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Inverno em Dubai: caminhar e pedalar

Última atualização do post:

Inverno em Dubai
imagem - Unsplah

Chegou novembro e esse é um dos melhores meses de se viver nos Emirados Árabes. Consideramos que o inverno aqui em Dubai, começa quando sentimos uma brisa fresca bater levemente – o friozinho de verdade só virá em dezembro. Durante o dia, a temperatura média é de 26 graus e, por um instante achei que estava na minha querida cidade de Fortaleza.

O clima vai melhorando e a gente vai esquecendo rápido do verão escaldante, que acabou no mês passado. Finalmente abri as janelas pela casa e, o ventinho me trouxe um gosto de liberdade, o de querer sair e ficar ao ar livre após meses de confinamento.

Fazer jardim-terapia 

Dubai
Observar a vida que acontece no meio das plantas – Imagem: Pexels

Desse modo, caminhar, pedalar ou somente sentar-se num gramado já vale. Vamos lembrar que nós como seres humanos, temos uma necessidade inata de nos conectarmos com a natureza. O meu encontro com a natureza acontece no meu jardim e, andando pelas ruas arborizadas perto de casa.

Costumo dizer que faço jardim-terapia durante as manhãs de inverno, o que começa após o café matinal. Durante alguns minutos, gosto de observar silenciosamente, o que passa no entremeio de folhas e galhos das plantas e árvores. Lá, há vida pulsando no zanzar de cada passarinho, que se junta com as abelhas e besouros, procurando abrigo. Em seguida, volto para dentro da casa em sintonia com o que há de bom em mim. Pronta para mais um dia.  

Uma beduína no pedal 

Ah! E o deserto de Dubai? Não o esqueci não. Ele também já foi natureza em mim. Estou distante dele, por enquanto, ando mais urbana, quero dizer mais bicho do mato que vive na toca da sua casa. Da última vez que o visitei, fui pedalar na pista de ciclismo em Al Qudra  – uma ciclovia que passa no meio do deserto, aqui em Dubai. Hoje, recordo de ter sentido uma paz que só o deserto traz no coração da gente.  

Suas dunas marrons se misturavam com as árvores baixas de um verde apagado e arbustos rarefeitos. O vento no rosto, céu azul, as gazelas vistas de longe e o principal: um silêncio que nos fazia calar e só escutar o barulho do pedal. Lembro que nada mais importava. Éramos eu, meu marido pedalando em um percurso de 50 quilômetros de encantamento com suor. O deserto me chamava a cada velocidade marcada – não tenho dúvida que devo ter sido beduína em outra vida.  

O caminhar diário 

Dubai
Em cada passo um olhar ao redor – Imagem: Pexels

Quando não estou no jardim, saio pelas ruas de árvores frondosas que margeiam os lagos artificiais do condomínio. Caminho ora pela sombra, ora pegando sol no rosto. No começo muitos pensamentos vão invadindo a minha cabeça e se misturando, até que minutos depois, escuto mais fortemente as minhas pisadas e começo a notar o que está à minha volta: crianças brincando, cachorro latindo e o barulho da fonte no meio do lago.  

Numa dessas caminhadas, lembro que passava por mim e sempre no mesmo horário, uma senhora em sua bicicleta. Enquanto ela pedalava, escutava sua música vinda do seu telefone acoplado no guidão, com um volume alto que me fazia escutar a melodia. Ela cantava baixinho e não estava nem aí para a opinião alheia. Vai ver que essa era a sua única atividade de contentamento do dia – o que passei a chamar de bicicleta-música-terapia. 

Por fim, vou ficando por aqui aproveitando o clima bom. Espero que você encontre um deserto para contemplar, bem como uma terapêutica diária, seja num jardim, pedalando ou através de qualquer outra forma que lhe faça conectar mais com você e a natureza ao seu redor. 

Alugue sua bicicleta e pedale contemplando o deserto. Como na ciclovia de Dubai Saiba mais.

Outras crônicas da autora. Clique aqui.

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Wiana

Passou pelo Canadá e Bahrein antes de firmar residência em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Escreve também literatura infantil, haicais e contos. É autora do “O Jardim da Lua" (finalista do Prêmio Jabuti 2022 na categoria ilustração) da editora Tigrito. "Sarah & The Pink Dolphin'' é seu primeiro livro bilíngue (inglês e árabe) publicado pela Nour Publishing. Participou do Festival de Literatura da Emirates Airline em 2019 com o livro: "Pepa e Keca em Quem viu rimas por aí?". Atualmente cursa a pós-graduação "O livro para a Infância: processos de criação, circulação, mediação contemporâneos" na A Casa Tombada. É parceira do clube de assinatura de livros infantis, A Taba, nos Emirados.

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