eu tenho pensado muito sobre isso. Sinto muito por estar longe dos meus familiares, dos meus amigos, de não estar fisicamente em datas importantes, sejam elas alegres ou tristes. Sinto ainda mais por não possibilitar à minha família ampliada compartilhar esses momentos com o meu núcleo familiar, já que estamos do outro lado do Oceano Atlântico.

Vale dizer que a migração não é um fenômeno recente, muito pelo contrário, ela faz parte da história do Brasil.

Migração na história do Brasil

Migração é o movimento de mudança – interna, no mesmo país, ou externa, entre países. Sendo assim, imigrante é quem chega em um novo lugar e emigrante é aquele que sai. Lembremos portanto que a construção do Brasil foi marcada pelas inúmeras imigrações. Essas não ocorreram somente de forma voluntária, mas também forçada, sendo a entrada de tantos estrangeiros a responsável pela grande mistura da nossa população. Aos índios nativos, somaram-se os portugueses, os escravos africanos, os italianos, os japoneses, os alemães, etc.

Neste texto vocês encontram informações sobre a historia dos imigrantes no Brasil até os dias atuais.

As migrações internas também foram inúmeras e ainda acontecem. Vimos acontecer ao longo do tempo o movimento dos povos do Nordeste do Brasil para as regiões Sul e Sudeste em busca de melhores empregos. Todos os anos, pessoas se deslocam para os grandes centros em busca de uma universidade ou de um emprego. Contudo, as imigrações não são uma coisa do passado. Vale lembrar que recentemente, o Brasil recebeu uma enorme quantidade de imigrantes venezuelanos.

Enquanto houver desigualdade social no mundo, presenciaremos inúmeros fluxos migratórios, sobretudo das pessoas que estão fugindo de guerras, de perseguições políticas ou religiosas, da pobreza, etc.

A história da minha família também é marcada pela migração. Meus quatro avós são imigrantes italianos que, como muitos europeus, desembarcaram no Brasil com o sonho “di fare l’América” (de construir a América). A vida na terra da bota no início do século XX não estava nada fácil e eles acabaram por construírem suas vidas no Brasil.

Imigração e Expatriação

Imigração e expatriação não são sinônimos! Apesar de nos dois casos as pessoas terem mudado de país, os imigrantes o fazem pelos mais variados motivos. Por outro lado, os expatriados são funcionários de uma empresa, e que mudam de país por um período determinado, com um contrato de trabalho e com o suporte da empresa no processo.

Certa vez, ouvi dizer que as mulheres migram por amor, os homens por trabalho. E, olha que curioso!  Em uma busca superficial (sem o uso de nenhum tipo de metodologia científica) nos inúmeros grupos dos quais eu participo, o número de mulheres que foram expatriadas é zero. Ou seja, as mulheres mudaram de país ou porque são esposas de expatriados, ou porque se casaram com um europeu!

Migração e seus desafios
Reunião dos primos no Brasil em julho de 2019 – Imagem: Arquivo pessoal

Família que vai, família que fica

Independentemente dos motivos da mudança, mudar de pais exige a ressignificação do convívio e das tradições familiares. Este ponto tem sido a minha maior dificuldade! Apesar de os meios de comunicação facilitarem o nosso contato, nada substitui um abraço apertado, um beijo estalado, a conversa olho no olho, o toque confortante. 

Escolhi mudar e, no processo de elaboração de tantas faltas, cheguei à frase que é o meu lema de vida, minha motivação constante – “a cada escolha, inúmeras renúncias!” Desejei morar na Itália, para oferecer aos meus filhos uma vida com mais segurança em uma sociedade menos desigual. Por isso, em função dessa escolha, não consigo estar presente em tantos momentos especiais: a primeira comunhão dos meus sobrinhos, os 50 anos de casados dos meus pais, o aniversário de 70 anos da mamãe e o de 80 do papai.

Dar presentes não é ser presente

Tento me fazer presente, com presentes-surpresa, cartinhas enviadas pelo correio, “comfort foods”, aquelas comidinhas que acalmam o coração! Dar presente não é ser presente, mas é uma forma de demonstrar ao outro que ele estava em meus pensamentos e que, mesmo longe, lembrei daquela data.

Cresci em uma grande família, com muitos primos e a casa da vovó sempre cheia. Hoje, já adultos e com nossas famílias construídas, não nos encontramos mais com tanta frequência. Temos histórias em comum porque vivemos muitas coisas juntos e criamos inúmeras memórias afetivas.

Quais serão as memórias afetivas dos meus filhos com seus primos? Quais serão os vínculos entre meus filhos e seus avós? Por isso, desejo que os momentos na casa da vó sejam intensos o suficiente para deixarem suas marcas. Sem dúvida meu coração se enche de felicidade quando, aqui na Itália, eles relembram situações vividas com os primos ou comidinhas feitas pela vovó.

Ao escolher morar em outro país, precisei renunciar ao dia a dia em família, aos longos almoços de domingo, às dores e às delícias de estar próximo. Não é fácil! O mais difícil de tudo isso é saber que também não é fácil para quem ficou e eles não escolheram, mas tem que lidar com isso.

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Carla Bottino

Olá! Sou Carla Bottino, psicóloga, terapeuta de família e muito curiosa. Sempre gostei de ler sobre a cultura e em especial, sobre os hábitos, costumes e desafios de quem vive em outros países. Sou carioca, de descendência italiana e em 2017 embarquei para uma aventura ( que deveria ser de 8 meses) do outro lado do Oceano Atlântico, em Pádua na Italia. Sou mãe de filhos grandes – Mariana de 19 e Joao de 14 anos e nas minhas redes sociais conto sobre a vida nova no velho continente e trago algumas das minhas reflexões sobre os processos de mudança e adaptação.

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