A sensação de “casa” vai, sem dúvida alguma, além de um lugar físico. Ela é composta de memórias, de experiências e, muitas vezes, de um sentimento profundo de pertencimento. No entanto, para quem decide morar fora, a dúvida de onde realmente nos sentimos em casa surge de maneira constante. Será que é no país onde moro agora, ou será que o Brasil ainda mantém esse título, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância?
Quando cheguei na Holanda, uma parte de mim se sentiu vazia. A saudade de tudo o que deixei para trás parecia pesar, e o novo lugar, tão diferente, não preenchia esse vazio imediatamente. Não se tratava apenas de uma saudade física do Brasil, mas da ausência de um ambiente familiar e acolhedor, do jeito caloroso das pessoas e dos momentos simples que definem o lar. No Brasil, casa não é apenas um lugar, mas um sentimento, algo que se carrega no coração. Mas, quando estamos longe, essa sensação parece escorregar pelas mãos, e nos vemos buscando desesperadamente algo que nos faça sentir que pertencemos ali.

A sensação de perda de identidade quando nos sentimos fora de casa
Ao longo dos meses, percebi algo mais profundo: não era apenas a saudade que me consumia, mas a sensação de perda de identidade. Ao estar distante do Brasil, de tudo o que conheço, comecei a questionar quem eu era sem a cultura, a língua, e os costumes que sempre moldaram minha vida. A Holanda, com sua organização e frieza, me ofereceu uma oportunidade de reinvenção, mas também me trouxe um vazio. Acima de tudo, a falta de amizade genuína, a saudade dos encontros despretensiosos, das conversas longas com amigos, das festas cheias de risos e risadas, fez com que me sentisse, muitas vezes, desconectada. O que significa ser “eu” sem as referências que formam minha identidade?
Essa sensação de desconexão e perda de identidade é algo comum entre os expatriados, especialmente em um novo país. Além disso, a dificuldade de encontrar amizades verdadeiramente genuínas e a saudade daquelas que deixamos para trás podem afetar nossa sensação de pertencimento e bem-estar.
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Adaptação e a oportunidade de reinvenção
No entanto, ao mesmo tempo, essa experiência trouxe consigo uma grande oportunidade de reinvenção. Quando você é colocado à prova, longe de sua zona de conforto, tem a chance de explorar novas possibilidades, descobrir forças internas que talvez você não soubesse que tinha. Quando você decide morar fora, é quase inevitável se reinventar. Na Holanda, construí uma nova rede de amigos mas não iguais às que tinha no Brasil, aprendi a lidar com a solidão e, aos poucos, encontrei meu próprio caminho. A mudança de ambiente me levou a um processo profundo de autoconhecimento, me fez refletir sobre quem eu realmente sou e do que precisava para me sentir em casa.
A Importância de nos sentirmos em casa onde moramos
A saúde mental é, sem dúvida, uma das maiores preocupações para quem vive longe de casa. Sentir-se em casa no lugar onde moramos tem um impacto profundo no nosso bem-estar. Quando estamos distantes de nossas raízes, a sensação de pertencimento e conexão com o novo ambiente pode ser essencial para nossa adaptação. Ao me permitir criar novos rituais, aprender com a cultura local e investir em novas amizades, encontrei a sensação de “casa” que parecia tão distante no início.
A chave para essa adaptação, e talvez a maior lição que aprendi, é que não se trata de escolher entre Brasil e Holanda. “Casa” é um estado emocional, uma criação contínua de conexão, onde aprendemos a nos sentir bem com o que temos ao nosso redor, onde aceitamos que podemos ter raízes em mais de um lugar. É possível criar um lar no lugar onde moramos, mesmo que ele seja diferente do que imaginávamos. O importante é se sentir em paz e bem com esse novo lar.
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Conclusão
Acredito que a casa não é um único lugar. Ela é construída a partir da nossa capacidade de nos adaptarmos, de nos reinventarmos e de encontrarmos um espaço onde possamos ser nós mesmos. No Brasil, deixei minhas raízes, mas na Holanda, plantei novas sementes. A saudade, a perda de identidade e a dificuldade de fazer novas amizades são desafios reais, mas também são oportunidades de crescimento e de redescoberta. E, no fim das contas, “casa” é onde conseguimos nos encontrar, onde conseguimos construir nossa paz interior, mesmo nos momentos de incerteza.
Resumo
A sensação de “casa” vai além de um endereço físico. Para muitos expatriados, a adaptação a um novo país traz consigo a saudade, a perda temporária da identidade e a dificuldade de encontrar amizades genuínas. No entanto, essa experiência também oferece a oportunidade de reinvenção. A chave para encontrar um lar em um novo lugar é criar conexões, respeitar o processo de adaptação e entender que “casa” é onde encontramos nossa paz interior. Em minha experiência, aprendi que a casa é onde encontramos nossa paz interior, seja no Brasil ou na Holanda, e que podemos criar raízes em mais de um lugar.
About The Author
Gabi Lodewijks
Sou Gabi Lodewijks, gaúcha, casada, mãe de dois filhos. Moro na Holanda há mais de 15 anos e há pouco mais de 8 anos sou Mentora de Desenvolvimento Pessoal e Carreira para mulheres. Criei um método chamado Desbloqueie o Seu Potencial onde abordo os 5 Pilares da Inteligência Emocional para alcançar o sucesso na vida pessoal e profissional.
Comecei minha vida de expatriada vendendo picanha na Holanda, Bélgica e Alemanha, lecionei Português, me formei em Nutricao e em PNL e no meio disso tudo vivia um relacionamento tóxico que foi superado com PNL, uma grande vitória!
Além das mentorias em grupo, trabalho com mentorias individuais e palestras sobre Inteligência Emocional e Mercado de Trabalho .