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Um passeio pelo emirado de Sharjah

Última atualização do post:

Sharjah
Passeando por Sharjah - arquivo pessoal

Era um dia de domingo. O verão no mês de setembro ainda marcava uma média de quarenta graus e eu me arrumava para um passeio. Junta com três amigas também escritoras: Zana, Veronika e Ladimari fomos visitar Sharjah. Cidade localizada a menos de uma hora de Dubai — declarada pela Unesco como a capital cultural do mundo árabe. O convite foi do Ahmed, um querido amigo emiradense que mora no emirado.

A princípio não tínhamos a menor ideia dos pontos turísticos a visitar. O nosso cicerone, só nos disse que iríamos nos seus lugares favoritos. Estávamos entusiasmadas.

À medida que deixamos Dubai, e percorríamos a Sheikh Zayed — rodovia que liga todos os emirados — a paisagem através da janela do carro se modificava. Os arranha-céus começavam a ficar para trás. Por um instante, tive a sensação de atravessar um portal imaginário. Nas ruas, os prédios baixos e antigos com suas cores de areia tomavam conta. Parecia que voltávamos no tempo.

emirado de Sharjah
Nós quatro com o Ahmed no Souq Shanasiyah e à direita o Hotel The Chedi Al Bait.
Fotos: arquivo pessoal.

Chove chuva

Primeira parada. Estacionamos o carro e logo depois nos encontramos com o Ahmed na bilheteria do Rain Roomtraduzindo livremente: Sala da Chuva. Você entra num quarto escuro, silencioso e com a água caindo do teto. A atração é andar o mais devagar possível passando pelo meio de uma chuva artificial mas sem se molhar. Não sentimos os pingos por conta dos sensores que monitoram os movimentos. Se andar rápido você se molha — achei genial! Esse espaço foi um refresco não só para espantar o calor, mas para relaxar os sentidos.

Ao chegar a minha vez, fechei os olhos por alguns segundos e fui caminhando sem pressa com meus pensamentos. Há muito tempo não me encontrava com a chuva, ela é coisa rara por aqui. Lembrei da minha infância na Amazônia onde chover era tão trivial.

A gente sai de lá calminha e numa paz só. Uma sala meditativa. Poderíamos ter ficado muito mais do que os dez minutos permitidos.

Museu e hotel The Chedi Al Bait

Continuamos então o passeio guiadas pela hospitalidade do Ahmed, que por sinal é um falante de português. Ele é um poliglota incrível. Autodidata, aprendeu mais outras sete línguas sozinho ao fazer aulas virtuais. Disse que estudou português pelo YouTube. Quando iniciávamos uma conversa em inglês, de repente ele nos interrompia para continuarmos na nossa língua materna.

Em seguida paramos em um hotel muito charmoso, o The Chedi Al Bait, no coração de Sharjah. Pois ele queria que conhecêssemos esse lugar emblemático, por ter sido no passado a residência da família dos Al Midfa — antigos caçadores de pérolas. Parte dos cômodos da habitação foram transformados em um museu aberto ao público.

Um labirinto cheios de surpresas. Passamos os olhos atentos na decoração típica de uma casa árabe antiga. Apreciamos a torre de vento, os arabescos encravados na portas de madeira e os tapetes estampados.

Nas paredes, fotos em preto e branco da família e no chão as almofadas no majils. As luminárias de bronze davam um toque no corredores próximo a elegante bibliotecaAs roupas tradicionais e o esplendor das pérolas exibidas no museu nos enchiam de curiosidade.

Compras no Souq Al Shanasiyah

Ao sair do museu, passamos pelo Souq Al Shanasiyah. Souq quer dizer mercado em árabe, um espaço para compras de lembrancinhas, echarpes coloridas, joias e bugigangas. Lá, fizemos uma parada para almoço no Arabian Tea House. O primeiro restaurante dos Emirados a servir uma comida baseada nos pratos de receitas das famílias locais.

O Ahmed, o nosso anfitrião, fez questão de selecionar os pratos no menu. Enquanto o pedido não chegava, tomamos um café árabe, o Qahwa, aromatizado com cardamomo ao degustar as tâmaras frescas.

Saboreamos um prato de carneiro cozido chamado de Saloona Laham, de carne macia e deliciosa. O açafrão no arroz de camarão, Machboos Robyan, nos lembrava que vivíamos no Oriente. O Samak Mashwi, peixe grelhado era tão apetitoso quanto o que já havíamos experimentado.

Para finalizar, as sobremesas. A popular Leqaimat, parecia com o bolinho de chuva brasileiro e Khabisah, um pudim de gosto único, feito de semolina.

Última parada: House of Wisdom

emirado de Sharjah
Biblioteca House of Wisdom e a escultura em espiral. Acervo: Pexels

Deixamos o souq com o doce das tâmaras na boca e o cheiro do cardamomo. Seguimos o carro do Ahmed indo em direção à biblioteca: House of Wisdoma Casa da Sabedoria.

No caminho, passamos por uma larga rodovia cercada de verde canteiros. Um contraste no meio daquela paisagem marrom e de céu esbranquiçado. Já não víamos mais o centro histórico de Sharjah.

Na entrada do lado de fora da biblioteca, uma enorme escultura em espiral que gira em direção ao céu, uma referência extraordinária aos antigos pergaminhos árabes — trabalho do artista britânico Jerry Judah. De dentro, admiramos a sua arquitetura contemporânea e o jardim de inverno. Eram mais de cem mil livros armazenados nas suas inúmeras prateleiras. Estávamos no paraíso. Por onde passávamos nos misturávamos aos leitores ali presentes. Aliás aproveitamos a ocasião para fazer uma doação dos livros de nossa autoria.

Por fim, depois dessa visita especial e guiada pelo o amigo emiradense, um pouco de nós já se encontra em Sharjah. E não tenho dúvida que as lembranças desse passeio ficarão guardadas para sempre dentro de cada uma de nós. Gratidão ao Ahmed pela companhia agradável e generosidade em abrir os portões da bela Sharjah para nós.

”nas ruelas
andando e deixando pra trás
as cores do Oriente”

Haicai – Wiana Kell

Portanto se desejar conhecer mais de Sharjah basta visitar esse link: Visitsharjah.com

Além disso nesse link você encontra também os eventos culturais que estão tendo em Sharjah: Sharjahevents

Cliquem aqui para mais textos da autora

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Wiana

Passou pelo Canadá e Bahrein antes de firmar residência em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Escreve também literatura infantil, haicais e contos. É autora do “O Jardim da Lua" (finalista do Prêmio Jabuti 2022 na categoria ilustração) da editora Tigrito. "Sarah & The Pink Dolphin'' é seu primeiro livro bilíngue (inglês e árabe) publicado pela Nour Publishing. Participou do Festival de Literatura da Emirates Airline em 2019 com o livro: "Pepa e Keca em Quem viu rimas por aí?". Atualmente cursa a pós-graduação "O livro para a Infância: processos de criação, circulação, mediação contemporâneos" na A Casa Tombada. É parceira do clube de assinatura de livros infantis, A Taba, nos Emirados.

4 respostas

  1. Sou super fã do Ahmed, ele é incrível e atencioso.
    Parabéns por terem sua companhia nessa linda visita.

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